Ao Seu Lado
Crítica do filme
Aconteceu hoje(09/10), em São Paulo, a coletiva de imprensa de Irmandade, a mais nova série original brasileira produzida pela Netflix. A saber, no evento, estiveram presente os atores, Seu Jorge (Edson), Naruna Costa (Cristina), Lee Taylor (Ivan), Danilo Grangheia (Andrade), Pedro Wagner (Carniça) e Wesley Guimarães (Marcel). Além disso, o diretor Pedro Morelli e a produtora Andrea Barata Ribeiro também participaram do encontro.
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De certo, a série tem como um dos seus pontos fortes a ambientação de época. Assim sendo, 1994, ano chave em que o seriado se passa, foi dividido por diversas emoções para os brasileiros. Tais como, o título de tetra campeões mundiais com a seleção brasileira de futebol e a trágica morte do nosso eterno herói, Ayrton Senna. Além disso, a população paulista ainda tentava superar o massacre no presídio de Carandiru. Sendo assim, o diretor Pedro Morelli teve à sua disposição a escolha do tema para uma nova série. Dentre eles, o escolhido foi retratar essa época também marcada pelo início das facções criminosas em São Paulo. O diretor comenta que, desde o início, a ideia era produzir de uma maneira que não havia sido contada até então.
“Quando a gente foi falar sobre facções criminosas, tinham algumas abordagens dramatúrgicas para se falar desse tema. A mais esperada e menos bacana, na minha opinião, seria através do ponto de vista de um policial investigando uma facção. No entanto, essa foi a primeira coisa que eu quis evitar… nisso surgiu a ideia de fazer através de uma mulher. De ter uma mulher protagonista. Além disso, abordar esse universo através da ótica de uma mulher dentro e fora de uma prisão e como isso se amarra…” comenta, Morelli.
Durante a coletiva os atores ressaltaram a dificuldade para dar vida a personagens tão complexos. Além disso, para Wesley Guimarães, que é natural da Bahia, as gírias paulistas foram um dos pontos mais desafiadores para ele.
– Foi um processo muito bacana, muito rico e a gente fez vários trabalhos de prosódia e de preparação. Além disso, eu saí das salas de ensaio e fui pesquisar. Fui “colar” com alguns amigos da Zona Leste de São Paulo, ainda mais por eu ser baiano e o personagem ser São Paulo. Então eu tive que fazer um trabalho de prosódia e um trabalho de pesquisa muito grande em relação a cidade e as gírias. Além de ser uma época que eu nem era nascido – disse o ator.
O ator dá vida a Carniça, amigo de Edson e um dos fundadores da irmandade. Ele ressaltou sobre como foi para ele o processo de caracterização de seu personagem.
– Foi difícil, mas eu normalmente trabalho a conta gotas. Eu sou uma pessoa desesperada, eu tento ter calma e vou pegando as coisas a medida que elas vão chegando… a gente como atores temos muitos quereres, mas tem ali a necessidade do roteiro e do andamento da trama. Então foi meio que ir trabalhando, ir tateando e isso sempre meio que do zero e de alguma maneira do lugar do desespero. Calma, calma! Se eles te chamaram para cá é por que eles viram isso em algum lugar. Calma, você vai achar – ressaltou Pedro sobre como se sentia em relação à construção do personagem.
Irmandade vai além de uma história marcante por sua data e acontecimentos que ‘parecem’ ser tão reais quanto a ficção. Aliás, Naruna Costa e Seu Jorge foram, indubitavelmente, os grandes destaques da série. Ademais, os atores contaram, durante a coletiva, como as suas histórias de vida, mesmo em gerações distintas, são tão similares.
– O mais interessante do nosso começo foi ouvir a história de vida do Seu Jorge. Foi mágico porque eu achei tudo tão parecido comigo, mesmo sendo de outro lugar e de outra geração… E depois conhecer a história do Wesley que também é de outra geração… São histórias que se cruzam tanto por dilemas e questões que são próprios da estrutura do país. Isso foi mágico porque aí a gente entendeu que somos família mesmo. E ali nessa conexão de memórias e de histórias, parecia o mesmo quintal mas em gerações diferentes – revelou Naruna.
