RESENHA | ‘Psicose’, de Robert Bloch, tem trama tão aterrorizante quanto o filme

Alyson Fonseca

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18 de novembro de 2016

Robert Albert Bloch (1917 – 1994) foi um conceituado escritor e roteirista norte-americano, conhecido como um autor prolífico no gênero da ficção científica. Robert Bloch foi por diversas vezes agraciado, tendo recebido um Prêmio Hugo, um Bram Stoker Award e um World Fantasy Award. Chegou a ser presidente, de 1970 a 1971, da Mistery Writers of America e foi membro da Science Fiction and Fantasy Writers of America. Teve como mentor H.P. Lovecraft, um dos mestres das histórias de horror e mistério, grande incentivador do trabalho de Bloch, com quem chegou a trocar cartas, além de ter sido um dos mais jovens membros do Lovecraft Circle, círculo de amigos do escritor. Seu romance de horror mais conhecido foi Psicose (1959), tendo sua obra adaptada para o cinema pelo aclamado cineasta Alfred Hitchcock, a partir de um argumento escrito pelo próprio escritor. Em 23 de setembro de 1994, aos 77 anos, Robert Bloch, faleceu em decorrência de um câncer. É justamente seu mais famoso livro, Psicose será resenhado nesta matéria.

Psicose (Psychoainda permanece como uma das mais memoráveis experiências de leitura que qualquer fã do gênero de terror pode, eventualmente, sofrer. Após 50 anos da publicação no Brasil, em 2013 a DarkSide® Books presenteou seus fãs, adquirindo os direitos de publicação e levando ao mercado nacional um produto de ótima qualidade, já que em matéria de projeto gráfico, a editora oferece o que há de melhor para os seus leitores.

O livro foi baseado no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein, que vivia a apenas 65 km do autor. Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas.

Uma curiosidade envolvendo o livro é que Alfred Hitchcock adquiriu anonimamente os direitos de Psicose por 11 mil dólares e depois comprou todas as cópias do livro disponíveis no mercado para que ninguém o lesse e, consequentemente, conseguisse manter a surpresa do final da obra. Resultado: Psicose, o filme, custou 800 mil dólares e faturou 50 milhões de dólares nas bilheterias do mundo inteiro.

Apesar do romance de Bloch ser um coadjuvante, ao comparar com a adaptação de Psicose para o cinema, considerando o quão magistral foi o filme de Hitchcock, o leitor, que tiver a curiosidade em ler a edição impressa, vai descobrir como a escrita do autor do livro é surpreendente e não vai largar o livro, sequer, para tomar um banho, com o objetivo de acompanhar os desdobramentos da narrativa com a voracidade merecida para a leitura.

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Cena clássica do filme ‘Psicose’.


Sobre Norman Bates, personagem central da história, é um sujeito neurótico com um sórdido caso de transtorno dissociativo de identidade. Este lunático não sabe distinguir se ele ainda é o pequeno e indefeso Norman, ou o crescido e racional, Norman Bates, ou ainda, sua falecida mãe, Norma.

[…] Não é tão simples assim. Segundo o doutor Steiner, Bates tinha se tornado uma personalidade múltipla, com pelo menos três facetas. Havia Norman, o menino que precisava da mãe e odiava qualquer coisa ou qualquer pessoa que ficasse entre ele e ela. Depois Norma, a mãe, que ele não poderia deixar que morresse. O terceiro aspecto poderia se chamar Normal – o Norman Bates adulto, que tinha de viver a rotina cotidiana e ocultar do mundo a existência das outra personalidades. Claro, as três não eram entidades completamente distintas, e cada uma continha elementos da outra. O doutor Steiner chama isso de ‘maldita trindade’.

