Resenha | Tudo sobre o Circuito Banco do Brasil no Rio de Janeiro

Tiago Bandeira

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9 de novembro de 2014

Texto: Tiago Bandeira
Fotos: Graziela Gama
O Rio de Janeiro recebeu neste último sábado (8) mais uma etapa do Festival Circuito Banco do Brasil. O local escolhido dessa vez foi a Praça da Apoteose, a passarela do samba carioca. A previsão era de chuva logo nas primeiras horas da tarde e isso fez com que a produção do evento presenteasse os agraciados da pista vip com capas de chuva. Ela foi bem importante no fim da noite, mas daqui a pouco chegamos lá. O fato é que a escolha da Praça da Apoteose parece ter sido bem acertada pela produção já que fica bem no coração da cidade com metrô perto, ônibus e civilização – ao contrário do local do ano passado, o Parque dos Atletas, na Barra – e com a chuva não criou aquele lamaçal característico de festivais. Quem já foi no Rock in Rio, Coca-Cola Vibezone e outros sabe bem o que é isso. E vale destacar que o espaço foi muito bem usado pelo evento. Tudo estava bem montado e sinalizado, o palco imponente e o som excelente.
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As atrações

O festival teve início com a Copa Brasil de Skate Vertical com um grande Half Pipe montado no sambódromo. Leo Ruiz foi consagrado como campeão brasileiro de skate vertical na temporada 2014 e o vencedor da última etapa foi Marcelo Bastos que levou um cheque de R$ 11 mil pra casa. A parte musical do festival foi escalado com o vencedor do concurso “Voz Pra Todos”, Pitty, Frejat, MGMT, Paramore e Kings of Leon.

Pitty (Foto: Graziela Gama / Blah Cultural)

Drenna

Marcado para começar às 16h, Drenna subiu ao palco com cerca de dez minutos de atraso. A banda foi escolhida através do concurso “Voz Pra Todos” e agarrou a oportunidade de poder abrir a etapa do Rio de Janeiro do festival.
Com um público ainda pequeno, mas que parecia bem animado para a maratona musical, a Drenna passou bem pelo palco e tocou por cerca de quarenta minutos suas composições e até um cover mais pesado de “Eleanor Rigby” dos Beatles. O grupo parece ter aproveitado bem a chance que caiu em seu colo.

Pitty

Quando a Pitty iniciou sua apresentação, às 17h, a publico ainda estava pequeno na passarela do samba. E era possível listar alguns dos motivos para isso: prova do ENEM, jogo no Maracanã, tempo prometendo chuva e temporal. Contudo, novamente a baiana conseguiu levantar a plateia.
A banda, que na ocasião tocou com o guitarrista Rafael Almeida substituindo Martin Mendonça, que segundo a própria cantora, teve que fazer uma operação essa semana e estava “p… da vida” por não estar no palco tocando no festival.
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O fato é que a Pitty escolheu o setlist certo para um show de festival com os principais hits de discos mais antigos como “Admirável Chip Novo” e “Máscara”, “Teto de Vidro” e “Memórias”, “Me adora” e muitas outras, além de citação à Bob Marley com “Get Up Stand Up” . Ela aproveitou também para tocar músicas recentes e encerrou o show com “Serpente”, do álbum “Setevidas”.

Frejat

O Frejat iniciou seu show – com seu terno roxo – pontualmente às 18h30. A apresentação se iniciou com um cover de “Sonífera Ilha” dos Titãs. Aliás, os covers marcaram a apresentação do cantor nessa edição do Circuito Banco do Brasil. Foram diversas versões para sucessos clássicos de outras bandas , incluindo aí “Não quero dinheiro” de Tim Maia e “A Minha Menina” de Jorge Ben. Músicas do Barão Vermelho não poderiam ficar de fora, é claro, e foram várias – e de diferentes épocas – como “Bete Balanço”, “Maior Abandonado”, “Puro êxtase”, “Por Você” e “Pro Dia Nascer Feliz” que encerrou a passagem de Frejat pelo circuito.
Contudo, a fase solo de Frejat também foi agraciada no setlist e canções como “Amor Pra Recomeçar”, “Segredos” e a mais recente “O Amor é Quente”. O cantor também incluiu “Malandragem” que anunciou como sendo de sua autoria, mas que fez um enorme sucesso na voz de Cássia Eller. Ele também cantou “Exagerado”, de Cazuza, seu grande parceiro.

MGMT

Primeira atração internacional do dia, os norte-americanos do MGMT iniciaram sua apresentação com a faixa “The Youth” do excelente álbum “Oracular Spetacular” de 2008, seguido por “Indie Rokkers” e  o hit “Time To Pretend”. A banda, porém, não chamou muito a atenção do público que parecia não conhece-los. Apenas alguns hits eram comemorados pela plateia como “Flash Delirium”, “Electric Feel” e “Kids”, talvez a faixa mais vibrante no show da dupla.
O MGMT fez um show muito bom no Circuito Banco do Brasil. Certamente muitos estão discordando deste louco que aqui escreve estas linhas. Mas o show foi bom sim. Não creio que o MGMT seja uma banda boa para festivais. Trata-se de um público muito específico e para curtir 100%, tem que estar na vibe deles. Isso talvez explique o motivo de o show da dupla norte-americana ontem na Apoteose ter servido mais como uma trilha sonora de luxo para conversas entre amigos do que propriamente uma atração musical internacional. Vale destacar também a formação da banda no palco. O baterista, que normalmente está disposto de frente para o público, ontem estava de lado para a plateia e de frente para o tecladista Benjamin Nicholas. Nunca tinha visto e foi interessante.

