Ao Seu Lado
Crítica do filme
Black Sails retomou sua temporada há alguns meses. É preciso dizer que a série que terminou sua segunda temporada de forma enigmática junto ao tesouro de Urca, voltou em seu terceiro ano começando até bem. Apesar do tom mais filosófico alinhado aos discursos provindos de Game of Thrones (O tédio de muitos diálogos), cheio de reflexões e paralelos sobre escravidão, personalidade, medo e outras características mais abstratas, a série foi competente na apresentação de seus novos personagens.
Eloquentemente a temporada apresenta de forma concisa um dos piratas mais famosos de todos os tempos, alias, diga-se de passagem que é o mais famoso e conhecido dentre todos: Edward Teach, o Barba Negra – o verdadeiro, não aquele que foi morto por Vane em uma ilha de escravos, nem a moça apresentada a Silver na primeira temporada.
Michael Bay tenta impor neste terceiro ano, um formato mais delineado, mais lento. Na verdade o diretor tenta transpor ao telespectador um curso preguiçoso. Por vezes cansativo, o roteiro é cheio de rodeios até chegar o ápice do episódio. A necessidade de proteger Nassau foi belissimamente colocada em cheque em diversos episódios com a chegada do governador da Espanha. A presença do Barba Negra nessa temporada traz mais um personagem forte ao seriado. Há aquele grande grito dos três capitões alfa tentando loucamente ver quem é mais poderoso: Teach, Vane ou Flint.
A recuperação do forte e a segurança do ouro parece ter ficado com quem menos parece se impor: Jack Rackham. A parte administrativa do grupo todo envolvendo o tesouro de urca acaba se findando no decorrer da temporada, devido a má gestão do mencionado. Sua relação com Charles está mais estreita e é interessante vê-los conversando de igual para igual.
Até agora o que tem incomodado e bastante é que em todas as temporadas da série, inclusive esta última até o momento, ficou muito claro o quanto Flint evita expor suas reais intenções, manipulando totalmente sua tripulação, jogando com as emoções de seus comandados, promete grandes ganhos e no fim trai sem remorso até a ele mesmo. É ai onde o roteiro arrastado cansa a alma, pois apesar de os personagens terem sido bem conduzidos, é Flint que tem sido o calcanhar de Aquilles de toda a série. A história tenta gerar coerência do iapoque ao chui, mas quando se trata de Flint, tudo que ele fala, tudo que ele tenta expor, acaba corroendo seu cérebro e você fica sem entender o que ele realmente quer. Sabemos que Capitão Vane, Flint e Teach são nada menos que déspotas. Mas é Flint que leva até Black Sails um Quilombo estrangeiro e governado por uma mulher com ligação direta a Nassau. Essa ligação é estridente demais regendo o inverso da lei áurea aos brancos ali aprisionados, prontos para a morte. Black Sails desenvolve muito bem seus personagens, e o povo provindo do Quilombo, regendo seu sofrimento escrachado por uma vida retida em uma ilha escondida acaba sem saída senão ajudar Flint em sua manobra para tomar Nassau de volta.
Charles Vane embarca numa missão onde é necessária uma certa troca. Nassau precisa respirar, viver e sair de sua prévia escravidão. A condução do capitão ao seu destino final, faz com que a série tome proporções diferenciadas. Ainda não teve um episodio ruim sobre a discordância daqueles que querem tomar Nassau para si e os que querem resgata-la de um futuro funesto. É ai onde a aparição dos escravos na ilha foi muito agregador ao que estaria por vir.
Há vários detalhes que conduzem a série para algo realmente muito bom, tais como a ótima fotografia, a trama inteligente, cenas de ação bem dirigidas, coerência no roteiro em 90% da série, coreografias de lutas simples e diretas, mas que mostram no fundo as pessoas nem sequer se batendo, efeitos visuais e especiais bem feitos, cenas eróticas e apelo sexual na medida, enfim, nada que possa definir este seriado como algo ruim.