REVIEW | ‘METRO EXODUS’

Felipe de Andrade

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18 de fevereiro de 2019

O primeiro jogo, Metro 2033, lançado em março de 2010 pela THQ, gira em torno dos acontecimentos decorrentes de um desastre nuclear na Rússia, ocorrido em 2013. Ele mostra como uma parte da civilização sobreviveu escondida nos subterrâneos – apenas 50 mil pessoas –, principalmente nos túneis e estações do sistema de metrô de Moscou. Não há como saber se só o país ficou destruído ou o mundo todo, pois não há comunicação com o exterior e a superfície ficou inabitável. Nele controlamos Artyom, que tem a missão de levar uma mensagem de alerta de ataque de mutantes para as comunidades sobreviventes e, posteriormente, ir até uma base militar considerada inacessível e, assim, conseguir acabar com o “ninho” dos mutantes com um ataque de mísseis.

A sequência, Metro Last Light, de Maio de 2013 publicado pela Deep Silver, se passa um ano após a história do primeiro jogo. Agora Artyom integra o grupo militar chamado a Ordem e deve resolver os impasses entre as facções de milícias formadas em “cidades” rivais do sistema de metrô, ao mesmo tempo em que deve investigar o surgimento de um mutante sobrevivente da explosão detonada no final do jogo anterior. Além disso, Artyom precisa  descobrir se eles eram inimigos ou se cometeu um grande erro. A terceira parte da série de jogos de tiro baseada na famosa sequência de livros de “Dmitry Glukhovsky” chegou e traz um novo modo de ver um mundo pós-apocalíptico. Um local resultante de explosões nucleares, com seu suposto deserto gelado sem vida e altamente radioativo, com monstros mutantes da superfície e alguns sobreviventes dos sistemas de metrô e dos túneis subterrâneos da Rússia.

“Metro Exodus”, jogo lançado pela Deep Silver em 15 de fevereiro de 2019 para PS4, PC e Xbox One, que assim como os anteriores, foi desenvolvido pela 4A Games, fecha uma trilogia desta aclamada história sobre uma terra devastada por acidentes nucleares, baseada nos livros de mesmo nome. Desta vez, a franquia abandona o gameplay estritamente linear devido aos ambientes fechados e limitados das linhas de metrô de Moscou para a explorar a superfície, contando com várias áreas abertas e cidades semi-destruídas. Ela segue mostrando a incessante busca de Artyom por sobreviventes fora dos subterrâneos e por descobrir se ainda existe algum lugar no mundo que não foi afetado pelos eventos de anos atrás.

O jogo se passa após os acontecimentos de Last Light no ano de 2036 e começa com Artyom em mais um das suas investidas pela superfície em busca de sinais de sobreviventes, para isso ele utiliza um rádio para tentar captar algum sinal que seja e conseguir provar que seus instintos estavam corretos caso encontre alguma civilização. Mas nas palavras do protagonista podemos sentir sua determinação: “Eu sei que nascemos para uma vida melhor e não vou me conformar a envelhecer e morrer embaixo da terra. Não me importo se for chamado de idiota, mas, se ainda existe um pedacinho sequer do mundo antigo lá fora, eu preciso encontrá-lo”.

Por sempre realizar estas buscas, cada vez mais longe da sua base, diversas vezes ele passa por perigos na superfície queimada, envenenada e infestada de monstros. Exodus se inicia exatamente em uma dessas excursões que não deram muito certo, pois além de não captar nenhum sinal de vida, Artyom sofre com o ataque de vários mutantes enquanto tenta retornar para a base no subsolo. Sendo resgatado muito machucado pelos seus colegas de equipe e levado para receber cuidados médicos, inclusive sendo repreendido pelo médico por estar gastando bolsas de sangue sem motivo, já que sempre acaba voltando ferido e sem novidades.

E sem contar que Anna, sua esposa, parece estar cansada de tentar desencorajar as buscas de Artyom. Uma semana depois, durante mais uma busca, dessa vez junto com Anna, após fugir de um bando de mutantes, o casal avista um trem passando pela superfície e decidem investigar seu paradeiro, mas acabam sequestrados e conhecem outro casal também refém, que morava a 200 km de Moscou. Isso confirma a teoria de que mais gente está viva além dos sobreviventes do metrô, mas logo em seguida ele é baleado e deixado para a morte (!). E vamos parar por aqui para não dar mais spoilers da jornada de Artyom, para não estragar o gameplay de vocês. Metro Exodus pode facilmente ser considerado o melhor da trilogia. Deixando de lado a jogabilidade truncada de Metro 2033, que dificultava o gameplay por simplesmente ser difícil de mirar, que já tinha sido melhorado para o segundo jogo, agora a 4A Games pegou os pontos fortes da franquia e fez o melhor possível, inclusive melhorando o sistema de stealth, reforçando que não é recomendado jogar Exodus como se fosse um Call of Duty, por ter munição escassa e por ser bem mais fácil morrer aqui.

