Ao Seu Lado
Crítica do filme
Homem de Deus (The Man of God) é um novo filme nigeriano que chegou há pouco tempo na Netflix. No longa, conhecemos Samuel (Akh Nnani), filho de um pastor que o trata de uma forma bem dura por não seguir os preceitos da religião. Após cansar dos abusos, ele foge de casa e começa a usufruir de sua liberdade e curtir os prazeres mundanos. Em sua nova vida, o protagonista conhece três mulheres que mexerão com ele de formas diferentes. Assim, ele começa a repensar a sua vida atual com a que, teoricamente, está predestinado.
Indo diretamente ao ponto, Homem de Deus é um filme ruim. Diversos motivos me levaram a essa conclusão e vou tentar colocá-los todos aqui para que eu me faça entendido.
A forma como a religião é conduzida em Homem de Deus me soa muito errado. Não sei como os nigerianos a veem. Também não sei dizer se o que está representado aqui é crível ou não. Não conheço seus costumes, mas me pareceu tudo como uma grande imposição do que deve ou não ser feito. O tratamento que o pai dá ao filho em seu início me parece cruel e errado. Entendo a revolta do garoto e porque ele fugiu. Até aí, acho que todo mundo está junto nesse pensamento. O problema é que mais pra frente tudo faz parecer que o menino é que estava errado e o pai dele é um coitadinho.
A religião é um assunto muito difícil de ser comentado, pois para ofender alguém basta dizer um “a” de modo diferente. Ela aqui, por diversos momentos, é vista como um fim. Você só será uma pessoa boa e irá prosperar na vida se seguir os preceitos de seu dogma. Fora disso, você é praticamente um excomungado e um mal elemento. Dessa forma, ou é da igreja ou está possuído pelo demônio.
Com isso tudo, Samuel poderia ser humilde, tentar mostrar que não é bem assim. Mas o que acontece? Ele resolve se beneficiar com a igreja. Quando descobre que esse é um dos modos mais lucrativos, o personagem principal funda uma igreja e fica rico. Não tivemos nenhum aprendizado aqui e, por um bom tempo, nosso protagonista é chamado de todas as coisas ruins possíveis, o que acaba fazendo sentido. No final, ele possui sua redenção, mas não da forma que acho que deveria ser realizada.
No entanto, Homem de Deus também tem muitos problemas técnicos, não que alguém esperasse uma obra-prima. O roteiro é confuso, parecendo . Me parece que foi escrito com umas 500 páginas e tiveram que condensar em um longa com um pouco menos de duas horas de duração. Isso resulta em cenas sem nexos e simplesmente tacadas na sua cara. Por incrível que pareça, se passa mais de 10 anos na história e nada parece ter mudado. Ainda temos uma acusação grave contra o protagonista que simplesmente não tem uma resolução.
Por tantos defeitos, Homem de Deus me irritou e me tirou do sério por algumas vezes. Só recomento para quem for fã do cinema nigeriano com afinco. Se não for o caso, passe longe. É um tempo precioso e vida perdida com uma obra que não chega nem a ser mediana. Meu texto ficou tão sério que eu pretendia falar um pouco de algumas coisas engraçadas que tem nele, mas a verdade é que nem tem clima pra isso. Deixa pra lá, escolhe outro filme, saia de casa, respire ar puro, mas não pare para assisti-lo.
A saber, o filme Homem de Deus já está disponível para os assinantes da Netflix desde o dia 16 de abril de 2022. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Akah Nnani
Osas Ighodaro
Atlanta Bridget Johnson
Dorcas Shola Fapson
Título original do filme: The Man Of God
Diretor: Bolanle Austen-Peters
Roteiro: Shola Dada
Duração: 111 minutos
País: Nigéria
Gênero: drama
Classificação: 14 anos