A atriz ainda ressaltou o que trouxe de melhor de Irmandade:
“E isso acho que foi o que a gente trouxe da gente e foi mais precioso pro restante… Todo esse tempo que a gente tem antes, quando começa a rodar, a filmar, a gente precisa resgatar de forma muito rápida e não é fácil. Então eu acho que esse foi o berço que a gente levou. O balde todo nasceu aí e a gente trouxe tudo isso para os personagens”, finalizou.
Músico e ator experiente, ele conta como foi desafiador atuar dentro de um presídio parcialmente desativado. Sobretudo, o artista também comentou a respeito de como se sentiu ao vivenciar a falta de liberdade.
– Ali eu compreendi o quão é valioso a liberdade que eu gozo, desfruto, onde posso ir e voltar. Uma cena especial, naquela algazarra toda, nas celas, onde os detentos assistiam e gritavam: ‘Representa nós!’. Chega uma hora que isso dá uma interferida. Eu pensei: ‘que maneiro, os caras estão me bancando’. No último dia de filmagens, não teria indulto de Natal e todo mundo triste. Haveria um evento evangélico que nem as famílias poderiam participar… foi uma parada que me deu uma pancada, né? Eu saí de lá com essa coisa na ideia: a liberdade é muito importante. A gente tem que cultivá-la. Foi um aprendizado muito grande. Saí de lá mais rico – afirmou o ator.
Os atores dão vida a personagens com papéis fundamentais a continuidade da história. Ainda assim, Andrade é um investigador da Polícia Civil que busca fazer justiça através de métodos não convencionais. Enquanto Ivan, um criminoso que busca a Irmandade como atalho para sua liberdade, mas se envolve cada vez mais na vida do crime. Então, os atores falaram como foi a preparação para os seus papéis.
– O Andrade é uma espécie de antagonista. Ele se aproveita da fragilidade da personagem da Naruna para chegar onde ele quer. Ele parece que tem como única obsessão acabar com essa facção criminosa. Então ele encontra nessa fragilidade, a oportunidade de dar fim, mesmo se utilizando de vias ilegais… A gente tem um imaginário do que é bandido e do que é mocinho e a ideia é tentar dar um borrão nisso. Até mesmo para que essas figuras criem empatia, pra que a gente consiga amar e odiar essas figuras na dimensão delas. Então é bonito ver que o trabalho se faz o tempo inteiro, e na medida que a trama avança a gente torce, a gente é contra, a gente contesta, a gente dúvida. Então essa tridimensionalidade que as figuras imprimem é o grande barato… – comentou Danilo.
Por outro lado, Lee Taylor falou sobre o sentimento de gravar em um presídio e como isso impacta na atuação.
– Em 2009 , eu gravei num presídio, num filme que fiz (Salve Geral) , no Frei Caneca. Mas ele estava totalmente desativado. E, mesmo sem a presença de presos, você sente a tensão, a energia do lugar, a frequência que pairou ali dentro. Gravar numa parte desativa, mas, ao lado, você saber que tem detentos ali, assistindo à cena, ter esse contato tão próximo e sentir essa energia, mexe com a estrutura de qualquer ser humano. Mas, ao mesmo tempo, isso se torna um material muito rico para o trabalho, para compor a personagem – encerrou.
A saber, Irmandade é contada pelo ponto de vista dos protagonistas Cristina e Edson, dois irmãos que vivem em realidades tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. Cristina, uma advogada, descobre que Edson, seu irmão que foi preso, é hoje o líder de uma facção criminosa, conhecida como “Irmandade”.
Logo, para salvar a própria pele após cometer um crime, ela é forçada pela polícia a se tornar informante e trabalhar contra o próprio irmão. Dessa forma, ao se infiltrar na Irmandade, ela entra em contato com seu lado mais sombrio, e começa a questionar suas próprias noções de Justiça.
Irmandade conta com oito episódios em sua primeira temporada e estreia globalmente no dia 25 de outubro.