Crítica SEM SPOILER!

Nada seria tão simples quanto parece se não fosse o poder que esta série possui. Dotada de um mix esplendoroso, com o máximo que uma série de terror possa ter, Penny Dreadful que escancara para o leitor e o telespectador um jeito uniforme de assistir tudo aquilo que vem em sua mente sobre o que é um Drácula, um Frankenstein, dentre outros vilões super conhecidos que se encravam nesta série de forma dramática!
Se Skyfall fez muito sucesso, o diretor Sam Mendes e o roteirista John Logan emplacaram Penny Dreadful na Showtime no começo do ano passado. Penny Dreadful nada mais era que uma forma meio que popular tipo de ficção na Inglaterra vitoriana, na qual histórias sanguinolentas e sensacionalistas eram publicadas em série. Como cada capítulo ou edição custava apenas um penny (um centavo), essas histórias eram apreciadas pela classe trabalhadora. Entre os personagens célebres surgidos nas penny dreadfuls, destaca se o barbeiro (demoníaco da rua Fleet) Sweeney Todd. Anos depois o grande Sondheim fez o musical, e depois Tim Burton enfiou Johnny Depp e Helena Bonham Carter em sua adaptação para o cinema – e, aliás, os dois estavam excelentes.
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Não sei se voce sabe mas o termo NIGHT WORK se encrava na pele do telespectador aqui, e assim os 50 minutos do episódio, chamado Night Work, espantaram quaisquer preocupações de desapontamento. A qualidade técnica e artística esperada estava toda ali, envolta em medo e tensões, principalmente a sexual. E, entre os diferenciais de Penny Dreadful que foram perceptíveis neste primeiro episódio, está a capacidade de subir o nível do estilo tosco das penny dreadfuls para o dos primores literários que compõem a trama, como O Retrato de Dorian Gray, Frankenstein e Drácula.
A pergunta que não quer calar até o presente momento desta crítica é: Por que fundir três personagens tão intrépidos em apenas um único seriado? Seria esta a forma de ver tudo ”junto e misturado”?
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Bom, o fato é que EVA GREEN é suprema, uma das melhores atrizes já vistas em encenação até o presente momento e como é possível ter medo só de encarar o seu olhar lúgubre. É pra lá de loucura dizer que esta seria uma série psicosexual? Não posso afirmar corretamente, mas todos sabemos que no início da trama fomos apresentados a Ethan Chandler (Josh Hartnett), um ator americano que viaja com sua “trupe circense” itinerante pelos países afora. Logo percebemos que Ethan tem algo a mais, e com uma habilidade excepcional no manuseio de armas de fogo, seu espetáculo se baseia justamente no seu ponto forte. Lá ele é sondado por Vanessa Ives (Eva Green), uma mulher coberta por vários mistérios (que aparece logo no início do episódio, rezando Ave Maria com aranhas andando na sua mão). Vanessa convence Ethan a realizar um trabalho noturno para ela e para o Sir. Malcolm Murray(Timothy Dalton), um explorador do continente africano que está em busca de sua filha que foi seqüestrada (?) por uma criatura.
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Mas e dai? Eu posso dizer que apesar de ter tido bastante expectativa, antes de apertar o “play” para assistir Penny Dreadful, hesitei. Respirei fundo, uma, duas vezes, e temi pelo que estava por vir. Até então não tinha visto nada tão aterrizador, e olha que Kingdom Hospital se tornou fichinha se comparado com esta. Sabemos que está por vir a série vinculada ao filme Exorcista, mas ainda sim, de maneira tão execrável, tão insuportável assim?. Um dos maiores prazeres da minha vida é justamente contemplar uma boa – e temível – história de horror, foi o que aconteceu em Invocação do Mal, que sinceramente foi o ápice de filmes de terror em minha opinião…simplesmente perfeito. Meu medo era de não gostar daquilo que assistiria nos próximos cinquenta minutos, diante de toda a expectativa que cultivei, semanas, em relação a Penny Dreadful. Felizmente não foi tão decepcionante seguir até o fim da série.
Todos nós sabemos que o período da Inglaterra Vitoriana já foi (e ainda será) muito explorado no cinema e na TV. São incontáveis os exemplos. Bons e ruins. As descobertas científicas, o mundo steampunk, a eletricidade surgindo, a escuridão e podridão constante e, claro, os crimes. 
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A maior sensação da série, foi o episódio Grand Guignol” que leva a todos tudo que era esperado saber sobre a Inglaterra vitoriana e seus protagonistas em questão sobre tudo aquilo que é muito quisto sobre o poder da força sobrenatural e na frase “I Belive in Monsters”. Todos sabemos que Londres é o paraíso do terror. Contos de horror, Drácula…etc etc.
Como Penny Dreadful e Salem se iniciaram praticamente juntas, era algo esperado que uma fosse o esboço da outra, com sistema de possessões , bruxaria e afins, e apesar de ter relutado, ainda não deu aquele ”tchan” para continuar veemente com Shane West sendo protagonista de Salem, logo, Penny Dreadful com Eva Green ganha muito com seu poder de persuasão.
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Mudando de assunto e indo direto aos ”vilões” em Frankenstein e Drácula, a caracterização dos monstros é excelente, extremamente bem-feita e com um toque de sensacionalismo, combinando com o que as Penny Dreadfuls sempre idealizavam. E dissecar um vampiro e encontrar por debaixo da pele hieróglifos do Livro Egípcio dos Mortos (lembram do famoso Necronomicon?) Ainda não encontrei a relação literária/histórica, mas já estou me sentindo uma múmia esperando a continuação dessa trama. Alias, O roteiro é riquíssimo…Posso afirmar que em toda a série não há momentos de enrolação (AINDA). 
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A vontade de ver o crescimento da história foi maior que tudo e pude ver o surgimento de novos personagens e o desenvolvimento histórico que é pra lá de grande. E assim afirmar que Penny Dreadful é uma série elegante, provocativa e com qualidade seria muito justo. Os cenários são detalhistas, bem como os figurinos, praticamente todos os protagonistas são morenos de olhos claros, nesse contraste, e possuem uma imagem imponente. Eva Green domina todas as cenas em que aparece, é verdade, mas isso não diminui a força dos outros personagens. A narrativa da série é instigante, prende a gente durante o episódio inteiro, embora tenha, sim, momentos de pouca ação. Diálogos feitos para impressionar – como aquele que Sir Malcolm constata “o momento em que você percebe que não é mais o caçador, você é a caça” – aparecem aos montes e, por vezes, dificultam nosso entendimento do enredo. Nada muito grave. A série é toda poética, bem pensada, bem feita. Para uma simples idéia do poder da série , nem mesmo as cenas de nudez foram censuradas – foi tudo bem comedido.