Ao Seu Lado
Crítica do filme
A denominação do comum é subjetiva, multi-interpretativa. Situações cotidianas não são uniformes a todas as pessoas, cada uma delas vive e desfruta – ou refuta – sua própria realidade dentro das limitações da própria vida que lhe cerca.
Em “Desajustados”, vemos a vida de Fúsi (Gunnar Jónsson), um homem de 45 anos, solteiro e que ainda mora com sua mãe e padrasto. Sujeito introspectivo e tímido, suas pretensões de vida são corriqueiras, além do trabalho exercido como agente de pista no aeroporto da cidade. Mesmo que isso o caracterize como adulto, suas ações ainda são restritas a uma adolescência, com traços de personalidade em desenvolvimento e até mesmo, condutas de outras pessoas que permeiam esta fase, como o bullying com seu peso e sua virgindade.
Sua rotina muda quando começa a participar de aulas de dança de quadrilha, ao conhecer Sjöfn (Ilmur Kristjánsdóttir), uma mulher sem tantos objetivos só que é exatamente o oposto de Fúsi; independente, segura, mas que desperta em Fúsi uma paixão mais até do que isso, uma compreensão que o abraça e o envolve dentro de uma própria natureza de sensibilidade.
Apesar de soar tendencioso ao tocar em alguns elementos no roteiro, “Desajustados” provoca uma tristeza e uma estrutura palatável dentro do personagem principal. É uma análise de persona mas que não evoca maiores realizações, em virtude da natureza simplista do roteiro.
A direção e fotografias são boas e configuram leveza e calor, apesar da ambientação ser 85% fria e depressiva. Um ponto positivo contrastante. A narrativa estabiliza uma jornada em que o objetivo não é deixar o espectador feliz ou na expectativa de um final estereotipado. A conduta final mostra a evolução própria de Fúsi e sua própria criação de independência, ao vivenciar fenômenos sociais.
“Desajustados” é um relato do homem ao sair da corriqueirice, ao se libertar do pragmatismo. E que sempre está, no fim das contas, pronto para viver naquilo que gosta e se permite.
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FICHA TÉCNICA