O filme acaba e não se sabe bem qual o sentimento imperante. Amor Fora da Lei, dirigido pelo competente e promissor David Lowery, é uma produção bem elaborada, construída sobre uma narrativa sólida com uma trilha sonora melancólica . Com uma montagem bem feita e uma bela fotografia, ora luminosa ora de tons esmaecidos – contemplada com o prêmio de Melhor Fotografia no Sundance Film Festival em 2013 -, a história captura o espectador até o fim. Mas isso pode não ser o bastante para agradar o espectador.
Nesta segunda produção de Lowery, meio folk e ambientada nos anos de 1970, no Texas, acompanhamos o drama do jovem casal Bob Muldoon (Casey Affleck) e Ruth Guthrie (Rooney Mara). Depois de um roubo mal sucedido, eles acabam se entregando. Bob, um cara sem a mínima preocupação com o que é certo ou errado, vai para a prisão e Ruth, mulher imatura, grávida e apaixonada, consegue se livrar de ser encarcerada e passa a esperar o dia em que Bob virá buscá-la. Quatro anos se passam até que ele consegue escapar da prisão, iniciando uma pequena jornada para encontrar sua esposa e a filha que nunca conheceu.
Um longa-metragem que fala sobre uma história romântica cujas decisões tomadas pelo casal culminaram numa difícil caminhada para ambos. Ruth é amparada por seu vizinho Skerritt (Keith Carradine) enquanto seu marido está preso. Carradine empresta sua experiência à trama, atuando de forma plena, ajudando na ambientação local.
Temos uma boa dose de ação no início que desacelera antes do meio do longa. Ruth, que era inconsequente, inicia um processo de amadurecimento a partir do nascimento de sua filha. Suas atitudes passam a ser mais ponderadas, vislumbrando novas perspectivas de vida. Assim, procura manter os pés no chão e permanecer longe de confusão. Rooney, que atuou em filmes como “Ela” e “Terapia de Risco”, confirma sua versatilidade e qualidade de atuação neste filme. Ela consegue transmitir nitidamente essa transformação de sua personagem, fazendo junto com Casey um belo trabalho, desde o sotaque caipira texano até a cumplicidade do casal.
Algo que pode deixar o espectador descontente é que tudo de mais importante acontece antes da metade do filme. E por isso uma sensação das coisas estarem se arrastando é normal. E o diretor não parece ter se importado, pois ele foca na parte emocional dos seus personagens, no desenrolar do objetivo individual de cada um. Do meio para o final, Patrick Wheeler (Ben Foster), o policial que foi ferido durante o tiroteio que causou a prisão de Bob, será o responsável por tracionar o enredo. Ele será o ponto de tensão, o potencial conflito que se arma. Inteligentemente Lowery sai do óbvio em seu roteiro, mesmo tendo propositais (?) pontas soltas. Tá, a história é batida, previsível, mas explora bem a limitação imposta a si própria, além de ser completamente recomendável.
BEM NA FITA: ambientação, boa direção e atuação do elenco e bela fotografia.
QUEIMOU O FILME: roteiro sem originalidade e com pontas soltas.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Ain’t Them Bodies Saints
Gênero: Crime / Drama
Elenco: Ben Foster, Rooney Mara, Casey Affleck, Keith Carradine
Direção de Fotografia: Bradford Youn
Duração: 96 min
Origem: USA
Ano: 2013