Resenha | Deuses de Dois Mundos – A Trilogia Épica dos Orixás

Gabriel Meira

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23 de setembro de 2015

A literatura nacional nunca foi muito ousada quando falamos de ficção. Nossos escritores  preferem seguir as convenções  sociais, faltando coragem em vagar por lugares diferentes. Deuses de Dois Mundos: A Trilogia Épica dos Orixás, vai na contra mão disto. Pj Pereira é ousado. Não é uma trilogia religiosa, apesar de ter como base religiões de origem africana. É sim, literatura sobre mitologia utilizando do real e ficcional, dois mundos, duas histórias, que se conectam pela magia, um mundo cético, onde a magia vai sendo descoberta pelo protagonista Newton, outro mundo regido pela magia, onde precisam do mesmo para manter o equilíbrio.

Deuses de dois mundo se passa em São Paulo, onde um ambicioso jornalista, luta para chegar a um grande posto. E em outro misterioso mundo movido pela magia. Orunmilá, um grande adivinho perde seus poderes, assim como todos outros. Descobrem que poderosas bruxas sequestraram os príncipes do destino. Que eram responsáveis em repassar as historias e previsões aos advinhos. Para que seu mundo fique seguro ele convoca grandes guerreiros para salvar os príncipes do destino. Apesar de acontecer em tempos diferentes, Newton é convocado por um misterioso homem que se apresenta como Laroie por e-mail. Onde o ajuda a conduzir sua busca para ajudar na salvação dos príncipes.

A escrita de PJ Pereira é leve, limpa e suave. Fácil para qualquer tipo de público amante da literatura. A criação do mundo mitológico é bem executada, com referencias solidas e bem desenvolvidas. Consegue impor um suspense durante todo a escrita, as palavras não são calculadas milimetricamente. Alias, são livres, possibilitando o leitor uma maior criação em sua imaginação, apesar de faltar uma descrição maior dos locais , com detalhes para que este mundo seja mais sólido.

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O ponto forte do livro esta do mundo mágico. Onde o suspense e a mitologia regem todo o tempo a trilogia. Não impõe fatores religiosos, apenas os mostra. O personagem de Newton poderia ser descrito de forma mais intensa. Conhecemos a visão em primeira pessoa do personagem, que fala através de seus e-mails com Laroie. Poderia haver uma conexão mais direta entre o mundo de New e Orunmila.

Deuses de Dois Mundos: A Trilogia Épica dos Orixás é uma grande surpresa para a literatura nacional, onde dentre tantos livros quase copias um dos outros, a trama corrente imposta nos livros, regem um trabalho audacioso e imponente. Fazer  ficção ao mesmo tempo conseguindo manter o mundo que conhecemos como real, através de uma literatura leve e fácil de se ler e sim, que isto se torne tendência. Que a mitologia nacional que é tao influenciada pela africana, receba cada vez mais atenção, com intuito final ao qual possamos cada vez mais estimular a diversidade cultural. Deuses de Dois Mundos: A Trilogia Épica dos Orixás fará você enxergar de modo diferente, influências religiosas africanas no Brasil e sem deixar de ser um livro sobre mitologia. Ultra recomendado. 

Gabriel Meira

Formado em cinema e apaixonado por todo tipo de arte, assiste de tudo, mas tem suas preferências pelos filmes que trabalham com o psicológico. Acredita na evolução do cinema nacional, assim como sua influência na educação.
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