A comparação com GTA é inevitável. Os próprios produtores do 171 afirmam que a ideia do jogo veio com as “customizações nacionais” que os fãs realizam nos títulos da franquia da Rockstar, os famosos MODs. Mas, originalidade é uma característica marcante nos brasileiros e a galera da Betagames Group pretende inovar no que pode ser o primeiro game de mundo aberto totalmente produzido no Brasil.
O artigo 171 incide sobre crimes de ganhos ilícitos e prejuízo alheio. Esses e outros delitos fazem parte do universo de Nicolas Souza, personagem central do game. Nas periferias de uma cidade interiorana paulista o cara vai precisar ter jogo de cintura para conviver com a vigilância da polícia e confrontar membros de gangues violentas.
O Blah Cultural conversou com Renato Cesar e Diogo Moraes, desenvolvedores do 171. Eles falaram sobre os desafios de se produzir um game no Brasil e como está sendo o trabalho em torno do projeto 171.
Lembrando que os recursos para a produção de 171 são obtidos por meio de financiamento coletivo (crowdfunding), inclusive os integrantes da equipe “tocam” o empreendimento paralelamente com seus trabalhos. Então vale muito a pena participar de uma campanha que pode resultar em um dos melhores títulos produzidos em terras brasileiras. É só entrar no site www.betagamesgroup.com/doacai171 e fazer o seu investimento.

Imagem familiar? 171 será ambientado em periferia brasileira. Foto: Divulgação

Imagem familiar? 171 será ambientado em periferia brasileira. Foto: Divulgação


Blah Cultural: Como surgiu a ideia do 171?
Diogo Moraes: Foi mais ou menos em 2010. Na época que os MODs (modificações realizadas pelos jogadores) retratando o Brasil nos jogos ganhavam força. Percebemos o excesso dos MODs em jogos como GTA: San Andreas, por exemplo. Então criar um game  com estas características seria bastante legal e muita gente ia gostar.
BC: Quando a Betagames Group foi criada?
Renato Cesar: Foi fundada inicialmente pelo Diogo Moraes em 2010, então ele foi espalhando a ideia, e desenvolvedores foram se interessando. A equipe foi sendo formada com o tempo. Eu entrei em 2011.
BC: Hoje o estúdio conta com quantos colaboradores?
DM: Atualmente oito, estaremos apresentando três novos integrantes na equipe nas próximas horas. A nossa meta é aumentar um pouco mais, temos vaga disponível em uma área no setor de Criação. Os interessados podem se inscrever por meio do nosso site.
RC: E também o apoio do público que é muito importante, recebemos novas ideias, sugestões a todo minuto por e-mail.
BC: No vídeo do game a riqueza nos detalhes impressiona. O que o jogador pode esperar do 171?
RC: Aquela sensação de identificação com o Brasil, de estar andando no cenário que você convive diariamente, isso é único, além de ter também ambientes internos exclusivos para cada residência. Este aspecto aumenta demais a possibilidade de exploração do jogador.
BC: Na BGS deste ano vimos destaques de jogos com produção nacional como Horizon Chase e Get Over Here. O Brasil passou do patamar de ser apenas consumidor para também crescer no mercado de desenvolvimento de games. Quais as dificuldades de se tocar um projeto como o 171 por aqui?
DM: Realmente o Brasil está cada vez mais se fortalecendo no mundo dos games. A principal dificuldade de se criar um jogo desse porte é manter a criação apenas em horas livres, pois não trabalhamos diretamente com a criação. Estamos tentando reverter essa situação com a arrecadação de fundos via Patreon e já estamos conseguindo bons resultados iniciais.
BC: O Patreon será a única fonte de recursos até a finalização do projeto?
DM: O Patreon se encontra bloqueado atualmente, pois há alguns dias alguém prometeu uma doação de uma quantia extremamente alta e isso gerou desconforto no site. Entramos em contato com o suporte deles (Patreon) e estamos esperando uma posição quanto a isso.
BC: Existe outra forma de conseguir fundos para tocar as etapas do 171?
RC: Sim. Recentemente abrimos uma página de arrecadação em nosso site, justamente para evitar esse tipo de situação, como ocorreu no Patreon.
BC: Já é possível revelar alguma informação sobre a jogabilidade do game?
DM: Temos em mente a lógica que o game virá a ter e estamos trabalhando nisso, essa é uma área que precisa de muito cuidado então precisamos de certa atenção.  Mas o jogo possuirá uma jogabilidade agradável onde focaremos tanto na lógica do personagem quanto na dos veículos.
RC: E também vamos garantir uma harmonia entre a realidade e o virtual, mantendo a diversão no jogo.
BC: O cenário será ambientado em uma cidade de São Paulo ou ainda não bateram o martelo sobre isso?
RC: Bom, no começo o jogo seria retratado apenas no interior de São Paulo. Recentemente decidimos aumentar essa área de ambientação, agora faremos o possível para retratar São Paulo em uma versão reduzida, contando com Aeroportos, praias, lugares públicos. Mudando o nome de forma satirizada.
BC: Certamente o público vai cobrar versões em outros lugares, como o Rio de Janeiro…
RC: (Risos). Seria interessante futuramente, por que não?
 
https://youtu.be/itsIQRNNvQA