A Passageira, dirigido por Salvador del Solar é um longa que retrata consequências, dor e problemas sociais. O filme é baseado na obra homônima de Alonso Cueto, que aborda em seu romance as consequências e os efeitos traumáticos de uma guerra sangrenta entre o governo peruano, civis e revolucionários comunistas. O sofrimento pós-guerra é um tema que com certeza ainda atinge o povo peruano, pois as batalhas contra as guerrilhas deixaram aproximadamente 70 mil mortes entre os anos de 1980 e 2000.

Salvador del Solar preocupou-se em trazer o filme para a realidade atual do povo peruano, embutindo algumas críticas, tais como, a desigualdade social, machismo, agiotagem e organizações de marketing multinível. Em cenas muito bem elaboradas durante o longa, Salvador aponta para esses problemas de uma forma incomplacente e sem medo colocar o dedo na ferida, pois trata-se de problemas recorrentes não só no Peru, mas em praticamente toda a américa latina.

A desigualdade social é mostrada dos dois pontos de vista. Do rico e do pobre. Levantando questões como, até que ponto podemos nos esconder atrás da pobreza para justificarmos atos de corrupção, ou até mesmo, quanto vale em dinheiro o sofrimento que alguém pode causar na sua vida?

Além da boa direção, a um elenco de peso no cenário latino, dentre eles temos o ator mexicano Damián Alcázar(Narcos), como o protagonista Magallanes, um ex-militar,  que leva uma vida sofrida no subúrbio de Lima exercendo a profissão de taxista.  Magallanes ainda encontra-se subordinado a seu ex-coronel, interpretado por Federico Luppi(A Espinha do Diabo, O Labirinto do Fauno), mas agora como cliente e passageiro de seu taxi. El Coronel, é atualmente um cadeirante que sofre de Alzheimer, e que depende da boa vontade do próprio Magallanes para seus passeios diários.

Entre uma corrida e outra, temos a aparição de Celina interpretada por Magaly Solier, ganhadora de um Urso de Ouro em Berlim 2009 com o filme A Teta Assustada. Celina é uma cabeleireira que sofre para manter o seu salão aberto, e enfrenta vários problemas, e um deles ela faz questão de deixar apenas em seus pesadelos, mas a vida o traz à tona num reencontro ocasional com Magallanes.

A trama central do longa, gira em torno do passado e presente desses ótimos atores citados acima, embora o enredo em alguns momentos chega a ser previsível, as atuações são um ponto forte que sobressaem.  O encerramento do filme condiz com seu enredo, mas está longe de ser clichê e com certeza fará você sair do cinema reflexivo.

Aprecie sem moderação.
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