O Farol faroleiro

(divulgação)

‘O Farol’ | CRÍTICA

Alvaro Tallarico

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1 de janeiro de 2020

O Farol (The Lighthouse) tem cara de cinema antigo. Inclusive, para deixar isso bem claro, foi filmado em 35 milímetros e em preto e branco, remetendo diretamente aos filmes do antigo cinema mudo e ao expressionismo alemão.

https://www.youtube.com/watch?v=QHnUG_SIYYo&t=2s

A princípio, a trama se passa no início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe, em assustadora atuação), é o repugnante responsável pelo farol de uma ilha isolada. Então, acaba por contratar o jovem Ephraim Winslow, que tem alguns segredos no bolso (vivido muito bem por Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e realizar as tarefas diárias.

Entretanto, Thomas é ciumento com o farol, o qual é mantido fechado ao novato. Logicamente, Winslow vai ficando cada vez mais curioso com aquele espaço. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele farol, ao mesmo tempo em que alguns fenômenos estranhos começam a acontecer.

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Robert Eggers

A saber, o diretor Robert Eggers ficou famoso e ganhou um aura cult com ‘A Bruxa’ e traz agora mais um filme repleto de simbologias de diversos mitos e lendas. Sereias, Krakens, Poseidon, Davy Jones. Tudo ligado ao mar, claro. Thomas é uma espécie de Ahab. O isolamento não faz muito bem àqueles homens e o caminho até o enfrentamento de seus próprios medos é uma descida sem volta.

Logo no início, uma cena em que os dois personagens olham diretamente para o público. O canto da sereia envolve o lenhador que quer virar faroleiro. A sensação que o diretor passa para o espectador é de que estamos presos junto com aqueles homens, em uma ilha no meio do nada, sem noção do tempo.Um suspense que assume ar de terror. O Farol assume uma batalha pelo poder fálico.

Bergman

Ademais, o filme de Eggers brinca também com referências ao cinema clássico de Ignmar Bergman, além de temas da mitologia grega, como Prometeu. Aliás, O Farol, como muitos filmes artísticos, depende da interpretação dos espectadores. O público deve entrar e sair com a mente aberta, dando tempo para formar uma opinião e digerir o que foi visto.

Enfim, “Pneu furou, acendo o farol”, diria Tim Maia, que provavelmente, não iria gostar dessa película. Contudo, dotado de imagens visualmente deslumbrantes, excelente iluminação e contrastes pontuais, o longa-metragem tem proporções épicas. Por fim, a cena que encerra fica na cabeça, a vingança da natureza. A vida? É incerteza.

*FILME VISTO NO FESTIVAL DO RIO 2019

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=rwExUiQzCD0

:: FICHA TÉCNICA

Título original: The Lighthouse
Direção: Robert Eggers
Elenco: Robert Pattinson, Willem Dafoe
Distribuição: Vitrine Filmes
Data de estreia: qui, 02/01/20
País: Estados Unidos, Canadá
Gênero: suspense, terror
Ano de produção: 2019

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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