Ao Seu Lado
Crítica do filme
No dia 24 de novembro Matheus Nachtergaele estreia a segunda etapa do processo de Conscerto do Desejo, espetáculo no qual recita textos de Maria Cecília Nachtergaele, mãe do ator, falecida em 1968. Em julho desse ano, Matheus e o violonista Luã Belik, apresentaram no festival de teatro de Ouro Preto e Mariana, um recital com músicas que compuseram juntos, poemas de autoria da poetisa e canções por ela adoradas. Nessa etapa do processo, Matheus passa a dizer os textos de Maria Cecília em primeira pessoa, numa operação delicada de possessão e homenagem. A construção desse espetáculo, segundo o ator ( e diretor ), acontecerá diante do público. ”Preciso das pessoas, como observadores emocionados disso tudo. Quero ir consertando meu desejo de acordo com essa emoção, dia após dia. Como na vida. Como no Teatro. Isso, só o Teatro pode nos trazer. Temos um horário alternativo, um ator, um violão, lindos poemas e a canção.Tudo pequenininho para a grandeza do essencial: artista e espectador em oração profana.
Tradicionalmente o desejo pressupõe carência, ou alguma forma de indigência: Um ser que não carecesse de nada, não desejaria nada. Seria um ser perfeito, um Deus. Por isso a filosofia, tantas vezes, considera o desejo como característica primeira do ser imperfeito, do ser finito. Quero consertar meu desejo com poesia, num concerto. Explico: minha Mãe, a poetisa Maria Cecília Nachtergaele, faleceu quando eu era um bebê de três meses. Dela, me restaram seus poemas, lindos e maduros, escritos de uma jovem mulher moderna e triste, e essa veia que me marca a testa quando rio ou choro muito. Em Conscerto do Desejo, acompanhado pelo jovem violonista Luã Belik, direi finalmente os poemas que guardei nos olhos e na alma como única herança dela. O espetáculo é simples assim: Um homem (que por acaso é um ator) diz no palco as palavras escritas por sua mãe. Um violão (não por acaso, pois Maria Cecília amava os violões) o companha. É só isso, se isso for pouco.
::: SERVIÇO