Ao escutarmos o nome de Graciliano Ramos, é comum que venham à memória principalmente as obras São Bernardo, Vidas Secas, Angústia. Na comparação com os títulos citados, muito menos destaque ganha o primeiro romance do autor, chamado Caetés.

Publicado em 1933, Caetés marca o início da carreira do Graciliano escritor, aquele que faria personagens memoráveis como a cadela Baleia que sonhava com preás (em Vidas Secas). Por isso, Caetés é um prenúncio de questões estilísticas que o autor iria aprimorar posteriormente: talvez a mais conhecida delas seja sua capacidade de concisão ao utilizar palavras precisas, sem floreios que o autor considerava desnecessários.

Caetés é um romance sobre uma cidade interiorana, Palmeira dos Índios, e alguns de seus habitantes. Durante pouco mais de 200 páginas, o leitor irá se deparar com alguns tipos caricatos e acompanhar um pouco mais das vidas desses personagens, norteados por intrigas e disputas locais. Não há no livro um enredo mirabolante ou grandes reviravoltas e caso o leitor tenha essa expectativa pode se decepcionar.

O romance é narrado em primeira pessoa por João Valério, um guarda-livros cujos principais interesses são Luísa (a mulher do seu patrão, Adrião) e a escrita de um livro sobre os caetés, uma tribo que vivera na cidade. Pouco a pouco, João Valério é cada vez mais absorvido pelo modo de viver dos habitantes da cidade. Além de Adrião e Luísa, estão entre os personagens o político Evaristo Barroca, o promotor Castro, o mentiroso Nicolau Varejão e sua filha Marta Varejão, a fofoqueira d. Engrácia e a histérica Clementina. Todos eles com caráteres duvidosos e vidas miúdas e mesquinhas.

De maneira geral, o livro é composto essencialmente por diálogos e os traços desses personagens são percebidos por eles. O autor pouco fala e quando fala é pela boca dos que vivem em Palmeira dos Índios. O romance suscita questionamentos interessantes a respeito do que consideramos ‘’civilização’’. Pergunta o protagonista: Será que somos tão diferentes dos índios caetés? E é João Valério que personifica a tentativa de responder a essa pergunta (que talvez seja do próprio escritor).

Quem se interessar pela obra, vale a pena adquirir a edição comemorativa de 80 anos feita pela Record. Há um breve texto de apresentação, mas são os posfácios e a reunião da fortuna crítica sobre o livro que mais o enriquecem. Os textos, feitos à época do lançamento do romance, são assinados por Aurélio Buarque de Holanda, José Lins do Rego, Jorge Amado, entre outros.

FICHA TÉCNICA:
Caetés – Edição Comemorativa – 80 Anos
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Altura: 23 cm
Largura: 16 cm
Profundidade: 1 cm
Acabamento : Brochura
Edição : 1 / 2013
Idioma : Português
Número de Paginas : 320