Ao Seu Lado
Crítica do filme
O Mês do Orgulho Gay, em junho, era a época em que o movimento LGBTQIA+ saía às ruas, em vários municípios brasileiros, para reivindicar cidadania e direitos pela luta contra a homofobia. Contudo, por conta da pandemia, a parada gay não foi realizada em 2020 e nem será em 2021. A escolha do mês de junho não é aleatória. Afinal, ele faz referência à revolta de Stonewall, ocorrida em Nova York, no dia 28 de junho. Isso porque, neste dia, no ano de 1969, um grupo de gays resolveu enfrentar a frequente violência policial sofrida pelos homossexuais. A partir de então, o episódio passou a ser considerado como o dia da libertação gay.
Por isso, todo dia é dia de reforçar a importância da luta contra o preconceito que mata. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBTQIA+ é morta em nosso país.
Abrindo a lista de dicas de séries para o Mês do Orgulho Gay, começamos pela Netflix, com Pose. Este seriado quebrou paradigmas, revolucionou o mercado e mostrou para a nova geração os dramas, bem como os conflitos e lutas por aqueles que viveram nas décadas de 80 e 90. A série acompanha a vida de um grupo tendo como cenário a cidade de New Iorque. Em especial, os “bailes” promovidos nas discotecas da época. No entanto, Pose não deixa de lado uma das situações mais dramáticas já vividas pela humanidade: a epidemia da AIDS. Além disso, traz no elenco, em sua maioria, mulheres trans.
Feel Good é estrelada pela comediante Mae Martin. Uma semiautobiografia que explora as complicações de um relacionamento a dois, assim como a aceitação da sexualidade e alguns vícios. A série basicamente aborda os problemas de uma jovem hipster queer. Sua história acompanha uma humorista em recuperação do vício em drogas, que vê sua vida mudar ao se entregar a um intenso relacionamento com uma garota.
Trata-se de uma comédia dolorosa que mostra os percalços da vida de forma engraçada e reflexiva. Criada e estrelada pelo ator e roteirista Josh Thomas, a série é inspirada em situações que foram vividas por ele ao longo de sua vida. Na história, ele é Josh, um jovem que está iniciando sua vida adulta e descobrindo sua homossexualidade. Extremamente egoísta e mimado, ele divide sua casa com o melhor amigo, Tom (Thomas Ward), um cara que tem dificuldades em tomar decisões importantes ou enfrentar seus problemas pessoais.
Baseada no livro autobiográfico “I’m Special: And Other Lies We Tell Ourselves” (Sou especial: E outras mentiras que contamos a nós mesmos) de Ryan O’Connell, que interpreta o protagonista da comédia. A série conta a história de um rapaz gay com paralisia cerebral leve que, para conseguir um estágio, esconde sua deficiência dizendo ter sequelas de um atropelamento. Então, na busca por estabelecer sua identidade e equilíbrio de sua saúde mental e emocional, ele comete acertos e erros na sua relação com o entorno.
A série britânica traz como protagonista o garoto Otis, que, em plena fase de descoberta sexual, resolve seguir os passos da mãe, que é terapeuta sexual, e dar conselhos a seus colegas da escola. Entre paixonites e descobertas inusitadas (e picantes), Sex Education cumpre seu papel de educar e libertar nossos pensamentos caretas com humor, romance e tensão.
Dando seguimento às dicas de séries para o Mês do Orgulho Gay, trazemos Manhãs de Setembro. Esta série, que estreia no dia 25 de junho em mais de 240 países, traz Liniker dando vida à sua primeira protagonista, Cassandra. Essa jovem trans sai do interior para viver em São Paulo e tenta ganhar a vida sendo motogirl. Nesse ínterim, ela busca realizar o grande sonho de ser uma cantora profissional cover da cantora Vanusa. Contudo, ainda tem que lidar com a novidade de que tem um filho de uma relação antiga com Leide, vivida pela atriz Karine Teles.
A sequência da famosa série The L Word, que revolucionou uma geração, traz novamente Jennifer Beals, Kate Moennig e Leisha Hailey em seus papéis originais ao lado de um novo grupo de diversos personagens LGBTQIA+. Eles experimentam e compartilham amor, desgosto, sexo, contratempos e sucessos em Los Angeles.
Quando Mort, patriarca da família Pfefferman, decide reunir seus três filhos já adultos para revelar que deseja se assumir como transgênero, os segredos da família inteira começam a vir à tona. A partir de então, todos os relacionamentos, com o mundo, com eles mesmos e um com o outro, nunca mais serão os mesmos.
