REVIEW | ‘NIOH’ consegue ser fantástico e bem autêntico

Leandro Stenlånd

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28 de agosto de 2017

Não é todo dia que alguém pode jogar algo que se passa durante o Japão Feudal. Apesar dessa experiência ter sido possível em For Honor e Shadow Tatics, Nioh consegue se desmembrar desse nicho e executa muito bem seu papel. Qualquer fã de dificuldade extrema, seguidor da franquia Souls, sabe que encontrará algo muito linear aqui. Fica difícil escolher entre Dark Souls, BloodBorne e Nioh se formos pensar pelo lado da dificuldade extrema nos games.

Estamos diante de uma guerra sem precedentes, onde ninjas e samurais se enfrentam sem precedentes, lembrando muito o que qualquer um teve a oportunidade de ler na “Arte da Guerra”, seja ela de Sunzi ou Wunzi. O jogador assume o controle de um pirata que sente conexões extremamente fortes com o caminho do Bushido, livro de práticas samurais. Em uma história além do bem contra o mal, mas também de descobertas pessoais e aceitação do destino próprio.

CONFIRA ABAIXO NOSSO GAMEPLAY DE NIOH

Muitos tiveram a audácia de comparar Nioh com a franquia Souls, mas prefiro dizer que, o jogo desenvolvido pela Team Ninja consegue ser extremamente melhor em todos os aspectos. Eu gosto muito da fórmula Souls, mas digamos que já está batida. Tudo tem seu inicio, meio e fim. E assim, como vários outros jogadores, demorei para entender a essência, mas com o passar do tempo ela vai enjoando, pois tudo que o jogo passa como referência é sua jogabilidade, visto que muitas das vezes o gráfico deixa a desejar. Em Bloodborne, o jogo não ficou atrás, tendo um gráfico meia boca com uma jogabilidade constantemente difícil e uma história razoável. Nada mais. É aí onde tudo muda, pois quando o game passa a ter uma narrativa real e acaba se passando no Japão Feudal é que a coisa muda e muito.

A parte gráfica do game possui um design muito bom, com os cenários apresentando uma seleta  variedade de chefes, de simples inimigos espalhados no mapa – que felizmente não é open – mas certamente se seu personagem cair na esquina errada, vai acabar morrendo e muito. A parte gráfica confunde o jogador, assim como em sua total estrutura, não tendo muitos caminhos ou esconderijos que sejam óbvios, não existindo grande repetição na exploração, mas que certamente haverá alguém ali, num ‘bequinho’, escondido esperando você passar para que finalmente seu personagem seja morto. O jogo está longe de ter queda de framerate, rodando perfeitamente em 1080P com 60FPS, mas preferimos gravar nosso gameplay e 720P, até para conseguirmos disponibilizar o vídeo de forma mais rápida em nosso canal.

Para quem não é entendido no assunto, a primeira coisa a se fazer é rotular Nioh como mais uma cópia da fórmula Souls, mas isso é tremendamente injusto. É inegável que a experiência da From Software exerce claras influências na maioria dos jogos, mas todo e qualquer jogo precisa ter seu ar para respirar e sua autonomia, visto que estamos diante de uma identidade que faz toda a diferença em qualquer game. Se Souls é difícil, temos por outro lado uma gigantesca influência de Ninja Gaiden também. Aliás, a influência é mais carregada provinda dos ninjas do que dos Souls. Aqui, qualquer inimigo acaba se tornando um boss. Para terem uma ideia, os iniciados no gênero sofrerão com simples candangos espalhados no mapa, e digo isso, pois um amigo foi jogar Nioh em sua casa e, no início da fase, mal passava de um simples guarda atirando flechas.

É aí onde a diversidade das armas ajuda e muito nossa experiência. Se temos de um lado inimigos atirando flechas e outros objetos à distância, temos para nossa livre escolha cinco grupos de armas sendo elas katana, katana dupla, machados, lanças e kusarigamas. Cada arma utiliza certa quantidade de estamina de seu personagem, portanto, pode ser uma escolha errada que matará você. Temos também arco e flecha e baioneta para utilizarmos, fazendo com que esses inimigos distantes venham a perecer caso queiram atrapalhar um bocado nossa experiência.

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Cada arma pode ser utilizada em conjunto com três posturas: alta, média e baixa. A postura alta tem ataques lentos, mas que causam mais dano, além de ter uma defesa muito mais apurada. É preciso dizer que os ataques dos inimigos, mesmo defendendo, causam dano. Com a postura alta, o dano causado em seu personagem é consideravelmente menor. A postura baixa é ideal para ataques rápidos e com pouca força, enquanto que a postura média age como um meio termo entre ambas, sendo esta algo que para muitos será o ideal. Contra chefes muito grandes, o ataque rápido é ideal para balangar o inimigo rapidamente e sair antes que ele te esfole com um ataque fulminante. Cada grupo de armas ainda tem suas características únicas que afetam como cada postura deve ser utilizada, no entanto, isso normalmente faz com que uma das posturas seja muito mais útil do que as outras duas.