A criação deste complexo personagem faz Bloch merecer todos os elogios. No final, o leitor concluirá que Norman é um personagem simpático, mas assombrado por questões que parecem muito além da sua compreensão. Não há nenhuma dificuldade em desprezar o vilão da história, mas um forte sentimento de tristeza está fixado em Bates, é isso que deixa espaço para sentimentos por ele, já que o mesmo não teve uma infância tão fácil assim. Bates pode até ser um cara mau, mas ele é pouco ortodoxo no sentido de que o mesmo não é um sujeito mal-intencionado. Aqui se ver uma situação perfeita de idiossincrasias o que fará com que o leitor, em cima do muro, faça uma reflexão e questione se odeia, ou se entristece para com a pessoa Bates?

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Robert Bloch, o autor do livro.

Quanto à trama central, tudo começa quando Mary Crane furtou uma carga considerável de dinheiro de seu patrão, cerca de 40 mil dólares. Desesperada, ela faz uma corrida louca fugindo da sua cidade, deixando sua casa e sua irmã mais nova, Lila. Ela vai em busca do seu noivo, Sam. Em outra cidade, ela acaba chegando no pior lugar onde ela poderia está, no Bates Motel. É aqui que acontece a cena mais importante do livro e que foi mostrada no cinema, tornando-se uma das mais famosas cenas exibidas na telona, o esfaqueamento de Mary no banheiro.

Um dos elementos mais cativantes deste romance vem na pouca diferença entre os detalhes revelados por Hitchcock no audiovisual, e aqueles que Bloch escreveu no manuscrito. Mas, o leitor se perguntará: “então o que há de tão especial no livro, que vale a pena compra-lo?”. Apesar do fato de Hitchcock ter criado um filme, incrivelmente, fiel ao seu original, quando o leitor ler a obra pela primeira vez e, logo após assistir o filme, observará que as mudanças ocasionais nas narrações parecem estranhamente profundas, mas não se perde de vista o quão pouco foi ajustado por Hitchcock na película. Não há grandes oscilações e o resultado final é um filme e um romance que compartilham modificações insanamente percebidas.

Nos momentos finais, descobre-se a dura infância de Norman com a sua mãe. Eles sempre tiveram um relacionamento estranho. Sua mãe era uma mulher que o sufocava. Uma ligação estranha e, aparentemente, incestuosa entre os dois chega a ser observada na história, mas Bloch não atinge os leitores com fatos duros e frios. Foram os dois realmente íntimos de alguma forma? Nunca se saberá, sem dúvida. Mas Bloch certamente estabelece uma base forte o suficiente para construir esta teoria. O que deixará os mais atenciosos dos leitores com essa dúvida.

Com uma trama aterrorizante, Psicose foi relançado no Brasil em 2013, pela DarkSide® Books, o livro está disponível nas versões classic edition (brochura) e limited edtion (capa dura). É um clássico que deve está disponível nas estantes dos melhores leitores.

Aproveitando o momento,  a DarkSide® Books é a primeira editora do Brasil dedicada exclusivamente ao terror e à fantasia. Fundada no Dia das Bruxas de 2012, ela vem conquistando os exigentes fãs dos gêneros com lançamentos como o livro que acaba de ser apresentado, Psicose, de Robert Bloch, Prince of Thorns – Trilogia dos Espinhos, de Mark Lawrence, e as biografias de Stephen King e de J.R.R. Tolkien, entre outros grandes sucessos. Também é conhecida pelo carinho e a qualidade de seus projetos gráficos e diagramação.

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Capas das edições da DarkSide® Books.


Ficha Técnica
Título | Psicose
Autor | Robert Bloch
Tradutor | Anabela Paiva
Editora | DarkSide®
Edição | 1
Idioma | Português
Especifiçações | Capa Dura |Capa Brochura
Dimensões | 14 x 21 cm
Preço sugerido | R$34,90 (classic edition) | R$59,90 (limited edition + caderno especial)
Lançamento | julho de 2013.
Acesse os sites do livro | Classic Edition e Limited Edition

Alyson Fonseca

Crítico Cultural e Correspondente do Blah Cultural em Recife / Pernambuco.
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