Paixão Sufocante crítica do filme francês da Netflix 2022

Foto: Netflix / Divulgação

‘Paixão Sufocante’ é um bom exemplar de uma direção autoral

Wilson Spiler

|

9 de setembro de 2022

Em Paixão Sufocante (Sous Emprise), novo filme francês que acaba de chegar à Netflix, a estudante Roxana Aubry (Camille Rowe) conhece o campeão mundial de mergulho livre Pascal Gautier (o rapper Sofiane Zermani) durante curtas férias no sul da França, e se apaixona imediatamente.

A jovem, então, interrompe seus estudos em Paris para ficar ao lado do mergulhador, que lhe apresenta ao mundo do esporte radical, tão fascinante quanto desafiador. Os dois começam a participar de diversas competições pelo mundo e ir ao extremo dos limites físicos que a atividade exige.

Leia também:

‘Diorama’ é uma pequena joia na mesmice do catálogo da Netflix

‘Ingresso para o Paraíso’, a linguagem do amor em suas variadas formas

‘HollyBlood’ é ruim, mas pode divertir com muita boa vontade

A história real de Paixão Sufocante

Com um visual arrebatador da Riviera Francesa, Paixão Sufocante conta a história de um amor profundo e destrutivo entre uma jovem talentosa e seu instrutor de mergulho livre. O longa é inspirado na história real de Audrey Mestre (1974-2022), que conheceu o mergulhador Francisco “Pipín” Ferreras em 1996. Eles desenvolveram um relacionamento e Mestre logo se mudou para Miami, na Flórida, para morar com ele.

Lá, ela começou a praticar mergulho livre sério e, com Ferreras como seu instrutor, logo atingiu profundidades recordes. Em 1999, os dois aficionados por mergulho se casaram e, no ano seguinte, na costa de Fort Lauderdale, Audrey Mestre quebrou o recorde mundial feminino ao mergulhar livremente a uma profundidade de 125 metros (410 pés) em uma única lufada de ar. Um ano depois, ela quebrou seu próprio recorde, descendo para 130 metros (427 pés).

Em outubro de 2002, Mestre morreu em uma tentativa inicial de quebrar o recorde mundial de mergulho livre de 160 metros sem limites que Tanya Streeter havia estabelecido algumas semanas antes em 17 de agosto de 2002 (na época este era o recorde oficial da AIDA para homens e mulheres).

Como foi o acidente com Audrey Mestre?

Em 4 de outubro de 2002, com uma equipe de mergulho sob a supervisão de seu marido, ela fez um mergulho prático na praia de Bayahibe, na República Dominicana, a uma profundidade recorde de 166 metros (545 pés). Depois de mais práticas de mergulho profundo, no dia 12 de outubro, a jovem se preparou para tentar atingir 171 metros. Ao conseguir, ela abriu a válvula do tanque de ar para inflar a bolsa de elevação que a elevaria rapidamente à superfície, mas o cilindro não tinha ar.

Um mergulhador de resgate chegou e inflou a bolsa de elevação com seu suprimento de ar, mas a bolsa não subiu rápido o suficiente. Um mergulho que não deveria ter durado mais de três minutos resultou em que ela permanecesse submersa por mais de oito minutos e meio. Quando seu marido colocou o equipamento de mergulho e mergulhou para trazer seu corpo inconsciente à superfície, era tarde demais e ela foi declarada morta em um hospital em terra.

Críticas de especialistas

O mergulho foi controverso e fortemente criticado, pois a configuração não correspondia aos padrões comuns de segurança de mergulho livre. Grande parte da crítica da comunidade de mergulho teve como alvo seu marido Ferreras, que havia apressado uma organização subfinanciada para esta tentativa de recorde. A tentativa havia sido previamente planejada para uma data posterior, com poucos mergulhadores de segurança, equipamentos de resgate insuficientes e nenhum médico no mar ou na costa.

Ferreras era o responsável pelo tanque de ar do lift bag de Mestre e não permitia que nenhum membro da equipe verificasse se o equipamento havia sido carregado. Embora ainda tivesse pulso na superfície, não havia médicos disponíveis para socorrer a mergulhadora quando ela retornou à superfície quase nove minutos depois. Isso desperdiçou tempo em seu auxílio, sendo impossível recuperá-la.

Tema influente

Esta não é a primeira vez que o cineasta aborda relacionamentos tóxicos em seus trabalhos. Em 2015, dirigiu o filme O Cara Perfeito, no qual uma mulher encontra um companheiro que parece perfeito em todos os sentidos, mas, ao longo da trama, seu novo amante revela gradualmente sua violência e seu ciúme patológico. O tema parece uma espécie de obsessão do diretor, que também tem experiência com suspenses psicológicos.

Rosenthal, assim, une duas de suas abordagens preferidas em Paixão Sufocante, contando uma história que tinha tudo pra se tornar um conto de fadas em praticamente um filme de terror. O título em português, apesar de bom, não traduz exatamente o que o nome original da obra quer dizer: “Sous Emprise” significa “Sob a influência”, algo pelo qual, de fato, a personagem Roxana passa durante toda a projeção.

Dedo do diretor

À medida em que a protagonista vai se destacando no mundo do mergulho livre, Pascal, que sofre um acidente e não consegue mais atingir suas metas, vai se afogando em ciúmes e inveja do sucesso da amada. E, dessa forma, o relacionamento vai se afundando cada vez mais. Só que Roxana não consegue emergir à terra plana e vai ficando cada vez mais imersa em tristeza, depressão e dúvidas sobre seu futuro.

O roteiro, embora, não traga grandes novidades, é bem auxiliado pela direção experiente de Rosenthal, que usa e abusa de uma fotografia impactante, takes inusitados e uma câmera inquieta para inserir o espectador no contexto da trama. As cenas debaixo do oceano são de tirar o fôlego, e a compulsão de Pascal por recordes e treinamentos exaustivos é vista até durante o sexo com Roxana, quando o mergulhador a estrangula para ver quanto tempo ela aguenta.

São nesses pequenos detalhes que Paixão Sufocante se diferencia de outras produções dramáticas. Além disso, o texto sai da mesmice que outros filmes do gênero acabam caindo, demonstrando o relacionamento abusivo de forma metódica e didática. Um bom exemplar de uma direção bem-feita.

Onde assistir ao filme Paixão Sufocante?

A saber, Paixão Sufocante estreou nesta sexta-feira, 9 de setembro de 2022, no catálogo da Netflix.

Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:

https://app.orelo.cc/uA26

https://spoti.fi/3t8giu7

Trailer do filme Paixão Sufocante, da Netflix

Paixão Sufocante: elenco do filme da Netflix

Camille Rowe

Sofiane Zermani

César Domboy

Ficha Técnica do filme Paixão Sufocante, da Netflix

Titulo original do filme: Sous Emprise

Direção: David M. Rosenthal

Roteiro: David M. Rosenthal

Duração: 118 minutos

País: França

Gênero: romance dramático

Ano: 2022

Classificação: 16 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
4

Créditos Galáticos: 4

O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman