O estúdio indie DrinkBox lançou, em 21 de agosto, a sequência de seu sucesso do ano de 2013, Guacamelee! 2. O game baseado na mitologia mexicana melhorou tudo o que era possível para garantir ainda mais diversão do que antes. Apesar de toda esta inspiração o estúdio fica em Toronto, no Canadá, e não no México como pode parecer dado o capricho que é mostrado em diálogos e referências sobre o país. Guacamelee! 2 segue sendo um MetroidVania, da melhor qualidade, baseado em “Luchas” contra inimigos de vários tipos, poderes e tamanhos, com bom-humor e golpes de luta livre, marcas registradas da franquia.

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Além das caveiras e moedas que já encontrávamos em Guacamelee!, agora temos as luchas contra chefes gigantes e salas com puzzles com dificuldades elevadas para conseguirmos baús de corações. Outra característica marcante são as referências a personagens de filmes, desenhos, quadrinhos e outros games como He-Man, Pantera Negra, Double Dragon, Mortal Kombat, Banjo-Kazooie, Megaman, O Senhor dos Anéis e muito mais. Também há uma paródia do ator Terry Crews em uma propaganda de desodorantes americana, que só os mais atentos vão perceber.

O game se inicia com duas referências diretas ao jogo Castlevania Symphony of the Night. Uma em que mostra Carlos Calaca, vilão do primeiro game, usando as mesmas palavras que Drácula diz para Richter Belmont também no início do jogo da Konami, na batalha final do primeiro jogo. E outra quando Guacamelee! 2 também começa igual ao game citado mostrando a batalha final do jogo anterior da franquia. Após a derrota de Calaca, sete anos se passam e o game nos mostra um Juan Aguacate aposentado das luchas, mas ainda com seu cinturão de campeão e assistindo vídeos de suas glórias passadas. Juan está fora de forma e morando com sua esposa Lupita, que foi salva no final do primeiro game, e seus dois filhos Esperança e Juanito.

Em um dia como outro qualquer na vida de Juan, sua esposa pede para que ele saia para comprar abacates para a refeição, assim ele inicia sua aventura partindo para o vilarejo de Pueblucho. Chegando lá, encontramos várias pessoas que se dizem fãs dele e agradecendo por salvá-los no outro jogo, literalmente. Após falar com alguns moradores, ficamos sabendo que o Frade Ayayay teria alguns abacates, então, vamos ao seu encontro. De repente uma explosão causa terror no vilarejo. Descobrimos que são portais por onde os esqueletos, inimigos que enfrentamos durante o jogo, estão invadindo a terra de Juan.

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O Uay Chivo, um amigo do jogo anterior, vem ao nosso encontro e diz para viajarmos para “Linha do Tempo das Trevas” e avisa que o Mexiverso corre perigo.  Com o apoio de Lupita, atravessamos o portal e descobrimos que é a realidade errada, chegando ao mundo de Limbo, jogo de 2015 do estúdio indie Playdead. Atravessamos outro portal e saímos em um mundo de arcades clássicos como Double Dragon e Bad Dudes, linha do tempo errada novamente. Na terceira tentativa, chegamos ao destino: um de vários mundos em que Juan foi morto e que o Salvador, novo vilão da história, se torna o “herói” do povo.

Descobrimos que Salvador está reunindo as Relíquias Lendárias para encontrar o Guacamole Sagrado para ganhar poderes divinos e destruir o Mexiverso. O Juan que conhecemos é o último Juan vivo, “Aquele que derrotou Calaca na Linha do Tempo dele, salvou Lupita e sobreviveu!”. Mais uma vez devemos encontrar a Guardiã da Máscara Sagrada, pois Juan vai precisar do objeto mágico para deter Salvador.

O jogo começa com Juan sem nenhum dos poderes especiais adquiridos durante o primeiro game. Nessa nova aventura, assim como na anterior, encontraremos algumas estátuas escondidas pelos mapas que contêm poderes e golpes que ajudam Juan a avançar em sua jornada. Isto possibilita acessar áreas que são impossíveis sem esses poderes, como o pulo duplo que permite alcançar plataformas mais altas e o Poder do Pollo, onde nos transformamos em um galo que pode atravessar passagens pequenas para o tamanho de uma pessoa.

Conforme a história avança, encontramos 5 treinadores que disponibilizam habilidades para podermos comprar e melhorar os atributos de Juan. Podendo aumentar a barra de vida e de fôlego, conseguir golpes mais fortes, conceder vida ou moedas ao matar inimigos e por aí vai. Esse esquema de compra de poderes é muito bom, pois permite personalizar a jogabilidade de acordo com a preferência de quem estiver jogando. Três corações formam um “Cachito de mi Corazón”, garantindo um aumento na barra de vida, três caveiras formam um “Circulito” e ganhamos um círculo a mais na barra de fôlego.

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É bom lembrar que, conforme a história progride, estes baús ficam em salas com puzzles cada vez mais difíceis  e que exigem total controle das habilidades de Juan para serem alcançados. Como o game aumenta a sua dificuldade com o tempo, é sempre bom ter o máximo possível dessas barras, principalmente em salas em que o desafio é derrotar vários inimigos com escudos de cores alternadas e em dimensões diferentes. Também aconteceram melhorias durante o “Poder do Pollo”, agora é possível utilizar a forma do galo para combates, assim como a forma humana, com combos, golpes especiais, esquivas e agarrões no melhor estilo luta de galo. 

Novamente a localização legendada impecável para o português brasileiro faz bonito, traduzindo até mesmo o som que as galinhas fazem para a nossa língua. A adaptação das piadas, para fazerem completo sentido na nossa língua, demonstram total capricho e dedicação do estúdio DrinkBox. Piadas como quando um esqueleto gigante diz “Eu queria começar uma banda, mas não encontro nenhuma alma viva para tocar!”, e várias outras menos ou mais engraçadas, ou até algumas em que o próprio personagem acha a piada forçada acontecem durante o gameplay.

A ação segue como ponto principal do game, com combates que podem chegar a combos de mais de 200 hits. Os comandos respondem muito bem e dificilmente teremos problemas durante as luchas. Um ataque comum e ataques especiais podem ser executados em sequência enquanto houver barra de fôlego disponível, tornando os combates mais intuitivos.

Outro destaque é o multiplayer offline para até quatro jogadores. Este tipo de jogo é perfeito para ser desbravado com um ou mais amigos, o que aumenta muito o fator replay e o nível de  diversão que podemos ter com este game. Mas nem tudo são flores, pois pode ser que tenhamos a sensação de ter muita coisa na tela ao mesmo tempo durante os combates em multiplayer. Se estivermos jogando com alguém que não tenha a mesma habilidade em games de plataforma, temos a sensação de que o game fica arrastado, pois pode ser bem difícil ultrapassar certas áreas para quem não está familiarizado com o game.  

O gráfico segue o mesmo padrão do primeiro game, com visual estilizado dos personagens e fases mais bonitas. O segundo game mostra que teve um capricho maior com a iluminação, efeitos especiais, reflexos  e os detalhes que aparecem quando mudamos de dimensão. A trilha sonora é composta de músicas que remetem totalmente a cultura e o folclore mexicano. Um ponto negativo fica por conta de praticamente não existir diálogos falados no game, havendo um “previamente en Guacamelee!” e de resto praticamente apenas gemidos, grunhidos, risadas que alguns personagens fazem e nada mais.

VEREDITO

Sequência direta do primeiro game que não pode faltar na sua biblioteca. Não só mantém a qualidade, como melhora tudo o que já era bom, inclusive as luchas.