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‘Radioactive’: filme sobre Marie Curie aborda a luta contra o machismo

Fernando Coutinho

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17 de agosto de 2020

Em Radioactive, temos um filme biográfico baseado em uma Graphic Novel, que nos mostra a trajetória científica de Maria Skłodowska-Curie, mais conhecida como Marie Curie.

A saber, ela foi a primeira mulher a receber um prêmio Nobel – o de física, juntamente com o marido, Pierre Curie, e a primeira pessoa – e até agora a única mulher – a receber um segundo prêmio Nobel – em Química.

Desenvolvimento da trama

O filme Radioactive começa com Marie já adulta, mas ainda solteira. Uma cientista enfrentando dificuldades para conseguir apoio e financiamento para suas pesquisas por ser mulher.

Ao conhecer Pierre Curie, surpreende-se por já conhecerem o trabalho mútuo e, mesmo com certa desconfiança inicial, se sente lisonjeada pela atenção e por como Pierre enxerga o potencial de seu trabalho, bem como dispõe-se a ajudá-la.

Aliás, o trabalho conjunto acaba levando ao relacionamento dos dois, que resulta no casamento e, posteriormente, em duas filhas. Na área da pesquisa, o sucesso veio com a Teoria da Radioatividade (daí o Radioactive do título, termo, aliás, criado por ela), assim como a descoberta de 2 elementos químicos: o Polônio (nomeado em homenagem a sua terra natal, a Polônia) e o Rádio.

Radioactive filme Marie Curie

Efeitos da radiação

Infelizmente, os efeitos nocivos da radiação só seriam descobertos depois, aos poucos, com a observação de casos que iam surgindo. Lidar com elementos radioativos sem precauções cobraria seu preço.

Em Radioactive, Marie Curie dormia com uma ampola contendo material radioativo florescente na mão. Curiosamente, Pierre foi quem apresentou os primeiros sintomas e adoecer.

Ele havia se tornado professor na Sourbone, dado resultado do trabalho científico capitaneado por Marie, em um acidente rodoviário, que, de acordo com o filme, teria sido desencadeado por um ataque devido aos problemas de saúde.

Depois disso, Marie é retratada como alguém sem rumo, mesmo passando a ocupar o seu lugar como professora de Física Geral na Faculdade de Ciências, sendo a primeira mulher a ocupar este cargo.

E a história segue, mostrando um relacionamento temporário com um colega cientista casado, o que a fez enfrentar de frente a execração da sociedade, a continuidade de seu trabalho até chegar a sua atuação na 1ª Guerra Mundial, quando, a pedido de sua filha já adulta e também pesquisadora (e futura ganhadora também de um Nobel com seu marido), desenvolveu e operou unidades móveis de radiografia.

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Pioneirismo de Marie Curie

O filme Radioactive dá bastante ênfase ao pioneirismo e principalmente à faceta libertária em sua luta contra o machismo que imperava no meio científico e, em certa altura, também à “moralidade” social estabelecida.

Ao longo da história, alguns cortes são feitos, para momentos futuros mostrando utilizações práticas das descobertas de Marie Curie, de forma positiva como a radioterapia, a negativa, como a bomba de Hiroshima, o acidente de Chernobil e testes nucleares.

Tais cortes culminam numa sequência que traz uma espécie de licença poética, onde Marie Curie deslumbra os resultados do mau uso de suas descobertas. Desde o marido, por quem se sentia culpada quanto a ter ficado enfermo (e nesse contexto há uma certa lógica), até várias vítimas do bombardeio a Hiroshima, bem como do acidente de Chernobil, que não fazem absolutamente sentido em relação ao enredo.

Se a ideia foi fazer uma espécie de alerta ou manifesto, poderiam ter utilizado um meio mais atrelado ao próprio enredo.

No mais, Radioactive é um bom filme. Não chega a ser uma obra-prima, mas vale pelo enredo e a forma que consegue humanizar, mas ainda assim, manter a grandeza de Marie Curie.

Além disso, vale também pela história do desenvolvimento científico mostrado, de forma que consegue prender a atenção daquele jeito que nos deixa com uma ligeira sensação de “já?” quando chega ao final. Então, aproveitem.

TRAILER

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FICHA TÉCNICA

Título original: Radioactive
Direção: Marjane Satrapi
Elenco: Rosamund Pike, Sam Riley, Anya Taylor-Joy, Aneurin Barnard, Simon Russell Beale
Distribuição: Netflix
Data de estreia: seg, 15/06/20
País: Reino Unido
Gênero: drama biográfico
Ano de produção: 2020
Duração: 109 minutos
Classificação: 13 anos

Fernando Coutinho

Profissional e professor de TI, é nerd desde antes do termo virar moda e da Internet ganhar o mundo. Antenado em tecnologia, literatura, filosofia, quadrinhos, filmes, séries, fotografia e boa música. Acredita que A Verdade Está Lá Fora e ao mesmo tempo dentro de cada um.
8
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 8

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