Há a possibilidade ainda de invocar ajuda de um espírito que pode ser escolhido no jogo como seu ajudante em suas armas e, assim, podemos invocar um fantasma de um outro jogador que tenha morrido num certo local e, com isso, avançamos com maior facilidade. No entanto, abusar disto fará do jogo algo muito fácil, então é melhor deixar para o boss, que de certa forma nem o arranhará.

A constância da narrativa nos apresenta diversos personagens que fizeram a diferença durante o Japão Feudal. Kublai Khan já aparece por exemplo na introdução do jogo, mostrando como as invasões mongóis do Japão, entre 1274 e 1280, e de Java, em 1293, não foram bem-sucedidas. O país encontra-se em guerra há anos, e só há morte e desolação em todo território – que não existe luz, apenas escuridão – onde os Yokais, espíritos malignos ditam facilmente tudo o que acontece naquela terra. Um detalhe sobre o tempo em que se passa a narrativa e sua introdução é que, já de posse de nosso protagonista, a história de Nioh acontece em 1600, no final da era Sengoku (1467-1603) da história japonesa, período com muitas guerras que resultaram na unificação do Japão como país, ou seja, acaba nada tendo a ver com a invasão dos mongóis com a trama. Então, eis que estamos de posse de nosso protagonista, onde a trama mostra um marinheiro irlandês baseado e inspirado em William Adams, o primeiro inglês a pisar no Japão e, por sua vez, o primeiro samurai ocidental. Em perseguição, William navega até ao Japão em busca do seu espírito guardião Saoirse, encurralado e roubado por um alquimista inglês que pretende espalhar morte e tragédia no país oriental. Esta série de eventos coloca-nos no centro da batalha funesta entre várias classes e clãs.

Nioh mostra – com maestria – o peso de 10 anos de desenvolvimento com várias mudanças. A Team Ninja esforçou-se ao máximo para agradar a diferentes tipos de jogadores e a prova disso é o feedback reunido nas demos que permitiu aos fãs ajudar a melhorar a versão final. O jogo apresenta três modos de qualidade diferentes, um focado na ação, outro na qualidade de imagem e o terceiro procura um meio termo. Em todos eles, o aspecto visual não vai espantar ninguém e, apesar da simplicidade de alguns locais, o game apresenta cenários inspiradores que nos transportam para belos locais. O foco na ação e na fluidez da jogabilidade deverá ser encarado como uma aposta ganha por parte dos jogadores adeptos destas experiências. O modo ação é o melhor modo para jogar Nioh, pois é o que verdadeiramente honra a filosofia da Team Ninja, com uma jogabilidade a 60fps que torna os combates ainda mais excitantes para a experiência final.

Nioh de certa forma acaba obrigando o jogador a estar sempre mudando sua forma de jogar, afinal, cada mapa e cada oponente em seu caminho possui diferentes formas de ataques ainda que pareça um bocado repetitivo demais para o gosto de alguns. Foram exatas 165 horas de jogo, sem termos tido acesso aos DLC’s do jogo, e somente assim podemos dizer que é fácil perceber o quanto o game não é uma cópia de um jogo da saga Souls. É um jogo inteligente, bem pensado e que tem uma dos melhores sistemas de combate desta geração. Se desafio é o que procuram, então é este jogo que devem jogar.

A trilha sonora do jogo é muito boa, trazendo pontos marcantes para a imersão. Fica nítido também a qualidade da sonoplastia, apesar de alguns pontos serem bem esdrúxulos, como os gritos de “YEAHHHH, YNEÁAAH” dos soldados japoneses a todo momento. Um detalhe estranho é o contato entre nosso protagonista e os demais personagens da trama. Os personagens japoneses falam em japonês e William fala em inglês, o que fica bem esquisito porque todo mundo acaba se entendendo. Isso me fez lembrar a série Vikings, que parte do mesmo princípio. Os efeitos sonoros, no geral, não são dos mais variados, mas também funcionam.

VEREDITO

Nioh nos apresenta um jogo com uma dificuldade sem precedentes, se distanciando – felizmente – do que a fórmula Souls oferece. O jogo está mais para uma sequência melhorada de Ninja Gaiden do que seguidor de passos de Dark Souls. Temos aqui um game altamente difícil, se passando num período japonês que podemos desfrutar com esse ambiente oriental tão almejado por muitos.

Jogo analisado pela equipe do Blah Cultural com jogo adquirido pelo redator.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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