“O Mágico de Oz”: em cartaz e imperdível
Stenlånd Leandro
O mágico de Oz encanta gerações em grande peça de teatro
A história da garotinha do Kansas que fugiu de casa em busca de um mundo além do arco-íris é apresentada de forma divertida e inovadora no teatro João Caetano, Rio de Janeiro. Moeller & Botelho, consagrados nomes do nosso teatro, trouxeram a história de uma forma nunca apresentada antes! Oz ganha aspéctos da nossa cultura e da atualidade, o que traz os personagens do livro de L. Frank Baum a um Brasil em 2012.
A doce e meiga Dorothy de Malu Rodrigues encontrou três amigos e diversos personagens que a ajudaram em sua jornada pelos tijolos amarelos, mas quem rouba a cena nos palcos de Oz é a talagarela bruxa, que não apenas é malvada, mas irônica e engraçada. Os soldados do castelo da bruxa são outro diferencial na peça, estes com uma repetida marchinha levam a platéia a acompanhar nas palmas o ritmo. É uma história para rir, brincar, bater palma, colocar o sapatinho de rubi e voltar a ser criança por algumas horas.
Seja em suas versões cinematográficas, diferentes versões do livro, nos grandes teatros ou nas pequenas peças de escola, não há quem não tenha escutado a história pelo menos uma vez na vida. A história infantil acompanha por gerações crianças de todas as idades e é um marco na literatura em todo mundo. Esta releitura brasileira dos mestres Moeller & Botelho é menos conservadora e mais livre em seu vocabulário, piadas e na forma de contar a história, levando-a mais para o lado cômico. Mas mesmo assim não deixa de carregar em si a moral da história: “Não há melhor lugar que o nosso lar”.
Em destaque pelo Blah
MALU RODRIGUES brilha no papel de Dorothy Gale, desta vez em uma fase mais adolescente. A atriz se mostra meiga e doce, mas deixou algo a desejar no palco. Dorothy é uma personagem melosa e dramática. Ao ser vivida na pele da atriz Judy Garland em 1939, Judy soube explorar cada carga emotiva presente na personagem, o que faltou na atuação de Rodrigues. Porém, justamente por Malu encarar uma personagem vivida uma vez por Judy Garland, foi um grande desafio para a jovem atriz, que em seu próprio jeito de ser, encantou a platéia.
PIERRE BAITELLI, o espantalho sem cérebro, possui sotaque caipira. É humilde e troca as palavras e letras. O melhor amigo de Dorothy com certeza abusou da criatividade dos escritores e arranca grandes risadas de seu público. Ele nos lembra um tio do interior, com sua simplicidade, amizade e bom humor. O ator Baitelli também pegou um grande desafio pela frente, considerando que o papel de espantalho foi interpretado nas telonas um dia por Ray Bolger, ator, dançarino e famoso no cinema pelo seu lado cômico e seus números de sapateado. Ray Bolger conseguia ser mais “trapalhão” em sua atuação, porém nosso espantalho não deixou nada a desejar também! Baitelli cativou o público com suas falas e piadas.
MARIA CLARA GUEIROS recebeu merecidamente o maior número de aplausos da platéia. A equipe do Blah a aplaudiu de pé! A comediante na pele da bruxa má do oeste foi uma combinação perfeita! A vilã da história não é apenas má, mas cômica, levando o público a dar longas risadas durante a peça. Maria Clara Gueiros foi natural, engraçada e tagarela, sua atuação foi distinta e levou uma característica nova para a bruxa má! Arriscamos dizer que as crianças se divertiram com a malvada bruxa no lugar de sentir medo!
LÚCIO MAURO FILHO não demonstrou medo ao entrar na pele do leão covarde, o tirar do armário e invadir o palco! No filme o lado gay do leão é mostrado de forma mais modesta e implícita, apenas com um lacinho na cabeça. Já o leão de Lúcio Mauro Filho é mais moderno, exagerado e “cara de pau”. O leão com toda certeza foi mais um ponto alto da peça. Apenas sentimos falta do lacinho!
Pequenas curiosidades:
* A versão memorável e atemporal é a cinematográfia de 1939. Esta foi produzida pelo maior estúdio da época, Metro-Goldwyn-Mayer, e rendeu o merecido oscar de melhor atriz à Judy Garland, consagrada atriz que aos 16 anos vivia Dorothy Gale nas telonas.
* “O mágico de Oz” de 1939 foi a grande influência para Moeller & Botelho na peça.
* O elenco da peça conta com duas cadelinhas, ambas no papel de Toto. No filme de 1939 também foi usado uma cadela para fazer o papel do cachorrinho de Dorothy.
* A atriz e cantora Judy Garland, além de se tornar a eterna Dorothy, marcou a canção “Somewhere over the rainbow”, lembrada principalmente em sua voz. Miss Garland carregou a canção em seu repertório por toda sua vida.
* Enquanto no filme de 1939 tudo não passa de um sonho de Dorothy, na versão teatral a garotinha do Kansas encerra a peça em seu quarto, porém com os sapatinhos de rubi nas mãos. Assim nos faz pensar: tudo não passou de um sonho, mas quem disse que sonhos não podem ser reais?