A representatividade dos negros na Country Music norte-americana

Bruno Cavalcante

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16 de abril de 2016

Quando falamos sobre a representatividade dos negros na música, o que logo nos vem à mente, principalmente quando associamos à música norte-americana, são artistas voltados para os gêneros de Soul, R&B, Blues e Gospel, não é verdade?  São gêneros em que se pede uma grande habilidade vocal, com notas que vão desde a mais grave até a mais aguda de todas.
Artistas como Aretha Franklin, Whitney Houston, Stevie Wonder, Ray Charles, entre outros, são uma prova do que estou falando. Esses nomes, juntamente com vários outros, ajudaram a fixar o estigma de que cantor negro é aquele que “sabe cantar”. E eu não discordo disso, pois em sua maioria, muitos deles, principalmente nos Estados Unidos, são criados em corais de igrejas onde se aprende como “calar uma bitch” com apenas um agudo. Mas de fato isso não é regra, e necessariamente nem todos os negros são obrigados a cantarem esse tipo de música, ou terem aquele vozeirão estremecedor.
Nos Estados Unidos, uma coisa muito curiosa e difícil de você encontrar, são artistas negros cantando música Country, um dos mais populares gêneros por lá. Apesar desse tipo de música ter uma enorme influência no Gospel, ainda sim em sua maioria o mercado Country é quase que restrito a cantores brancos. E isso claramente pode ser explicado através da própria história norte-americana, a partir de todos aqueles casos de perseguição aos negros e uma política separatista, que aconteceu durante muitos anos. E por conta dessa divisão, as comunidades foram crescendo desta maneira, com negros casando com negros, frequentando igrejas de negros e atuando em um espaço dominado por uma única raça.
O preconceito existe até hoje e disso ninguém tem dúvidas, está aí Donald Trump que não me deixa mentir, que mesmo tendo uma posição mais incisiva contra os imigrantes, não deixa de ser alguém que não tolera um outro diferente dele mesmo.
Bom, passada esta pequena introdução, resolvi com este post colocar aqui alguns dos artistas negros que atuam ou já atuaram justamente na Country Music. Tenho certeza de que pouca gente tem noção disso, mas existem alguns cantores negros nesse estilo dominado massivamente por brancos, infelizmente ainda muito poucos, mas eles colocam todo um tempero especial em um dos gêneros musicais que mais aprecio.
A começar por DeFord Bailey, considerado o primeiro artista negro da história a ter uma expressividade dentro deste mercado. Bailey nasceu em 1899, na cidade de Smith County, Tennessee, Estados Unidos. Famoso por sua gaita, ele foi o primeiro afro-americano a se apresentar na Grand Ole Opry, conhecida casa de shows voltada para artistas do gênero de Country, situada em Nashville.

Ruby Falls e Linda Martell são algumas das primeiras mulheres negras a surgirem fazendo esse tipo de música. Ruby nasceu em 1946, em Jackson, no Tennessee. A canção “You’ve Got To Mend This Heartache” foi o seu grande sucesso, alcançando a posição de número 40 na parada da Billboard em 1977. Já Linda Martell, assim como DeFord Bailey, foi a primeira mulher negra a performar na Grand Ole Opry, em agosto de 1969.


Charley Pride é outro grande nome da música Country, aliás um dos maiores no gênero. Pride conseguiu ultrapassar a barreira do preconceito e alcançou a impressionante marca de 39 músicas em 1º lugar na Billboard Hot Country Songs.

Temos também Yolanda Diamond, uma artista pouco conhecida, mas que também tentou a vida no Country sem grande sucesso. Já Aaron Neville e Anitta Pointer (do grupo The Pointer Sisters), nomes que ficaram famosos cantando outros estilos como R&B e Pop, também se aventuraram pelo Country. Dá só uma olhada!


Agora falando um pouco da nova geração, temos as jovens Mickey Guyton e Rissi Palmer, ambas influenciadas pela lenda da Country Music Patsy Cline. Palmer lançou o seu primeiro disco homônimo em 2007, alcançando o sucesso com o hit “Country Girl”, número 54 na Billboard Hot Country Songs. Já Guyton é a caçula do grupo, se lançou no mercado em 2014, mas foi no ano seguinte que o sucesso veio pra moça, atingindo a posição 34 da Country Airplay com o single “Better Than You Left Me”.


E eu não podia terminar esse pot sem citar o meu preferido, Darius Rucker. Nascido no ano de 1966, em Charleston, na Carolina da Sul, Estados Unidos. Ele apareceu para o público em 1986 como vocalista da banda de rock Hootie & the Blowfish. Em 2002 ele se lançou como artista solo cantando R&B no disco “Back to Then”, mas foi no Country que Darius se descobriu de verdade. Com o disco “Learn to Live”, Rucker se tornou o primeiro artista negro a alcançar a 1ª posição da parada Hot Country Songs desde Charley Pride, com o single “Don’t Think I Don’t Think About It”, em 27 de maio de 2008. A partir de então foram vários sucessos, como a deliciosa “Wagon Wheel”, cujo clipe brinca com essa coisa do preconceito contra os negros dentro desse estilo musical.

A Country Music sempre foi um dos meus gêneros preferidos. Sempre gostei de artistas como LeAnn Rimes, Patsy Cline, Faith Hill etc, mas admito que sentia falta da miscigenação dentro do estilo. Apesar de não serem muitos, é ótimo saber que aos poucos esse preconceito racial está sendo quebrado, que começou lá nos anos 20 com Deford Bailey, mas que ainda segue sendo muito bem representado por vários talentos até hoje. E que venham muitos mais!

Bruno Cavalcante

Meu nome é Bruno Cavalcante, sou formado em publicidade e propaganda, carioca, escorpiano, apaixonado pela vida e por cinema também. Meu gênero preferido é o terror, mas gosto e vejo de tudo um pouco.
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