Nessa quarta-feira ocorreu o lançamento do livro Mulheres Atrás das Câmeras, e houve uma roda de conversa com a participação das cineastas Ana Carolina, Júlia Rezende, Lúcia Murat, Suzana Werneck, Teresa Trautman e Tizuka Yamasaki. A mediação foi de Luiza Lusvarghi, co-organizadora do livro. E o BLAHZINGA, claro, esteve lá na cobertura.

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Eventos como esse tornam-se mais importantes devido a uma certa crise cultural que vem predominando no Brasil. Sendo o cinema uma área onde vemos tal situação com força, como o que acontece com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), sofrendo tantos ataques. Esse livro fortalece a sétima arte trazendo a questão do feminino na história do cinema brasileiro.

Protagonismo feminino

Erick Felinto, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), esteve presente e declarou: “O livro é um trabalho de qualidade que reúne ensaios e depoimentos e que dá para gente uma mostra importante do trabalho de cineastas, de mulheres que pensam cinema. O que acho fundamental, trabalhar essas interfaces na questão de gênero, raça e atividade cultural. A qual vai ser uma área de importante resistência nos próximos anos. Foi muito prazeroso e importante estar aqui nesse evento tão rico”.

A saber, a roda de conversa no evento abordou a história desse cinema brasileiro feito por mulheres, os desafios e perspectivas do cinema no Brasil. Na semana passada, estive, aqui pelo BLAHZINGA, cobrindo também o Cabíria Festival, a princípio, criado em 2015, como uma premiação de roteiros de longa-metragem com protagonistas mulheres, o Prêmio Cabíria já recebeu mais de 400 inscrições e engloba 3 categorias. Agora, virou festival.

Teresa Trautman

Perguntei para Teresa Trautman sobre esse momento de maior valorização da mulher e se existe possibilidade de isso ser atrapalhado de alguma forma.

– Depois que você conhece a liberdade você não volta mais atrás. Não tem volta. Eu vejo isso no máximo como uma questão pendular, mas não vejo nenhuma possibilidade de isso voltar atrás. Quem saiu do armário, não volta mais. Depois que você aprendeu o que é a liberdade, não aceita mais uma prisão – falou Teresa.

Luiza Lusvarghi que mediou o debate, é jornalista, pesquisadora de cinema e audiovisual e professora. Autora de Cinema nacional e World Cinema (2010), O crime como gênero na ficção audiovisual da América Latina (2018). Ainda por cima, é vice-coordenadora do Grupo de Pesquisa Cinema da Intercom, integrante do Coletivo Elviras de Críticas de Cinema e foi diretora da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) entre 2015 e 2019.

– Teresa Trautman fez um filme que na época era chanchada. Um filme leve sobre uma mulher, que teria ter algumas experiências com o marido. Uma coisa bem em voga, muitos homens fizeram na época da chanchada, que não é a pornochanchada, é um pouco antes. Aquelas comédias leves que abordavam a questão da liberalização dos costumes. E, no fundo, se você pensar o filme dela objetivamente ele não tem assim… Mas o filme se chamava ‘Os homens que Eu Tive’. Então tem o trabalho de um pesquisador em São Paulo só sobre a censura. O problema do censor era o título, o fato de ser uma mulher, e como iria repercutir para as outras mulheres daquele período. Um absurdo – afirmou Luiza.

Teresa Trautman na época, inclusive, foi censurada e ficou um tempo sem poder trabalhar devido a isso.

27 textos

Enfim, o evento foi aberto e ocorreu na Livraria da Travessa de Ipanema. Aliás, foi editado em parceria com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018 é fruto de uma inquietação perante as poucas informações disponíveis sobre a história do cinema brasileiro feito por mulheres. O livro contém 27 textos estruturando esta produção por meio de ensaios com recortes temáticos ou focados em figuras de destaque. Vamos desde o pioneirismo de Cléo de Verberena (a primeira realizadora mulher), Carmen Santos (produtora, atriz, criadora de estúdios) e Gilda Abreu (roteirista e diretora do sucesso O ébrio [1946]), até diretoras em atividade como Anna Muylaert e Suzana Amaral. A edição também inclui filmografias das realizadoras perfiladas e o “Pequeno dicionário das cineastas brasileiras” com mais de 250 verbetes.

BÔNUS – Feira Oriente de Artes Visuais

Entre os dias 27 de novembro e 01 de dezembro, a Feira Oriente de Artes Visuais (FO) ocupará a Galeria Aymoré, na Glória, com a exposição de 84 obras e uma grande programação paralela contando com lançamentos de livros, oficinas para crianças e adultos, conversas e festas. A saber, esta será a terceira edição do evento, que cresceu em tamanho e abrangência. A expressão ‘Artes Visuais’ se soma à ‘Feira Oriente’ original, já que vai contemplar criações para além da fotografia. Todas as atividades serão gratuitas.

::: SERVIÇO

De 27 de novembro a 01 de dezembro

Villa Aymoré – Ladeira da Glória, 26

Funcionamento:

27/11 (quarta), das 18h às 21h

Dia 28 e 29 (quinta e sexta), das 14 às 21h

Dia 30 e 1º (sábado e domingo), das 12h às 20h

A entrada é gratuita