Entrar atirando em uma sala com 3 ou 4 inimigos pode não ser uma boa ideia, porque apesar de ter uma jogabilidade melhor, o jogo carece de uma habilidade com a mira por parte de Artyom, que parece ter um atraso na resposta dos comandos. A iluminação também é um fator que atrapalha bastante na hora de identificar a posição correta de quem está mandando bala, não importa que seja um ambiente muito escuro ou um muito iluminado, as lanternas que os inimigos carregam também podem confundir nossa mira. Pensando nisso e na escassez de munição, não importa o seu arsenal, a melhor saída para os combates quase sempre será utilizar e abusar do sistema stealth no jogo, o que é muito útil e super bem desenvolvido, Uma luz no punho do protagonista mostra se estamos fora do campo de visão dos inimigos e em lugares com pouca luminosidade. Destaque para o controle do Playstation 4, que ajuda quem gosta de usar esta tática, pois a luz do controle acende ou apaga de acordo com a posição de Artyom, com isso sabemos se ele está escondido ou não.

O sistema de criação de itens está de volta através de mesas de trabalho situadas em pontos de checagem livres de inimigos. Como os recursos no geral não existem em muita quantidade, a melhor saída é juntar o máximo de ingredientes que encontramos espalhados pelos cenários para poder criar munição para as armas, filtros de ar para a máscara de gás, itens para encher a barra de vida, facas de arremesso, coquetel molotov e alguns tipos de explosivos. Nas mesas também é possível realizar a manutenção das armas como equipar melhorias e realizar a limpeza para que tenham melhor desempenho e não emperrem – algo similar ao que é visto em Red Dead Redemption 2. Durante a jornada, todos os inimigos mortos tem algum item a ser saqueado, sendo possível encontrar armas novas ou com modificações para melhorar as armas que estamos carregando no momento, como silenciadores, miras, carregadores, etc.

Dessa vez a produtora teve um trabalho a mais com relação ao design dos mapas, já que o gameplay não está focado em túneis e ambiente subterrâneo. Agora, com a exploração da superfície na grande parte do tempo e com variações de clima, como chuva e neve, e de ciclo de dia e noite, o estúdio teve que elevar a qualidade do sistema de iluminação utilizado e do design de mapas para reproduzir a imagem mais realista possível. Apesar do capricho com relação ao ambiente, o mesmo ainda não pode ser dito para os personagens que ainda sofrem um pouco, mesmo este sendo o terceiro jogo. Claro que o design visual deles melhorou comparado a Last Light, sendo mais detalhado do que muitos jogos da atualidade, mas ainda é possível ver movimentos robóticos e estranhos em alguns momentos. A animação facial que os personagens têm são péssimas, suas feições se movimentam de uma maneira muito artificial na tentativa de demonstrar qualquer emoção, algo que merecia um pouco mais de atenção, mas isso não atrapalha em nada o gameplay. Apesar da pouca variedade de monstros presentes no jogo, eles são muito bem feitos, o que pode ser percebido quando eles pulam em cima de Artyom para atacar.

Como o foco da franquia é a sobrevivência em terrenos infestados por seres que podem atacar a qualquer momento, para manter os jogadores em um estado de imersão maior do que o normal, existem vários momentos em que não há música ou apenas ouvimos uma composição bem leve que remete ao mistério e ao desconhecido, deixando a música alta apenas para a hora da ação e cenas de corte. Com isso, o jogo destaca mais o som do ambiente, nos deixando ouvir claramente o barulho do vento, de monstros rastejando ou voando, conversas ao longe de inimigos que podem trazer mais sobre a história do local e do jogo em si. A sincronização labial poderia ser um pouco melhor, como de costume, Artyom não fala durante a partida e sua voz pode ser ouvida apenas na tela que aparece entre as fases e na abertura do jogo narrando os acontecimentos da história. Infelizmente, o jogo não traz dublagem em português, mas a localização é muito bem feita e transmite com fidelidade na tradução tudo o que está sendo dito. Um dia os níveis de radiação presente na superfície e no ar podem diminuir e talvez os netos de Artyom possam sair para brincar.

VEREDITO

Com um novo foco em seu sistema de exploração que saiu de túneis e locais fechados para poder explorar a superfície, a série ganha novo fôlego neste que é o melhor jogo da trilogia. Apesar de existir mais espaço para explorar atrás de segredos, suprimentos e recursos, a 4A Games não encheu “Metro Exodus” de missões paralelas que servem apenas para prolongar o tempo de gameplay sem adicionar nada para a história, como acontece nas séries Fallout e Far Cry, e manteve uma certa linearidade na narrativa em seu “mundo aberto”.

Felipe de Andrade

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