Are You The One? Valepratodxs

QUEERLAND | Sexualidade fluida e ‘Are You The One? Valepratodxs’

Giselle Costa Rosa

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22 de outubro de 2019

A bissexualidade é muitas vezes vista como sinônimo de indecisão e vulgaridade – até mesmo pela comunidade LGBTQ+. A maior parte sai menos do “armário” do que os demais queers. São os que menos se sentem confortáveis ​​com sua sexualidade, sendo largamente marginalizados e ignorados. Existe a percepção errônea de que são indecisos ou que querem promover um “oba oba” sexual. Afirmar-se como bissexual parece sempre ser um convite para sexo a três.

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O bissexual tem a capacidade de ter atração sexual e envolvimento romântico por mais de um gênero. Não necessariamente ao mesmo tempo, da mesma forma ou na mesma frequência.

Por transitar em dois mundos, comumente, os bissexuais eram tidos como fonte de doenças sexualmente transmissíveis. Para os céticos de plantão, um estudo realizado na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, provou que os bissexuais não são mais propensos a contraírem uma DSTs, ou melhor ou melhor, ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), do que os demais indivíduos.

Acabando com o estigma

A existência da bifobia, tanto dentro quanto fora da comunidade LGBTQ+, também mata. Fato é que as taxas de tentativas de suicídio são maiores no grupo de jovens bi do que no grupo de jovens gays e lésbicas. Isso porque eles estão mais propensos a desenvolver depressão e ansiedade. Assim como também possuem um risco maior de evasão escolar e de sofrer bullying.

Sexualidade fluida é a ideia que mais tem se consolidado atualmente em estudos acerca da sexualidade, cabendo a cada um explorá-la (ou não) da forma que melhor lhe convier. Não ser algo fixo foi algo proposto por Alfred Kinsey, biólogo americano, professor de entomologia/zoologia e sexólogo, fundador Instituto de Pesquisa do Sexo na Universidade de Indiana, agora conhecido como o Instituto Kinsey para Pesquisa do Sexo, Gênero e Reprodução.

Ele criou, lá pela década de 40, uma escala (de 0 a 6) baseada no desejo das pessoas, que ficou conhecida como a Escala de Kinsey – uma tentativa de representar o comportamento dos indivíduos que às vezes se desviam da sua orientação sexual proferida.

Nessa escala zero significa ser “exclusivamente heterossexual” e seis “Exclusivamente homossexual”. Kinsey descobriu em sua pesquisa que a maioria das pessoas fica nas categorias entre 1 e 5, ou seja, é bem menos comum ser apenas hétero ou homossexual. Isso permitiu uma maior compreensão sobre a complexidade da sexualidade, mas não a determinação da orientação sexual do indivíduo.

Com isso, Kinsey mapeou a sexualidade de uma maneira inédita e nos trouxe a noção de fluidez sexual. Ou seja, você pode ser completamente heterossexual por um período e heterossexual com alguns comportamentos homossexuais em outro, por exemplo. Corroborando com isso, a antropóloga norte-americana Margaret Mead diz que o ser humano está capacitado para amar pessoas de ambos os sexos de forma natural.

Se o seu par ideal estivesse na sua frente, você saberia?

Essa frase é a premissa do reality show Are You The One?, da MTV, que coloca 20 solteiros – dez homens e dez mulheres que não se conheciam anteriormente – em busca de romance e do par ideal e quem sabe talvez viver um “felizes para sempre” numa casa.

A coisa toda funciona assim: a missão dos participantes é encontrar todos os dez pares perfeitos em dez semanas. Se obtiverem sucesso, ganham R$ 1 milhão para dividir entre eles. E, assim, a cada episódio, os participantes escolhem quem eles acreditam ser seu par perfeito e se submetem à “Cerimônia dos Pares” semanal para confirmação ou não dos pares formados. A busca pelo par ideal, que é escolhido por um grupo de psicólogos e psiquiatras, rende brigas, choros e muito troca-troca de casais, além de pegação com cenas quentes.

Neste ano, a MTV americana resolveu fazer uma edição com orientação e gêneros fluidos. O programa estreou na MTV Brasil em setembro com o nome Are You The One? Valepratodxs, com quatro participantes a menos do que o original.

O bacana desta temporada, filmada no Havaí e com o total de doze episódios, é a reunião de participantes com orientação sexual fluida, ou seja, totalmente abertos a toda forma de amar. Todos são capazes de se relacionar com homens, mulheres, transexuais, hermafroditas, ou quaisquer outras variações de gênero.

Em um dos episódios (alerta de spoiler), o competidor Kai Wes, ator transexual que se define como não-binário, foi para a cama com um homem e também com uma mulher, mas em momentos diferentes.

Enfim, caso você tenha tido interesse em assistir, pode não só se divertir, como aprender bastante sobre essa realidade. A saber, os episódios podem ser vistos no site da MTV Brasil, clicando aqui.

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
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