A catarinense Liane dos Santos nos apresenta “A Florista Volta ao Éden” . Talvez uma alusão à Itajaí sua terra natal, afinal, como poesia é cultura, aprendi que buganvília é a flor oficial de sua cidade de onde saiu para estudar e trabalhar em Porto Alegre. Atualmente reside no Rio de Janeiro.

O livro trás 52 poesias que nos é apresentada nesse que é o sua sétima obra. Sua poesia que não é daquelas dos quais os amores juvenis suspiram ou as rimas tenham obrigatoriedade é mais profunda e filosófica.  Basta verificar o que disse Mário Quintana sobre a obra: “Não, não procurem aqui o lirismo bonitinho. O que Liane faz são belos e impressionantes poemas”.

Quase uma busca interior de suas questões quanto ao tempo e o ser mulher que são temas recorrentes na obra da poetisa.

f6b0c2ede74e4347a0c7a5228b515baa (1)A leitura pode ser rápida e fluída no livro de pouco menos de cem páginas e arrisco dizer que o entendimento (ou ao menos a busca de) uma de suas poesias pode ser mais demorada que a leitura em si devido à complexidade de desdobramentos de interpretações possíveis. Ela parece ter escrito coisas para que o leitor termine mentalmente o seu entendimento. Não as faz de uma forma fechada. Arriscaria dizer que ela repassou aos leitores alguns de seus questionamentos, mas existem espaços para a poesia abstrata assim como poesias curtas e incisivas.

Não que eles não possam ser belos, e os são frequentemente, mas sua preocupação primária é com o pensamento que permeia a filosofia em determinados momentos, mas brinca com as palavras e pode ser leve.

Definitivamente temos uma escritora com a escrita refinada. Talvez ajudada pelo curso de jornalismo. Quanto à sua visão do mundo e a forma de se expressar, só nascendo artista…

O livro sai pela editora Ibis Libris e é uma ótima pedida para os amantes de poesias mais singulares do que a média que se tem no mercado.

Suas outras obras são: Primeiro ato (1977), Verão (1980), Luz da Noite (1985), Casa (1991), O exercício das pequenas delicadezas (2004), Há um mar no verbo amar (2007), Mimi reinventa o mundo (2005).