O Festival do Rio não vive somente de filmes novos que virão a ser lançados em breve, ele também possui algumas mostras com filmes cults. Nesse caso, vou falar de A Super Fêmea, um clássico cult nacional que pega muitas marcas da pornochanchada, gênero conhecido por ser uma comédia erótica que fez muito sucesso nos anos 70 e 80. Sendo tratada como sátira, esse gênero conseguia burlar a ditadura e falar de problemas sociais sem que caísse na malha da censura.

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Um laboratório de produtos farmacêuticos trouxe para o Brasil a polêmica pílula anticoncepcional masculina. Ao notar que enfrentam dificuldades para conquistar o seu público-alvo, em que 83% acha que terá problemas de impotência, resolvem contratar uma agência publicitária para ajudá-los. A solução provida é a contratação da mulher ideal que se chamará A Super Fêmea, que servirá de incentivo para que os homens quebrem o preconceito e usufruam do produto.

Um produto de sua época

Preciso situar a época em que o filme estreou, nos longínquos anos de 1973. Estamos falando de uma obra cinematográfica de 50 anos atrás que, apesar de seus grandes problemas, teve coragem de tocar em um assunto que era tabu – e que ainda é: o uso de anticoncepcionais masculinos. Começamos com as mulheres indagando porque só elas se submetem a isso e não os homens. Esse é o pontapé, mas de início também já vemos como esse assunto poderia ser tratado como um nada pelos próprios homens. Aquela veia machista é vista de cara. Para quem tem a mentalidade dos dias atuais, pode ser um pouco complicado.

Demorei um pouco para me desvencilhar desse empecilho. Até que consegui. Girei a chave e pude curtir o filme bem melhor. Entenda, ele não é maravilhoso, mas possui seus momentos que sem perceber dei boas gargalhadas. Seja por ser ruim demais ou por ter um ótimo insight cômico. A condução do longa dessa época se difere demais do que vemos atualmente e isso pode cair no vale da estranheza. Problemas de edição e montagem são notórios até para quem não sabe o que é isso. Chega a doer, mas posso passar um pano.

Momentos icônicos

O que mais achei interessante dele foi notar que, mesmo nos anos 70, no Brasil, bem no meio da ditadura, o filme conseguiu estrear. Ainda que pareça completamente machista com cenas bem exageradas, no subtexto nota-se que ele busca mostrar outras coisas. A independência da mulher vira assunto em determinado ponto e o fato dela não precisar de nenhum homem pode ter sido chocante para a época. Mas no Brasil tudo acaba em festa e o seu final com música da seleção brasileira de futebol, temos um daqueles momentos icônicos do cinema nacional com um toque de vergonha alheia e com a sensação de que vi algo único.

Conclusão

A Super Fêmea têm inúmeros problemas, sejam técnicos, seja de ideias, seja de construção de argumentos. Porém, entendo porque ele virou uma obra cult nacional. Ele possui bons momentos que vão valer a pena. Acho muito difícil os jovens conseguirem gostar dele. É uma linguagem bem diferente do que vemos atualmente, e uma barreira foi formada aí de certa forma. Por último, vale destacar a beleza de Vera Fischer no auge de seus 22 anos.

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Ficha Técnica do filme A Super Fêmea

Título original: A Super Fêmea

Direção: Anibal Massaini Neto

Roteiro: Anibal Massaini Neto, Çauro César Muniz, Alexandre Pires, Adriano Stuart

Elenco: Vera Fischer, Perry Salles, Adoniran Barbosa, John Herbert, Geórgia Gomide, Silvio de Abreu, Robert Bolant, Older Cazarré, Olney Cazarré, Walter Stuart

Onde assistir: YouTube

Data de estreia: 1973

Duração: 101 minutos

País: Brasil

Gênero: Comédia

Ano: 1973

Classificação: 14 anos