O filme Versos de um Crime é um drama baseado na história real de Allen Ginsberg (Daniel Radcliffe), um jovem inteligente que acabou de entrar para a universidade de Columbia com o sonho de ser escritor, assim como seu pai Louis Ginsberg, vivido por David Cross.

A trama pega a geração beatnik em seu embrião, que só irá despontar por meados dos anos 50, retratando a relação de seus precursores: Allen Ginsberg, William Burroughs (Ben Foster) e Jack Kerouac (Jack Huston), mais o elemento de “cola” entre eles, Lucien Carr (Dane DeHaan). Os beats têm sido tema recorrente no cinema, filmes como Uivo (2010), Na Estrada (2012), Big Sur (2013) são os mais recentes.

Allen, ávido por novas experiências, se frustra ao se deparar com o modelo tradicional da poesia ensinada na instituição, pautado na métrica e na rima, até conhecer Lucien Carr, interpretado por Dane DeHaan (O Espetacular Homem-Aranha 2), um rapaz carismático e sedutor que o apresentará uma nova corrente de pensamento literário. Será Carr o responsável por mudar a vida de Ginsberg, apresentando-lhe as outras nuances da vida acadêmica e social.

Esse grupo de jovens intelectuais, todos boêmios hedonistas, celebravam a não-conformidade e a criatividade espontânea; acreditaram que poderiam alcançar um “grau maior de elevação da consciência” através do desordenamento dos sentidos, e por isso não dispensavam o uso das drogas no processo de escrita. Subverteram a ordem na faculdade na ânsia de terem mais acesso àquilo ao qual não conheciam e/ou era restrito.

Mas toda essa libertinagem é interrompida quando três rapazes do quarteto são relacionados à misteriosa morte de David Kammerer (Michael C. Hall), um homem bem mais velho com quem Carr possuía uma relação ambígua.

Definitivamente, Radcliffe deixou Harry Potter para trás. Ele se lança sem medo a novos personagens. Atua de forma concisa, bem. Temos a presença do Dexter, ou melhor, de Michael C. Hall e seu olhar psicopata em perseguição a Carr. O elenco escalado ajuda, e muito, a produção ser bem sucedida. Destaque para Dane DeHaan que desempenha muito bem o papel de jovem perturbado, contraditório, meio sociopata. Sua interpretação ajudou a dar ritmo ao filme.

Em seu primeiro longa, John Krokidas fez um trabalho razoável na direção e na montagem de fragmentos da história, mas não ousou como seus protagonistas retratados o fizeram um dia. Aliás, retrata-os quase como hipsters. Ele assina o roteiro, amarradinho, cheio de citações fazendo referência à época, junto do também estreante Austin Bunn. A trilha sonora é embalada por um jazz empolgante.

Pode-se dizer que a reconstituição de época é um dos méritos desta produção, que apresenta Nova York como deveria ser em 1940. A fotografia é bem feita. O que faltou mesmo foi arrojo à produção para que a história dos precursores da geração beatnik ganhasse maior robustez. As regras, tantas vezes quebradas por esses ícones da América pós-2ª Guerra Mundial, foram seguidas de forma maçante nesta filmagem.

Veja o trailer:

BEM NA FITA: a fotografia, as atuações de Radcliffe, DeHaan e a trilha sonora.

QUEIMOU O FILME: direção e roteiro pouco ousados.

FICHA TÉCNICA
TÍTULO: Versos de um Crime (Kill Your Darlings)
DIREÇÃO: John Krokidas
ROTEIRO: Austin Bunn e John Krokida
ELENCO: Daniel Radcliffe, Michael C. Hall, Elizabeth Olsen, Jack Huston, Dane DeHaan, Ben Foster, Jennifer Jason Leigh
DURAÇÃO: 104 minutos
GÊNERO: Drama