Ao Seu Lado
Crítica do filme
Estrelas de Cinema Nunca Morrem traz uma Annette Bening impressionante no papel de Gloria Grahame, atriz aclamada da década de 50 que ganhou um Oscar de melhor atriz por “No Silêncio da Noite”. Logo de cara, percebe-se a boa atuação até no timbre de voz, trejeitos que ficaram exatamente iguais ao da personagem representada na trama, deixando de lado sua voz rouca e postura forte e agressiva para viver a protagonista delicada com voz aveludada e infantil com trejeitos felinos, sedutores e que desfilava encantos.
O cenários e figurinos retratam perfeitamente a época e os atores se encaixam muito bem em cada um de seus papéis. Jamie Bell interpreta um jovem ator em ascensão de carreira com problemas de auto-estima com relação a sua carreira. Peter Turner conhece Gloria Grahame e se encanta, não se sabe se por quem ela é ou se porque realmente se apaixonou. As nuances de olhar marcante e forte trazem, no entanto, a naturalidade da relação dos dois sem deixar dúvidas do amor ali existente, mas na época era um escândalo ela se relacionar com homens muito mais jovens.
Desde a primeira cena já sabemos da enfermidade da atriz, porém seu namorado desconhece esses fatos e a forma como é revelado a ele é dramática e muito intensa. Cada um dos atores vive intensamente seus personagens na trama e trazem o ar realístico à história baseada em fatos.
Entre flashbacks e idas e vindas, nós acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos de modo não cronológico às vezes pelo olhar de Gloria e outras por Peter. Isso acaba nos deixando perdidos em certos momentos, mas não por falha no roteiro e sim porque ficamos inebriados e envolvidos com a beleza da trama. Entre texturas, cores, uma bela fotografia e momentos nostálgicos que os próprios personagens vivem, além de lembranças de suas viagens à luz do luar, do mar e de cortinas esvoaçantes, a mágica paira no ar.
Tanto roteirista como diretor poderiam ter dado foco ao mundo de aparências que as estrelas vivem, indicação que o título nos traz, mas há uma sutileza tão grande e um distanciamento desse tipo de assunto que somos tocados pela trama com uma linda história de amor dizendo que Estrelas de Cinema Nunca Morrem porque vivem na memória daqueles que as adoravam pois, sim, o mundo hollywoodiano da época era de adoração.
Há contraposições de luxo e lixo, raiva e romance, onde a protagonista é a doença e todo o drama envolve o contexto de ameaça de morte a qualquer momento, enquanto o romance atua como pano de fundo com cenas em lugares paradisíacos. O resultado é um filme atual, imitando uma produção à moda antiga sobre uma história de vida em decadência pela tragédia que o câncer traz e que, com leveza, mostra a ingenuidade do garoto apaixonado que acredita que ela vai se curar e que não quer a custo nenhum abrir mão de seu amor.
Estrelas de Cinema Nunca Morrem traz um visual retrô, com charme e elegância ao mesmo tempo, com os demodês e objetos cafonas de época. Em meio a tudo isso, o romance com ar hollywoodiano com a combinação trágica das consequências de se lidar com uma doença como o câncer.
Título original: Film stars don’t die in Liverpool
Direção: Paul McGuigan
Elenco: Annette Bening, Jamie Bell, Julie Walters
Distribuição: Diamond Films
Data de estreia: qui, 26/04/18
País: Reino Unido
Gênero: biografia
Ano de produção: 2017
Classificação: 12 anos