Foto: Leonardo Lopes / ULTRAVERSO
Max e Iggor apresentam o jeito Cavalera de fazer metal no RJ
Cadu Costa
|8 de agosto de 2022
Nesta última sexta-feira (5), o Sacadura 154 recebeu o show dos irmãos Max e Iggor Cavalera para comemorar os 25 anos do clássico álbum do Sepultura, Roots de 1996. Chamado de “Return To Roots 25 Years”, a apresentação na casa localizada na região central do Rio de Janeiro foi, antes de tudo, histórico, brutal e – por que não dizer? – divertido!
A começar pela banda de abertura, The Troops Of Doom, do primeiro guitarrista do Sepultura, Jairo “Tormentor” Guedz. O icônico músico e seus parceiros apresentou canções do disco de estreia Antichrist Reborn lançado este ano.
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Foto: Leonardo Lopes / ULTRAVERSO
Sepultura, Soulfly e Cavalera Conspiracy
Mas o público do Sacadura 154 está ávido pelo metal trovão do show dos irmãos Cavalera. E meus amigos…quem viu, viu. Primeiramente, uma rápida recapitulação para quem acompanha o metal nacional: em 1996, no seu maior auge, o Sepultura tem de lidar com a saída abrupta de Max Cavalera. Além disso, ele e seu irmão Iggor ficam sem se falar por 10 anos, quando, em 2006, se reúnem como família e músicos. Depois tocam juntos no Soulfly, nova banda de Max, e montam o Cavalera Conspiracy. O resto, como dizem, é história.
Dino Cazares e Jairo Guedz
E a história foi feita mais uma vez quando Max e Iggor Cavalera adentraram o palco e os primeiros acordes de “Roots Bloody Roots” fizeram o chão da Sacadura 154 tremer. A partir daí foi porrada atrás de porrada na orelha. Como esperado, todo o disco Roots é tocado na íntegra. Então, estava tudo lá: “Attitud”, “Ratamahatta”, “Spit”,”Breed Apart”…até uma versão de “Lookaway” com um medley de “War Pigs”, do Black Sabbath e outro clássico do Sepultura, “Territory”.
Mas um fato que não poderia passar despercebido é adição para esta turnê – que passou por seis países e cinco cidades brasileiras – do lendário guitarrista Dino Cazares, um dos mais importantes nomes da música pesada que marcou época no começo dos anos 1990 com a criação do Fear Factory e do projeto Brujeria.
Quando as canções de Roots terminaram, veio a trasheira que só o jeito Cavalera de fazer metal poderia proporcionar. De cara, chamam Jairo Guedz de volta para tocar “Troops Of Doom”, colossal barulheira do disco Morbid Visions, de 1986.
Max então convida todos a cantarem “La Migra”, do Brujeria, e Dino Cazares faz sua melhor interação na noite tocando a música de sua antiga banda. Mas ainda teve espaço para covers de Titãs (“Polícia”) e Motörhead (“Orgasmatron”).
Foto: Leonardo Lopes / ULTRAVERSO
No ápice
Musicalmente falando, é inegável que os irmãos Cavalera ainda estão no seu auge mesmo depois de tantos anos. Iggor é uma força da natureza com sua criatividade e acima de tudo, técnica além do normalmente conhecido. Sua postura antifascista e protestos contra o atual governo brasileiro eram notáveis a ponto do baterista tocar com uma bandeira antifa presa em seu instrumento.
Max é diferente, praticamente um show à parte. O músico não estava somente falante, mas era um verdadeiro showman. Contava histórias, era engraçado, pedia pro público gritar, pular, abrir roda, errava letras, se divertia, parecia saborear as palavras ao poder falar português na sua terra visto que há muitos anos mora nos EUA. Hilário o momento que tentar ensinar Jairo Guedz a lembrar das casas na guitarra no meio de “Troops Of Doom”, ou quando pede para o público gritar “Verdadeiro Sepultura”. Foi ovacionado.
Sua voz também estava no seu poderio mais incrível aliado aos anos de experiência como quando vamos chegando ao final e ouvimos “Refuse/Resist” em uma versão diferente para encerrar de novo com “Roots Bloody Roots”.
Foto: Leonardo Lopes / ULTRAVERSO
Histórico
Por fim, é inevitável não pensar o quanto Max e Iggor Cavalera não são realmente o suprassumo da música pesada brasileira. Não seriam as lendas que são sem essa constatação. Independente do passado, do que é o Sepultura hoje, a bem da verdade, é que, depois de muitos anos, o que o público assistiu nessa sexta-feira, no Rio de Janeiro, não foi nada menos que a história da maior banda brasileira de metal de todos os tempos protagonizada por quem a criou. E isso não desmerece nenhuma das partes que ficaram, mas traz o valor pela emoção de estar num dia tão especial. O Sepultura é eterno e vimos onde ele realmente mora.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Foto: Leonardo Lopes / ULTRAVERSO
Setlist do show de Max e Iggor Cavalera “Return To Roots – 25 Years” no Sacadura 154
INTRO-ROOTS
INTRO-ATTITUDE
CUT-THROAT
INTRO-RATAMAHATTA
BREED APART
STRAIGHTHATE
SPIT
DUSTED
LOOKAWAY (WARPIGS/TERRITORY)
ITSARI
AMBUSH
BORN STUBBORN
DICTATORSHIT
INTRO-TROOPS
LA MIGRA
POLÍCIA
REFUSE RESIST
ORGASMATRON
ROOTS FAST
Cadu Costa
Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