Após um acidente aéreo, um grupo de garotas adolescentes de diferentes origens precisa lutar para sobreviver em uma ilha deserta. As meninas brigam e se unem conforme compartilham os seus segredos e os traumas que enfrentaram. Entretanto a chegada a esta ilha não foi um acidente. No meio disso tudo vemos uma das personagens não saber lidar com a atração que sente por outra do mesmo sexo, tornando-se agressiva.
Abordando assuntos como homofobia, desigualdade e racismo nos Estados Unidos, Little Fires Everywhere segue os destinos entrelaçados da perfeita família Richardson e uma enigmática família de mãe e filha que mudam as vidas de todos. A obra, que é baseada em um livro, tem duas personagens queer, sem a orientação sexual rotulada na trama. A história trata do peso dos segredos, bem como a natureza da arte e da identidade, questões e dilemas da maternidade.
Abrindo a lista de dicas de filmes para o Mês do Orgulho Gay, temos, de fato um filme essencial do cinema pernambucano. Em Tatuagem, Paulete, a estrela de um ousado grupo de teatro, recebe a visita de seu cunhado militar, o jovem Fininha. Então surge um tórrido relacionamento entre os dois. E agora o soldado precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura.
Um filme delicado e deslumbrante, mas ao mesmo tempo doloroso e violento. Esta dualidade fez esta obra cinematográfica ser premiada com o Oscar para Melhor Filme. Jenkins contou a história de Chiron através de três fases da sua vida: a infância, adolescência e os primeiros anos como adulto. A procura pela sua identidade está no cerne deste jovem que enfrenta o racismo, o tráfico de drogas e a perseguição aos miúdos oriundos do bairro pobre onde nasceu.
Os anos 50, nos Estados Unidos da América, nunca foram tempos de liberdade sexual e a história de amor entre estas duas mulheres foi vivida numa linha muito ténue. Carol está descontente com o seu casamento e pelo caminho encontra Therese, a mulher que desperta a chama do amor há muito apagada.
O ativista e político Harvey Milk foi o primeiro homossexual a assumir um cargo público no estado da California, um homem que lutou pelos direitos das minorias. Fê-lo através de campanhas nacionais pelos direitos gay, recebendo inclusive apoios dos políticos mais conservadores.
A diferença de idades entre Laurel e Stacie não é o ponto central desta trama, afinal o amor não escolhe idades. No entanto, o não reconhecimento de um relação lésbica dificulta a vida deste casal. Então, inconformada, Laurel decide lutar até ao fim para que esta lei seja alterada e a sua cara-metade receba aquilo a que tem direito.
Enfim, fechando a nossa lista de dicas para o Mês do Orgulho Gay, vamos aos livros. Outras Vozes, Outros Lugares traz a história de Joel Knox, um jovem afeminado de 13 anos que viaja para o sul dos Estados Unidos para ficar com seu pai ausente após a morte de sua mãe. A trama detalha os relacionamentos que Joel desenvolve, desde amizades improváveis a Randolph, seu meio-tio gay extravagante, uma ode ao primo de Capote, Bud Faulk, que se acreditava ser gay.
Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que, por outro lado, está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona. O quarto de Giovanni explora as agruras de personagens que enfrentam o vazio existencial ao perceber a fragilidade dos laços e as frustrações de seus desejos.
Vencedor do Prêmio Jabuti em 2016, Amora é um livro de contos sobre o amor feminino. A obra aborda diferentes aspectos das identidades dos dilemas vividos por mulheres em relação aos padrões e os tabus para afirmar a própria identidade de mulher e lésbica.
Neste livro, pessoas trans relatam, em depoimentos intensos, urgentes e necessários, o momento no qual percebem que havia algo diferente com seus corpos. Elas abordam o sentimento de inadequação perante os padrões exigidos pela sociedade; bem como os preconceitos e as dores vividos dentro e fora da família; o momento de transição; e, enfim, a liberdade sentida por esta decisão. Assim, em cada um dos relatos individuais, os autores contam suas histórias de vida, de luta e militância a fim de reafirmar o direito ao nome, ao corpo e à existência plena.
Por fim, o uso do termo queer vem se tornando mais comum nas últimas décadas – a origem do movimento remonta a fins dos anos 1980 nos Estados Unidos, como uma resposta ao padrão binário de gênero, às normas e à opressão social a tudo que diverge, que é “excêntrico”, “esquisito”, “diferente”. Mas onde se assentam as bases filosóficas e culturais que deram origem ao que hoje chamamos de teoria queer? No ensaio que dá título ao livro, Tamsin Spargo analisa as principais ideias apresentadas por Foucault em História da sexualidade para definir a teoria queer – para Foucault, gênero e sexualidade são categorias construídas pelo discurso, pela história, pela cultura e pela sociedade.
Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.