Ao Seu Lado
Crítica do filme
Para começo de conversa, devo dizer que pela segunda vez em minha vida, durante uma cabine de imprensa (sessão exclusiva para jornalistas), vejo um filme ser aplaudido ao término.
Sem Dentes – Banguela Records e a turma de 94 é dirigido por Ricardo Alexandre e produzido por Alexandre Petillo. Ambos com outras experiências sobre o rock brasileiro. O que reforça o papel desse documentário que mostra em um documentário leve e divertido a atmosfera do rock brasileiro da década de 90. O primeiro já havia escrito por meio de entrevistas com o produtor Carlos Miranda, membros do Titãs (onde Charles Galvin é o que mais fala), jornalistas de grande mídia da época, executivos de gravadoras e vários dos músicos envolvidos, o documentário mostra o início da década de 90 quando o país dirigido por Collor, tinha um recesso no mercado do rock brasileiro depois do “bom” da década de 80 com bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e os próprios Titãs entre outras. A grande verdade é que o país naquele momento era dominado pelo sertanejo e axe music.
Miranda talvez seja o nome de maior destaque no documentário, afinal de contas, seu nome foi extremamente importante para o Banguela. O próprio surgimento do Banguela que lança os Raimundos em um show de abertura dos Titãs depois de um grande blefe de Carlos Miranda junto ao jornalista André Forastiere. Obviamente que não vou estragar a surpresa, mas simplesmente dada a notícia, os responsáveis tiveram que correr atrás do fogo alardeado por Miranda.
Em determinada passagem do documentário, Miranda diz que o rock dos anos 90 é a melhor da história do rock nacional, visto que o da década de 80, basicamente imitava o que vinha de fora. Muitas vezes apenas cantando em português um som “gringo”. Essa aliás, foi uma das coisas que ele mais falou com Chorão do Charlie Brown Jr. que no começo da carreira ainda cantava em inglês.
Desse barco, surgen nomes definitivos ao cenário nacional como Raimundos, Mundo Livre S/A, Chico Science e Nação Zumbi, Skank, O Rappa, Patu Fu e mesmo nome que não tiveram uma projeção tão grande como Little Quail and the mad birds e Maskavos Roots, mas não se enganem. A lista não para por aí.
Como veio a nova onda, ela também se foi. Miranda pensa que bandas como Mamonas Assassinas que foram realmente um fenômeno de vendas e Los Hermanos que caminharam por caminhos onde não precisava vender e sim, viver de lei de incentivo e conhecer os jornalistas certos, fizeram com que o mercado tivesse um retrocesso novamente. Os novos meios de propagação via internet com certeza afetam nas vendas, mas Samuel Rosa do Skank se pergunta o que foi que sua geração fez que não conseguiu manter o interesse no novo público no rock brasileiro.
Imperdível. Uma aula de história do rock brasileiro.
FICHA TÉCNICA
Documentário/musical. 121 minutos.
Direção: Ricardo Alexandre.
Roteiro: Ricardo Alexandre e Alexandre Petillo.
Edição: André Pires, Fabio Tintim, Felipe Boy, Rafael Rezende.
Produção executiva: Nadia Pontes, Erick Miranda, Alexandre Petillo.
Direção de arte: Eduardo Oikawa e Erick Miranda.
Fotografia: André Pires.
Elenco: Carlos Eduardo Miranda, Charles Gavin, Dado Villa-lobos, André Forastieri, Fred 04, Gastão Moreira, Fernanda Takai, Nando Reis, Samuel Rosa, Pena Schmidt e outros.