REVIEW | ‘Battlefield 1’ emociona com a narrativa e surpreende com a vivacidade

Pedro Morel

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12 de janeiro de 2017

Em um ano repleto de jogos de FPS de qualidade como Overwatch, Titanfall 2 e Doom, chega mais um para completar a lista. Desde o momento em que foi anunciado, Battlefield 1 prometeu o tão esperado retorno dos jogos de tiro em primeira pessoa ao passado. Meses depois, o estúdio DICE entregou não apenas isso, mas um game épico que triunfa em cada aspecto possível, da narrativa realista e humana do modo campanha aos pequenos detalhes do multiplayer. É a prova de como um passo para trás pode ser necessário para dar um pulo para frente.

Uma guerra de soldados, uma história de pessoas

Decerto, um dos pontos mais espetaculares do modo campanha é a humanização dos personagens da guerra por meio da narrativa. O jogo deixa claro que não havia heróis imortais ou vitórias constantes, pelo contrário, a primeira grande guerra era repleta de contradições, medo, caos e morte. Esse aspecto é explorado por meio da abordagem psicológica dada aos protagonistas. Quem eles são? Quais são suas motivações? Quais são seus sonhos?

A missão prólogo do game, “Tempestade de Aço”, explicita de forma trágica a realidade do momento histórico. Nela, você assume o controle de diferentes soldados do Harlem Hellfighters, sem expectativa de sobreviver por muito tempo. Além de servir como tutorial, o curto capítulo denota o respeito histórico do jogo diante do caos miscelâneo da guerra. Também mostra que atrás de cada mira há uma pessoa agressora e agredida, honrada e criminosa, possivelmente uma futura lenda ou esquecida pela história.

O modo campanha é dividido em cinco capítulos, fora o prólogo, cada um com um protagonista e um contexto diferente. Esse fato auxilia a aumentar o realismo do game, uma vez que seria muito “forçado” possuir um único personagem para atuar nos variados locais e momentos da guerra. Com essa estrutura de gameplay, o jogo é vitorioso em expor diferentes perspectivas, além de focar em elementos de combate diversos, como tanques, aviões, cavalos e classes de elite.

De forma definitiva, pode-se afirmar que o single player de Battlefield 1 surpreende, emociona e conscientiza os jogadores acerca de um momento histórico que ocorreu há praticamente 100 anos. Apesar de curto, podendo ser terminado em 6 a 8 horas, o modo história se diferencia de tudo que a série tentou fazer no modo, possuindo uma campanha digna do contexto delicado.

Multiplayer mais real e vivaz que nunca

Assim como o modo campanha, o multiplayer não deixa nada a desejar. Com armas e equipamentos característicos do momento histórico, a imersão é fantástica, ainda mais em modos de jogo que possibilitam a utilização de veículos. Diante de tamanha variedade de elementos, surge também uma infinidade de estratégias, e como é característico dos jogos da série Battlefield, a união do grupo em função do objetivo sempre leva à vitória.

Para aqueles que desconhecem a estrutura do multiplayer, há quatro classes: assalto, suporte, médico e patrulha. Cada classe possui uma especialidade durante o gameplay, equipamentos e formas de jogar diferentes, cabendo ao jogador testar e descobrir em qual classe ele se encaixa melhor. Vale também mencionar que cada time é subdivido em esquadrões, cada esquadrão com 5 jogadores. É possível dar respawn em players do seu esquadrão, e o líder pode dar ordens ao resto do grupo. Esses elementos reforçam a ideia de fazer sua parte na batalha em prol do sucesso do time.

Entre outros aspectos que formam essa conjuntura que é o multiplayer, pode-se citar o modo “operações”. Assim como “conquista”, as operações são realizadas com os mapas em sua totalidade e com diversos veículos. A diferença se concentra no foco dado à tentativa de simular uma batalha de forma fidedigna, com um time tentando avançar e o outro defender seções do mapa. Dessa forma, o modo combina a grandeza de “conquista” com a intensidade da proximidade entre times do modo “investida”.

Igualmente imprescindível de se comentar são as armas e equipamentos de Battlefied 1. Com uma variedade discrepante dentro de uma classe, o jogo suscetibiliza estratégias e modos de gameplay que se adequam a cada jogador, sendo preciso apenas testar e compreender que armas se adequam melhor. Quanto aos equipamentos é definitivamente surpreendente a correspondência histórica no jogo, com gás de mostarda para desocupar áreas repletas de inimigos, granadas incendiárias, cimitarras e entre outros.

Apesar de parecer inteiramente perfeito, o game dispõe de pequenas controvérsias, como o baixo recuo das armas, os exagerados ataques com baioneta e o loading muito demorado. Fora isso, o jogo é vitorioso em oferecer uma experiência digna de primeira grande guerra.

Fascinante de se ver, maravilhoso de ouvir

Possivelmente, o elogio mais indiscutível do jogo: seus gráficos, músicas e efeitos especiais. Com uma frieza e amargura em sua fotografia, Battlefield 1 transporta os jogadores para um verdadeiro cenário de guerra, repleto de destruição, caos, morte e angústia. Dos mínimos detalhes às explosões, o game não falha em surpreender com sua imagem exuberante.

Ademais, com o motor gráfico Frostbite, as destruições gradativas do cenário, colisões, incêndios e diversos outros fenômenos que ocorrem durante o jogo se tornam imensamente mais realistas; beirando o cinemático em determinados momentos da gameplay. Acompanhando essa conjuntura, Battlefield 1 apresenta uma trilha sonora diversificada e emocionante, que se encaixa perfeitamente nos mais variados momentos do jogo.

O veredicto

Como foi dito, o estúdio DICE prova com esse jogo que um passo para trás é necessário para que ocorra um salto para frente. Com as expectativas não atendidas, mas superadas, Battlefield 1 não falha com a imensa responsabilidade de retratar um momento histórico de peso e se consagra como um FPS para ser lembrado e aclamado como referência.

Battlefield 1 foi analisado pela equipe do Blah Cultural no console PlayStation 4.

Trailer

Galeria

Pedro Morel

Um quase estudante de engenharia mecânica. 17 anos. Carioca. Admirador do Carl Sagan. Toca piano e joga video-game nas horas vagas enquanto espera ansiosamente por The Last of Us 2.
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