Os Jovens Baumann

‘Os Jovens Baumann’ | CRÍTICA

Karinna Adad

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18 de setembro de 2019

Observando o trailer de Os Jovens Baumann, percebemos a confluência de uma atmosfera de suspense e de uma temática que trata do desaparecimento inexplicável de um grupo de jovens. Tais elementos tendem a cativar e intrigar em especial o público mais novo. No entanto, no caso desse filme, a ida ao cinema pode acabar sendo frustrada.

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Nada de cenas óbvias de susto e medo forçado

Não que a obra não envolva os tais elementos citados. Contudo, o que ocorre de diferente é a forma como eles são explorados. Ao contrário do que se poderia esperar de um filme de suspense com temática mais juvenil, Os Jovens Baumann não desenvolve e entrega uma tensão explícita, marcada por cenas óbvias de susto ou por uma narrativa que tente amedrontar.

Primor estético

Na verdade, o suspense vem mais pelo primor estético empregado. Contrapondo cenas no formato VHS, criadas durante um período de férias dos primos Baumann no sítio da família, a cenas atuais do mesmo lugar, tendo ao fundo a narração da principal – e única – interessada em encontrar respostas para o desaparecimento dos jovens, o filme constrói uma aura de mistério a partir do passado caracterizado pela presença e do presente marcado pela ausência. Nesse sentido, é interessante notar como a presença dos jovens é sempre permeada pelo movimento: seja quando tomam banho no lago ou apostam corrida no cafezal ou até quando conversam ou observam a paisagem. Por outro lado, após o desaparecimento, apenas o que se observa são os vazios e a estabilidade de uma paisagem que parece ter parado no tempo.

Os Jovens Baumann (3)

Naturalidade das interpretações

Outro componente estético que contribui para a atmosfera de mistério, bem como gera uma certa sensação de intranquilidade, é a presença de cenas rebobinadas que mostram os jovens dançando ou correndo de trás para a frente. Esse tipo de efeito é uma das acertadas escolhas feita pela diretora, Bruna Carvalho Almeida, na medida em que consegue criar suspense lançando mão de um recurso barato, incomum e que causa incômodo. Contribuindo para o quesito economia cinematográfica, mas que geram resultados proveitosos, está a interpretação, que muitas vezes parece não seguir roteiro. Assim, a naturalidade que acompanha as falas, os diálogos e os gestos dos atores é eficiente em construir e aguçar uma percepção de realidade que diversas vezes nos leva a esquecer que se trata de uma obra ficcional e que esses jovens de fato não existiram.

Diferente de outros filmes do gênero que se comprometem a entregar ao espectador um desfecho que explique toda a trama, isso não ocorre em Os Jovens Baumann. O compromisso do filme é outro. Os momentos entre os primos não é marcado por nenhum grande drama pessoal ou família. Pelo contrário. Presenciamos cenas em sua maioria alegres. Não há discórdia entre os oito jovens e a convivência parece harmoniosa, tornando o espectador ainda mais intrigado e tentado a questionar: por que então esses jovens desaparecem?

Sem respostas

Enfim, apesar da premissa do filme ser em torno do desaparecimento dos Baumann e da busca por respostas, Bruna Carvalho Almeida não parece comprometida com o esclarecimento do mistério. O que importa não são as respostas, ainda mais quando não apenas a família, mas também a polícia, se mostram satisfeitas com a falta delas. Relevante para a narradora – e assim parece ser para o espectador – é se contentar com o fato de que, às vezes, não se acham conclusões.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Os Jovens Baumann
Direção: Bruna Carvalho Almeida
Elenco: Isabela Mariotto, Julia Burnier, Julia Moretti
Distribuição: Vitrine Filmes – Sessão Vitrine
Data de estreia: qui, 19/09/19
País: Brasil
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos

Karinna Adad

Tranquila, mas multitarefada. Sou daquele tipo de pessoa que sempre está fazendo alguma coisa e descobrindo outras tantas pelo caminho. Topo qualquer parada desde que tenha prazer nela e uma das que por mais tempo vem me enchendo de alegria é a escrita. E como boa leitora consigo escrever sobre quase qualquer coisa, por mais que, como uma cientista social em formação, não consiga deixar de fazer agir meu raio problematizador nos meus textos.
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