‘Rita’ traz o caos do cotidiano na quinta temporada

Giselle Costa Rosa

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18 de setembro de 2020

Se você está aqui, a princípio já conheça a série dinamarquesa Rita, uma comédia dramática criada por Christian Torpe. São cinco temporadas ao total, sem previsão de uma sexta (por enquanto).
A protagonista, vivida pela atriz Mille Dinesen, é uma personagem deliciosamente subversiva.  Ela faz você rir e refletir enquanto segue desafiando continuamente a hipocrisia ao seu redor: tanto da sociedade, quanto do sistema de ensino. 

Última temporada da série Rita

Nesta 5.ª temporada, Rita está solteira, bem como sozinha. Junto com a também professora Hjørdis, interpretada pela competente atriz Lise Baastrup, abrem uma escolinha para crianças. Aliás, nesta fase, sua personagem divide o protagonismo da série com a Rita. Enquanto a professora subversiva manda ver na sala de aula, Hjørdis cuida da parte administrativa e financeira da escola. 

 

Essa nova forma de se relacionarem, não mais de mestre e aprendiz, irá a princípio pôr em xeque a relação entre elas. O excesso de obrigações dessa nova etapa também complicará as coisas em casa, afetando o casamento de Hjørdis com Uffe.

Fake news e mazelas da pós-modernidade

A saber, Rita tem seus próprios métodos de ensino. Logo de cara, no primeiro episódio, ela tem que enfrentar o desafio de lidar com um divulgador de fake news mirim. Imagina os coleguinhas desse menino chegando em casa e dizendo que holocausto nunca aconteceu? Caos na certa (ao menos por lá). Entretanto, Rita lança mão de um de seus artifícios nada ortodoxos para resolver a situação.
Segue-se, durante os oito episódios, a abordagem de assuntos bem atuais e sensíveis como tinder, suicídio, depressão e abuso emocional. Assumir-se gay em cidade do interior, as postagens superficiais nas redes sociais, assim como a efemeridade do amor líquido.
Certamente, o bacana da série Rita é a exposição da fragilidade do ‘Ser Humano’. Além da conscientização do quanto estamos suscetíveis aos males do mundo. De uma maneira desnudada, vemos que isso muitas vezes é causado pela simples necessidade de pertencimento.

Há, de fato, muitos pontos colocados em jogo para reflexão. Nada é abordado em profundidade, mas, como são tratados de forma honesta, fazem pensar. A série Rita retrata bem nossa realidade. Apesar dela estar em um dos seus melhores momento de estabilidade, agindo com o máximo de maturidade e equilíbrio, bastam alguns acontecimentos para que ela se desestabilize e queira jogar tudo pro alto. Assim como muitos de nós diante das provações da vida.

A fragilidade masculina

Por conseguinte, é interessante ver como a fragilidade masculina é exposta nesta temporada. Seja na forma como eles exercitam sua paternidade, seja como eles respondem às pressões ao se relacionarem com mulheres fortes que valorizam suas carreiras. E lá vem a história colocar em voga mais uma tormenta de nossa sociedade pós-moderna. Como a mulher pode conciliar sucesso profissional, filhos e casamento? Será possível conseguir tal proeza sem danos colaterais?

Excessos e adversidades não poupam ninguém

Por fim, Rita nos dá uma aula de que nenhum excesso faz bem. Com uma personagem demasiadamente humana, essa produção mostra que nem mesmo a Dinamarca está imune às adversidades do mundo. Com o sétimo melhor sistema de educação do mundo, um sistema eficaz e gratuito de saúde e educação, além de ser um dos países mais avançados no quesito de equidade de direitos entre homens e mulheres, ainda sim, sofre com as mazelas da humanidade.

Ficha técnica

Criação: Christian Torpe
Elenco: Mille Dinesen, Carsten Bjørnlund, Ellen Hillingsø, Lise Baastrup, Kristoffer Fabricius, Nikolaj Groth, Morten Vang Simonsen, Sara Hjort Ditlevsen, Lykke Areia Michelsen
Data de estreia: 15 de Agosto de 2020
Temporada: 5
Ano produção: 2020
Duração: 312 minutos
Episódios: 8
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero: Comédia, Drama
País de origem: Dinamarca
Idioma: dinamarquês
Onde assistir: Netflix

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
8
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 8

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