Pré-estreia de ‘A memória que me contam’ no IMS
Alan Daniel Braga
Na noite deste sábado (08/06), o Instituto Moreira Salles recebeu a diretora Lúcia Murat para a pré-estreia de seu novo longa-metragem, “A memória que me contam“. O filme é um “drama irônico sobre utopias derrotadas, terrorismo, comportamento sexual e a construção de um mito”. Na trama, um grupo de velhos amigos, opositores e resistentes à ditadura militar, e seus filhos vivem o conflito entre o cotidiano de hoje e o passado, enquanto um deles está à beira da morte.
A sessão foi aberta ao público e foi seguida de um debate sobre a produção, conduzido pelo jornalista, crítico, escritor e curador José Carlos Avellar. Na plateia, amigos, contemporâneos e jovens adoradores da sétima arte. Como não poderia deixar de ser, o principal tema em pauta foi o Governo Militar, a tortura, a vida daqueles que sobreviveram e a relação com as novas gerações. Lúcia Murat, que recentemente esteve na Assembleia Legislativa do Rio, dando um emocionado e emocionante testemunho para a Comissão Estadual da Verdade, mostrou o quanto o filme tem de pessoal. Embora traga narrativa e personagens fictícios, a inspiração é diretamente relacionada a tudo o que a diretora e um grupo real de amigos dela viveram.
Em meio a elogios do público, um dos participantes do debate chamou a atenção para a nova forma – mais poética e menos crua – como o passado e a vida atual de ex-militantes políticos estão sendo mostrados nas telas. O filme “Hoje“, de Tata Amaral, foi lembrado como uma obra que dialoga diretamente com esta, abordando o mesmo tema, de uma maneira semelhante. Lúcia afirmou que, embora o filme tenha um importante papel neste momento, em que o assunto volta à pauta política do país, ele realmente não foi idealizado com o intuito de defesa ou resposta. Filmado há dois anos, roteirizado desde 2008, a obra é o resultado de um desejo de mais de 20 anos de levantar este emaranhado de questões e reflexões que perpassa as duas gerações ao longo deste tempo. Um emaranhado de memórias traduzido no filme com uma estética muito própria. A “água que embaça o vidro”, portanto, não é uma tentativa de Lúcia Murat em abrandar a realidade de horror para o espectador, mas reflete a necessidade que muitos sentem de deixar a memória mais turva para seguir vivendo.
“A memória que me contam“, título inspirado em uma frase de uma amiga da diretora, a quem à memória o filme é dedicado, estreia nos cinemas na próxima sexta-feira, dia 14 de junho.
Para mais informações sobre o filme, acesse o site ou a página do Facebook.