Ao Seu Lado
Crítica do filme
Quando Óleo veio ao mundo, Água já estava por aqui. Apesar da pouca diferença de idade, frequentaram-se na escola, mesma turma. Sempre tiveram uma relação de respeito. Até caírem na turma da tia Química, professora tão temida que foi categórica: “você aqui, você acolá; pronto, Água e Óleo não se misturam.”
Foi uma briga de meninos. E numa briga clássica de meninos, cabe uma menina. Parecia tudo certo até surgir Gaza, moça cobiçada por ambos. Gaza era realmente encantadora, com aqueles olhos esbugalhados. Para ela não tinha meio termo; era tudo ou nada. Mesmo fronteiriça, arrastava corações plurais por quem passava por ela. E foi passar os olhos em Gaza que Água e Óleo se derramaram por lá. Joelho ralado saía sangue. Nessa época de escola, bastava mercúrio cromo para não infeccionar.
Acredito que o mercúrio acabou, porque o tempo passou, Água, Óleo cresceram e seus rebentos mal saíram da barriga e já ralavam joelho brigando. Gaza ali, intocável, muda, sem decidir quem seria o vencedor. E os dois continuavam através de sua prole a lutarem pela bela. A bela indiferente. Água? Óleo? Gostava era da disputa. Era mais simples antes de Gaza. Perdidos de desejo tinham o tamanho dela.
Era melhor antes dela chegar. Água era um pouco mais alta que Óleo, mas isso não importava. Boas recordações do tempo de colecionar figurinhas como um dia já fizeram. Nunca mais as peladas no campo da escola. Esqueceram dos dias bons de menino, que não sabe porque tem que odiar ou adorar alguém. Simplesmente gostam de quem os chama pra brincar. E não gostam de quem os deixa fora da brincadeira.
Antes de Gaza, tamanho era poder ter lembrança.