*Por Amanda Migliora

Para assistir alguns filmes de terror o gosto pelo gênero é fundamental. Esse é o caso do filme A Marca do Medo, de John Pogue, mesmo diretor de “Quarentena 2”. Para aproveitar a experiência é necessário estar disposto a acreditar, ainda que depois os mais interessados pelo tema se sintam “possuídos” por uma curiosidade incontrolável sobre a veracidade dos fatos que se desenrolam ao longo da película. A etiqueta “baseado em fatos reais” ajuda um pouco na ambientação do espectador, no entanto, essa aura de verdade se fragmenta podendo quebrar o clima para os mais críticos.

O enredo gira em torno de um experimento de caráter científico, coordenado pelo professor de psicologia Coupland, vivido pelo ator Jared Harris, de Pompéia e Sherlock Homes, dentre outros, que é auxiliado por dois de seus alunos Krissi (Erin Richards) e Harry (Rory Fleck-Byrne), e o cinegrafista Bryan, interpretado por Sam Claflin (Jogos Vorazes: Em chamas).Trata-se de uma tentativa de isolar as energias psíquicas negativas inerentes a uma jovem, Jane (Olivia Cooke – Bates Motel), tida como possuída por um espírito, e dominá-las enquanto uma energia física por meio de técnicas de parapsicologia para então orientá-las para um determinado objeto isolando seus efeitos maléficos sobre a “paciente”.

O professor, muito aguerrido à hipótese de que “possessões espirituais” são de fato patologias mentais passíveis de tratamento, leva seu experimento às últimas consequências, é aí que as coisas passam a se tornar assustadoras. Ambientado na universidade de Oxford na primeira metade da década de 70, A Marca do Medo conta com figurinos e  cenários característicos, mas não alegóricos, que aliados a interpretações convincentes, dão credibilidade aos interesses científicos das personagens.

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Pode se dizer que é um bom filme de terror, tem ritmo e todos os requisitos de tensão, clímax, etc. que um filme do gênero necessita para agradar seu público. O aspecto problemático é mesmo a fidelidade do roteiro aos eventos que inspiraram o filme, a saber, o denominado “Phillip Expiriment”. História que guarda poucas similaridades com o que se vê no filme.

No mais à semelhança de filmes como Bruxa de Blair 2 (pela forma mista de filmar), A Invocação do Mal (por tratar de uma tentativa de lidar com eventos sobrenaturais de acordo com uma metodologia específica) e Carry, a estranha (por tematizar a telecinese como manifestação de um mal) este filme tem tudo para fazer a alegria de muitos. Embora os clichês possam tornar questionáveis algumas escolhas dos realizadores, como a mocinha histérica que anseia pela atenção de todos os homens de sua equipe de pesquisa.

Filmes de terror não demandam muitas palavras, eles assustam, amedrontam, te fazem sentir a aura e a tensão que almejam com o clima dado ao enredo ou não. Ou seja, funcionam ou não. Afetar-se é necessário para sentir se um filme de terror funcionou contigo, critério que varia enormemente. Dito isso fica claro que não cabe que eu me prolongue  sobre a trama sob o risco de estragar sua experiência. Aconselho apenas que dê uma chance ao filme e que só pense melhor depois, o que será inevitável.

TheQuietOnes

Pontuo que as escolhas de trilha sonora, fotografia e direção de arte são muito bem-sucedidas e nas cenas iniciais o filme faz grandes promessas. O desenvolvimento da história cumpre suas promessas, mas sua execução não satisfaz completamente. Os clichês mencionados anteriormente, associados à desproporção de alguns movimentos do roteiro, podem desanimar o espectador do meio para o final do filme. Tomado como um todo, entretanto, o produto final é verdadeiramente interessante e a conclusão agrada tanto quanto o início, mesmo que por ventura em algum momento se tenha desacreditado  da história.

BEM NA FITA: trilha sonora, ambientação e atuações.
QUEIMOU O FILME: efeitos especiais, fios soltos no roteiro.

FICHA TÉCNICA
Título Original: The Quiet Ones
Gênero: Horror
Diretor: John Pogue
Roteiro: Craig Rosenberg, Oren Moverman e John Pogue
Elenco: Jared Harris, Sam Claflin, Olivia Cooke, Erin Richards, Laurie Calvert
País: Estados Unidos
Ano: 2014
Classificação: 14 anos