Um dos momentos mais famosos da carreira histórica de Muhammad Ali veio diretamente após seu triunfo sobre o campeão peso-pesado Sonny Liston em Miami Beach, no dia 25 de fevereiro de 1964. É um eufemismo dizer que Cassius Clay (ele ainda não tinha mudado de nome) era o azarão, e que seu adversário, que havia nocauteado recentemente Floyd Patterson (duas vezes), era visto como o intimidador e vencedor inevitável. Mas venceu.

Quando a luta acabou, Clay correu para as cordas, gritando para os repórteres que duvidavam dele: “Comam suas palavras!” Então, cercado por uma multidão de pessoas entusiasmadas, gritou: “EU CHOQUEI O MUNDO!” Este momento elétrico, assim como muitos outros, são capturados e discutidos no documentário informativo e envolvente de Marcus A. Clarke, Irmãos de Sangue: Malcolm X e Muhammad Ali (Blood Brothers: Malcolm X & Muhammad Ali).

Disponível na Netflix, veremos a história extraordinária e trágica da amizade entre duas das figuras mais emblemáticas do século 20: Muhammad Ali, o maior boxeador de todos os tempos, e Malcolm X, o revolucionário e carismático líder afro-americano da Nação do Islã. Essa amizade não poderia ser mais improvável: um campeão olímpico impetuoso, que falava em versos (para a alegria da imprensa branca), e um ex-presidiário e intelectual convertido em revolucionário, que lutava contra a opressão branca e considerava o esporte algo trivial. Mas o vínculo entre eles era profundo, e a amizade era sincera.

Diferentes, mas iguais

Muhammad Ali e Malcolm X eram dois homens muito diferentes, de dois lugares muito diferentes, mas ambos compreenderam que uma das principais ameaças aos pretos americanos era o ataque implacável da cultura racista. Ambos eram exemplos ousados ​​de como era uma mente livre e o que uma mente livre poderia fazer.

O modo como esses homens se cruzaram foi abordado em documentários, livros, bem como em múltiplas representações ficcionais, como Uma Noite em Miami, do ano passado (dirigido por Regina King); bem como Malcolm X (1992), de Spike Lee; e Ali (2001), de Michael Mann. A série Godfather of Harlem, com Forest Whitaker como “Bumpy” Johnson e Nigel Thatch como Malcolm X, também analisa o mundo vibrante do Harlem dos anos 1960, onde ele operava.

Baseado na literatura

O filme Irmãos de Sangue, da Netflix, mesmo é baseado no livro Irmãos de Sangue: A Amizade Fatal entre Muhammad Ali e Malcolm X (2016), co-escrito por Randy Roberts e Johnny Smith. A saber, os autores são os principais entrevistados aqui, atuando como guias através dos complicados cronogramas, apoiados pelas imagens documentais existentes de discursos, entrevistas, coletivas de imprensa, pesagens etc.

Malcolm X e Muhammad Ali não foram apenas personagens de um século passado. Ambos foram fundamentais na elaboração de uma visão para os pretos nos Estados Unidos e no exterior. Por muito tempo, aprendemos sobre suas histórias individualmente, como boxeador ou ativista, mas ouvimos muito pouco sobre sua amizade ou interação. E este é um grande filme para, enfim, entendermos o que deu certo e o que deu errado nesta relação conflituosa mas igualmente emocionante e verdadeira.

Por fim, Irmãos de Sangue: Malcolm X e Muhammad Ali, da Netflix, é um excelente documentário. Afinal, traz informações onde entendemos a trajetória dos dois, a amizade deles, os conflitos por conta da religião. Para quem gosta de documentários com muitos depoimentos, vídeos e relatos históricos, o filme é um prato cheio. Um grande relato da vida de dois grandes ídolos de nossa história, que influenciaram gerações e mais gerações de pessoas pretas ou qualquer pessoa que tenha o espírito revolucionário e que luta pelos seus direitos.

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Trailer do filme Irmãos de Sangue – Muhammad Ali e Malcolm X, da Netflix

Ficha Técnica: Irmãos de Sangue – Muhammad Ali e Malcolm X

Título original do filme: Blood Brothers: Malcolm X & Muhammad Ali
Direção: Marcus A. Clarke
Roteiro: baseado no livro de Randy Roberts e Johnny Smith
Data de estreia: sex, 10/09/21
Onde assistir ao filme ‘Irmãos de Sangue – Muhammad Ali e Malcolm X’: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: documentário
Duração: 96 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 14 anos