Ao Seu Lado
Crítica do filme
Você já assistiu esse filme. Mais de uma vez. Jovem meio perdido na vida casualmente encontra algo que concede poderes incríveis, aprende a usá-los e combate o vilão da vez enquanto conhece uma garota que de outra forma seria inacessível para ele, etc. A fórmula já está gasta e reconhecível demais. Assim, o único diferencial que mais um longa de quadrinhos sobre a origem de um personagem, ainda mais de segundo escalão como, pode oferecer é o entorno do protagonista.
Besouro Azul começa com o retorno para casa após a conclusão da faculdade do jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña, de Cobra Kai). Chegando à sua cidade, vê que há um processo de gentrificação a todo vapor e que seu diploma não garante muitas oportunidades no mercado de trabalho.
Ele acaba acidentalmente se envolvendo em uma discussão entre Jenny Kord (Bruna Marquezine) e sua tia Victoria Kord (Susan Sarandon, um tanto insossa e aparentemente desinteressada), vilã principal do filme que por algum quer sair da especulação imobiliária para a fabricação de armas ultra-tecnológica, cuja fonte acaba com o jovem e o transforma no personagem-título.
Sem precisar esconder a identidade secreta em nenhum momento de sua família, Reyes vai aos poucos aceitando que agora é parte de um mundo de seres superpoderosos, com citações obrigatórias de alguns personagens da DC e Easter Eggs no meio dos diálogos.
Besouro Azul carrega nos clichês e ângulos e tudo mais que já foi feito em matéria de filme de heróis. Mas como dito, a diferença aqui está nos coadjuvantes, e a família de Reyes é quase que uma “Besouro-família”: participa dos planos, da ação, dos conflitos, e com uma quantidade de carisma poucas vezes vista em sidekicks na telona.
Difícil até destacar alguém do núcleo: é humor e drama sem gratuidade, de uma forma que os latinos que assistirem ao filme não se identifiquem. Da mesma forma que Chapolin é consumido da fronteira dos EUA com o México até o Cabo das Tormentas, as situações e soluções da família Reyes irão arrancar sorrisos e frases como “minha/meu avó/mãe/pai/irmã/tio são a mesma coisa”.
O maior defeito, entretanto, é o roteiro não se aprofundar mais no conflito de interesses entre o casal principal e seus objetivos referentes aos “investimentos” na cidade. O assunto é tocado rapidamente no início e no fim, sem muitas consequências e com uma solução fácil que beira a ingenuidade.
Ah, e a Bruna Marquezine, motivo de frisson no público brasileiro? É difícil classificar suas capacidades dramáticas no filme que um texto padrão em uma personagem que vai de interesse amoroso a intermediária no conflito com a vilã principal. Mas ela faz o possível. Além disso, provavelmente o público gritará quando ela fala uma frase em português.
Enfim, Besouro azul é um típico filme de herói, e é saboreado melhor sem expectativas além do que se propõe. Tem bom humor, cenas de ação bem construídas e personagens carismáticos. Mas a sensação é que falta um pouco de pimenta nos ingredientes para causar mais impacto.
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Título original: Blue Beetle
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 17 de agosto de 2023
Duração: 127 minutos
País: México, EUA
Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Ficção
Ano: 2023
Classificação: 14