Paramore

Lembram das capas de chuva? Pois bem. Elas foram muito úteis nessa hora. Quando as luzes se apagaram e o Paramore entrou em cena, a chuva também apareceu e com força. Mas quem estava ali pouco se importava. Muita gente talvez nem tenha sentido a água se misturando com o suor de tanto pular ao som de Hayley Willams e o Paramore.
O show começou explosivo com “Still Into You” que ganhou um peso especial ao vivo e foi sucedida por “That’s What You Get”. Aliás, a primeira parte do show foi toda pesada e exigiu fôlego de quem estava plantado por lá desde as 14. O relógio já marcava 21h30 quando os americanos pisaram no palco. A terceira faixa foi “For a Pessimist, I’m Pretty Optimistic”, seguida por “Ignorance”, “Pressure”, “Decode” e a lentinha “The Only Exception”.

Muito comunicativa e com uma disposição incrível, a vocalista Hayley Williams falava sempre que podia aos fãs e chegou a contar que aquele show era o último do ano do Paramore. Durante a execução de “Misery Business”, do álbum “Riot”, Hayley selecionou uma fã da plateia para subir no palco e cantar o refrão com a banda. A sortuda da noite se chamava Thaís e ela fez o que muitos fãs sempre tiveram vontade: cantar, pular e correr pelo palco com Hayley e o Paramore. A escolhida chegou a subir numa caixa de som e tomou um baita tombo se estirando no chão e mesmo lá continuou a cantar. Os outros integrantes do grupo também deitaram e continuaram o som fazendo coreografias com a fã levando o público ao delírio. O Paramore tocou por cerca de uma hora e a apresentação que “lavou a alma” – me perdoem pelo trocadilho barato – se encerrou com “Ain’t It Fun” do mais recente álbum do grupo.

 

Kings Of Leon

O headliner do Circuito Banco do Brasil no Rio de Janeiro foi a banda Kings of Leon. Os caras iniciaram seu show também debaixo de chuva, mas que não durou muito. O que durou mesmo foi a vontade dos fãs de ver de perto uma das principais bandas da atualidade resistindo ao cansaço, o mormaço e a chuva. O Kings of Leon iniciou a apresentação com a ótima “Supersoaker” do disco “Mechanical Bull”, o mais recente do grupo. Diversos hits desfilaram pelo sambódromo como “Radioactive”, “Molly’s Chambers”, “Use Somebody” e outras. A banda optou por deixar de fora “Wait For Me”, que tenho certeza que muitos a esperavam na plateia, mas ficou para a próxima. O grupo também citou que este era o último show da turnê e deixou o palco após tocar “Sex On Fire” quando já era domingo na cidade maravilhosa.

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Kings of Leon (Foto: Graziela Gama / Blah Cultural)


A banda foi impecável, mesmo fazendo uma apresentação “parada” no palco. A energia era vibrante e o som sensacional. Um ponto interessante a ser notado era a diferença entra o público do Paramore e do Kings of Leon. Era uma lacuna de alguns anos de idade e isso não parece ter atrapalhado o festival e nenhum dos dois shows. Assim que acabou a apresentação do Paramore, parece que a plateia foi “substituída”, como um jogador de futebol ao ver a placa com seu número do quarto árbitro. E isso não foi ruim. Foi interessante. E mostrou que um festival pode – e deve – ser heterogêneo.

Setlist KINGS OF LEON: Supersoaker; Taper Jean Girl; Fans; Family Tree; Mary; The Bucket; Closer The Immortals; Knocked Up; Pyro; Temple; Radioactive; Molly’s Chambers; Don’t Matter; Be Somebody; Notion Cold; Desert; Use Somebody; Crawl; Black Thumbnail; e Sex on Fire. Setlist PARAMORE: Still Into You; That’s What You Get; For a Pessimist, I’m Pretty Optimistic; Ignorance; Pressure; Decode; The Only Exception; Last Hope; Brick by Boring Brick; Misery Business; Let the Flames Begin; Part II; Proof; e Ain’t It Fun. Setlist MGMT: The Youth; Indie Rokkers; Time to Pretend; Cool Song No. 2; Flash Delirium; The Handshake Introspection (Faine Jade); Electric Feel; Alien Days; Kids; e Brian Eno. Setlist FREJAT: Sonífera ilha (Titãs); A Minha Menina (Jorge Ben Jor); Maior Abandonado (Barão Vermelho); Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia); Por Você (Barão Vermelho); Segredos; Malandragem; Amor Pra Recomeçar; O Amor é Quente; Bete Balanço / Mania de Você (Barão Vermelho); Puro Êxtase (Barão Vermelho); Por que a Gente é Assim? (Barão Vermelho); Exagerado (Cazuza); e Pro dia nascer feliz (Barão Vermelho)


Setlist PITTY:
Setevidas; Anacrônico; Admirável Chip Novo; Deixa Ela Entrar; Teto De Vidro; Memórias; Um Leão; Olho Calmo; Pulsos; Me Adora; Na sua estante; Máscara; e Serpente.
Setlist Drenna:
O barco; Indecisão; Eleanor Rigby (Beatles); Essa menina; Desconectar; Para que sigamos; e Verdades.

Tiago Bandeira

Jornalista, carioca, apaixonado por música, games, fotografia, pesquisas e história do Rio.
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