REVIEW | ‘Metal Gear Survive’ é um bom spin-off, mas falha em quesitos básicos

Leandro Stenlånd

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10 de março de 2018

Metal Gear é uma franquia de grande longevidade iniciada por volta de 1987, lançado no Japão somente para o famoso Nintendinho e o projeto MSX. Após alguns anos de seu início no mundo dos consoles, a franquia ficou reconhecida por ser um dos mais antigos títulos com formato Stealh (furtividade) e isso foi antes mesmo de Assassin’s Creed dar as caras. Seguindo esse padrão, Hideo Kojima veio lançando novos títulos para a série de jogos, mas sempre oscilando entre o bom, o muito bom e a perfeição.

Agora, Hideo está longe da franquia, sendo este título, o primeiro sem o mesmo e assim, a Konami traz para os jogadores Metal Gear Survive, novo game que leva o jogador a um spin-off que de certa forma, é no mínimo, interessante. Enquanto diversos games por aí têm lançado suas versões zumbi, a franquia não poderia ficar por menos. Agora, mais do que nunca, a sobrevivência é um fator fundamental. Assim como acontece em Kingdom Come: Deliverance, aqui temos também indicadores de fome e de sede que, como qualquer jogo com essas características na jogabilidade, afetará por exemplo, o desempenho. Tudo relativo a passar por perrengues, irá acontecer cedo ou tarde. Acabei pensando, por exemplo, que minha vista estava embaçando, só que era uma realidade do jogo ao invés disso. As desenvolvedoras, em sua maioria, estão tentando aproximar seus protagonistas ao máximo da realidade, como sentir dores de cabeça, fome, sede, resmungar ao não achar nada que seja no mínimo consumível, entre outras características.

Não temos acesso algum aos conhecidos heróis de guerra Snake e Big Boss. É necessário desenvolver seu personagem com quase todas as características de um bom RPG sem deixar de lado o que vemos sempre em títulos de furtividade. Para iniciar o jogo, há uma infinidade de vídeos (cutscenes) que beiram a quase 25 minutos. É na verdade uma característica da franquia. Longos vídeos explicativos, que mais parecem curta-metragens dando início a uma aventura que partilha uma estrutura muito mais próxima de jogos de sobrevivência do que de outros títulos da saga. Isso é comum até mesmo em games stealth. Se não pode atacar de frente, teremos de tentar dar a meia volta e matar nosso inimigo opressor em um jogo que lembra mais survival-horror. Talvez fosse para dar um novo frescor à franquia que tem há muito, tentado se reinventar, e que tem falhado nisso.

Paulatinamente, vamos entendendo cada vez melhor a premissa com esses vídeos, que não se repetem tanto mais pra frente, mas é preciso salientar que, na maior parte do tempo, teremos de sair da base com intuito de matar nossa fome ao caçarmos, reunir trambolhos que poderemos encontrar em nosso caminho e transformar esses drops em coisas que precisaremos para que a narrativa continue no mínimo convidativa. O sistema de caça não é muito diferente de Monster Hunter World. Toda a parte inicial do título permite que o jogador teste suas habilidades de manter-se vivo e isso também quer dizer que teremos acesso também a mecanismos de defesa para evitarmos que esses zumbis se aproximem. O paradigma da escassez é que faz seu personagem ficar ainda mais ‘chato’. Quem não estiver acostumado com o trabalho de melhorar o protagonista aos poucos, o que se conhece como conceito de vida se extinguirá e o significado deturpado do que é “trabalhar duro” para manter-se de pé em um mundo entupido de zumbis, ficará no passado.

Isso porque temos que ficar na escolha de uma estratégia para nos mantermos vivos. Não há, por exemplo, como sair desferindo golpes nos zumbis só porque comem cérebro igual nos filmes. Não há como mesmo! E se optarem por não me ouvir, serão derrotados de imediato. Há um balanceamento justo e que precisa de bastante raciocínio para manter as coisas funcionando bem.

Um detalhe interessante quanto à sobrevivência é conseguir recursos para criarmos outros itens e então termos acesso a locais, já que sem eles seria impossível. Exemplo disto é conseguir Aço Inox para a criação de uma máscara de oxigênio ou até mesmo o tanque. Quem nunca passou por alguma situação de adversidade em uma guerra? Justamente se fará necessário encontrar cerca de dez  itens de ferro. Devemos levar em consideração que a resiliência não pode ser confundida com invulnerabilidade ou acomodação em Metal Gear Survive; ninguém é super-homem. Coloque em sua mente que todos nós seremos abatidos por um erro aqui e ali.

Gostamos de tudo que vimos no modo campanha, mas o título também possui um modo cooperativo no qual podemos intercalar o progresso de ambos os modos entre si. Não precisaremos ser egoístas no modo cooperativo ou no modo campanha, pois tudo o que conseguirmos, nós podemos compartilhar com nossos coleguinhas de ‘trabalho’. Ai, não importará tanto se estamos no modo fácil ou difícil se considerarmos que duas cabeças pensam melhor que uma. Daí, os jogadores são enviados a um local em que temos algo a ser protegido, enquanto ondas massivas e crescentes de zumbis aparecem e, claro, não é à toa, tendo como foco destruir aquilo que tentaremos proteger. Sim, você terá de aprender a lidar com as adversidades e superá-las, que é o que nos faz ser quem somos no jogo. Cada desafio e dificuldade que enfrentamos com êxito serve para fortalecer ainda mais seu personagem.
A realidade apresentada em Metal Gear é permeada por muitos conflitos e situações que necessitam de certos cuidados. É no confronto entre as características individuais de cada personagem no grupo, como ciclo de vida, tipo de item a ser escolhido e condições de armamento, que definirão como conseguiremos nos movimentar em um mapa com uma horda imensa à nossa frente. A comunicação acaba sendo algo fundamental e algo que nos incomodou foi o uso permanente de internet para tal. Quando o modo cooperativo, por exemplo, é cessado por problemas de ping ou lentidão, não sabíamos que se desconectássemos por um segundo da internet, sequer poderíamos salvar, já que o progresso é salvo nos servidores da Konami. Para os jogadores que estarão se aventurando em Metal Gear Survive, há missões diárias e semanais, oferecendo recompensas e condições especiais de batalha para adicionar variedade ao jogo cooperativo, promovendo diferentes estratégias de equipe.
Graficamente, o título não é nenhum esplendor. Há o motor gráfico Fox Engine (o mesmo de Metal Gear Solid V), fazendo com que visualmente o jogo seja praticamente idêntico. Isso é até um ponto positivo, conseguindo fazer um bom trabalho, tendo uma arte conceitual muito bem elaborada. Não tivemos nenhuma experiência com serrilhamentos em paredes ou nos rostos, e mesmo jogando em um PS4 comum (não pro), sentimos que tudo estava fluindo normalmente sem queda de framerate e lags (mesmo que nossa internet não tivesse ajudado). A sonoplastia do título é algo modesto, ainda que bastante funcional.
O VEREDITO
Metal Gear Survive se separa de um gênero que vinha conquistando fãs e encontra uma nova casa no Survival Horror. É um jogo muito diferente dos demais da franquia, mas que funciona bem. Tem lá seus acertos, mas também tem seus erros. Não nos identificamos muito com o sistema stealth do jogo e seu modo de combate não é tão agradável. Infelizmente, em certos momentos, sentimos que o título tenta ser algo que nunca foi, mas um dia pode ser melhor do que o apresentado atualmente.

Jogo analisado pela equipe do Blah Cultural no Playstation 4 com cópia cedida gentilmente pela Konami do Brasil

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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