O Moço que casou com a megera, espetáculo infantil da Cia de Teatro Medieval que estreia em novembro no Teatro Gláucio Gill, é uma adaptação inédita de Marcia Frederico que mistura duas histórias: “O Moço que Casou com Mulher Braba”, um conto medieval do escritor espanhol Don Juan Manuel, e “A Megera Domada” de William Shakespeare.

Com direção da Fabiana de Mello e Souza, diretora convidada, e no elenco Deigo Braga, Marcia Frederico, Marnei Kaufmann e Rogério Freitas, ator convidado, a adaptação mistura as duas histórias e cria um terceiro espetáculo, tendo como tema central a transformação do comportamento humano, no caso de uma mulher braba, uma verdadeira megera, em uma mulher dócil como um carneirinho.

O espetáculo reflete sobre a ideia de transformação do humano e a ótica que cada época atribui a esta capacidade. No primeiro texto, tipicamente medieval, o modelo é mais simplista e o uso da “violência” é uma importante “arma” educativa. Neste caso, o moço faz um “teatro”, uma farsa e se finge de louco falando com os animais e os matando quando não o obedecem; diante da crescente violência, a mulher resolve atender às solicitações do marido antes que tenha a mesma sorte dos bichos Já o mesmo não se dá com a mãe da moça, que é muito pior que ela, pois, como dizia o Conde Lucanor: “Sê firme desde o início com as mulheres, senão, não poderás quando quiseres”… Ou seja, “é de cedo que se torce o pepino”, a ideia de que educação só é eficaz quando é constante desde a infância ou, neste caso, desde que se constrói uma nova relação.

No segundo texto, o de Shakespeare, os tempos eram outros; o renascimento trazia o homem para o centro do universo e o grande gênio da dramaturgia construía personagens com mais densidade psicológica e tridimensional, não apenas uma alegoria, um arquétipo, como nos tempos medievais. Neste caso, fica a dúvida no texto final de Catarina, a megera domada, se ela de fato mudou, ou se também resolveu entrar no jogo da farsa criado por Petruccio, o moço, e assim ele pensa que está mandando e ela finge que obedece.

Com olhares mais românticos, alguns atribuem à força do amor à possibilidade de mudança do ser humano; ou seja, ocorreu entre o casal uma espécie de “amor à primeira vista” que teria dado ao moço a resolução de, mesmo contra todos, manter sua ideia de se casar com tal mulher, e, a ela, mesmo sendo como é, agir de forma diferente para “manter” o casamento.

Para a criança fica a divertida brincadeira da farsa, que é o teatro dentro do teatro, em que ela percebe o jogo que um personagem faz, achando que está ludibriando o outro, e ela, como espectador, é cúmplice desta deliciosa brincadeira que é o teatro.

:: SERVIÇO

Temporada: até 14 de dezembro de 2014

Dia/Horário: sábados e domingos às 17h

Local: Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arcoverde, s/nº – Copacabana – 2332-7904)

Gênero: comédia

Duração: 50min

Classificação: livre, recomendado para crianças a partir de 7 anos

Capacidade: 102 lugares

Preços: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia entrada)

Bilheteria do teatro: a partir das 16hs de sábado a segunda