José de Sousa Saramago nasceu em Golegã, Azinhaga, Portugal, em 16 de novembro de 1922 e morreu em Tías, na Ilha Lanzarote, na Espanha, em 18 de junho de 2010. Foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.
Seus pais e avós eram agricultores. A sua vida é passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924. Dificuldades econômicas impediram-no de entrar na universidade. Demonstrou desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que esta curiosidade o acompanhou até à morte. Formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias.
Aos 25 anos, publicou o primeiro romance: Terra do Pecado (1947). No mesmo ano, sua filha Violante nasceu, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis. Nessa época, Saramago era funcionário público. Em 1955, para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros.Viveu, entre 1970 e 1986 com a escritora Isabel da Nóbrega. Em 1988, casou-se com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até à morte.

Violante Saramago, filha do escritor

Violante Saramago, filha do escritor


Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Persiste, contudo, nos esforços literários e, dezenove anos depois, funcionário, então, da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis. Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN como Diretor-Adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista.
Da experiência vivida nos jornais, restaram quatro crónicas: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crônicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque. Esta missão está reservada aos seus romances, gênero a que retorna em 1977.
Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo “saramaguiano” só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.
A escritora Pilar del Río, última esposa do escritor

A escritora Pilar del Río, última esposa do escritor


Dois anos depois de Levantado do Chão (1982), surge o romance Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou fatos reais com personagens inventados. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da história servem de metáfora à luta de classes marxista.
De 1980 a 1991, o autor publicou mais quatro romances que remetem a fatos da realidade material, problematizando a interpretação da “história” oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984); A Jangada de Pedra (1986); História do Cerco de Lisboa (1989), e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991).
Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005).
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Ganhou o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prêmio Camões, o mais importante prémio literário da Língua Portuguesa. José Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Em 24 de agosto de 1985, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e em 3 de dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem.
O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008. Produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, foi dirigido por Fernando Meirelles, realizador de O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus. Em 2010 o realizador português António Ferreira adaptou um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.
Saramago era conhecido pelo seu ateísmo e iberismo. Foi membro do Partido Comunista Português e director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
Em 29 de junho de 2007 criou a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente. Em 2012 a Fundação José Saramago abriu as suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida pela sua mulher Pilar del Río.
Saramago faleceu aos 87 anos de idade, vítima de leucemia crônica. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.
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Obras:
Romances
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009
Claraboia, 2011
Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, 2014
 
Peças teatrais
A Noite, 1979
Que Farei com Este Livro?, 1980
A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
In Nomine Dei, 1993
Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005
 
Contos
Objeto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos – O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997
 
Livros de poesia
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975
 
Crônicas
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1977
 
Diário e Memórias
Cadernos de Lanzarote (I-V), 1994
As Pequenas Memórias, 2006
 
Viagens
Viagem a Portugal, 1983
 
Infantil
A Maior Flor do Mundo, 2001
O Silêncio da Água, 2011
 
 
 
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