Os épicos e místicos filmes de artes marciais chineses sempre vinham a nós sempre necessitar se explicar, se alongar em sua trama. Simplesmente, era uma arte e uma cultura milenar e com base nisto, era pregado o respeito e a sabedoria.

No entanto, esta necessidade aconteceu e a “ocidentalização” também. E isto ficou representando na continuação do épico chinês “O Tigre e o Dragão”, de 2000, dirigido por Ang Lee, que apesar de sua produção americana, não houve interferência. Sua continuação, lançada na Netflix (e também produzida) na última sexta-feira, 26, o longa mostra agora a saga de Yu Shu Lien, 10 anos após a morte do mestre Li Bu Mai, escondendo a espada sagrada que dá nome ao filme. Agora, ela precisa encarar o passado de diversas formas.

Uma das primeiras coisas que incomodou, logo de imediato, foi a escolha do idioma falado. Ao invés do esperado mandarim, foi usado o inglês, talvez por uma escolha de globalização e pronta aceitação, já que americanos detestam legendas. O filme começa bem, já trazendo cenas de ações e lutas mais ferozes e impactantes, porém, sem o manifesto da sutileza. Tudo é mais agressivo.

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A história percorre um drama padrão, a busca pela vingança e pelos acertos do passado são expostos sumariamente, mas nada que interrompa a clarividência mística do roteiro. Os personagens. A única personagem mantida do primeiro filme, Shu Lien, remanesce suas características, adicionadas à maior sabedoria devido ao tempo.

A direção é segura e firme, as cenas de luta são bem filmadas e manuseadas, apesar do uso do elementos que reforçam a superioridade de um(a) ou de outro(a) lutador, como macros em golpes e em manifestações cômicas. A fotografia é exagerada em certos pontos, há muita saturação, estouro de cores e uma composição que se desassocia com o uso de CGI.

O ponto em questão deste filme é justamente a visibilidade que ele teria após seu lançamento e se realmente toda esta ramificação ao costume, pelo menos no idioma, ocidental seria parte dessa objetivação. Observo que não houve uma condução que valorizou mais os aspectos artísticos do que os elementos de fáceis cognições.

Em comparação, o filme, a história, a continuação da história dos heróis lendários chineses, deve-se muito ao seu antecessor. Seja por quaisquer pontos de partida para se analisar.

FICHA TÉCNICA

Direção: Woo-Ping Yuen.
Roteiro: Du Lu Wang, John Fusco.
Elenco: Donnie Yen, Michelle Yeoh, Harry Shum Jr., Jason Scott Lee, Eugenia Yuan,…
Gênero: Ação, Aventura, Drama.
Produtoras: China Film Group, Pegasus Taihe Entertainment, The Weinstein Company, Yucaipa Films.
Distribuidora: Netflix.
Estreia: 26 de Fevereiro de 2016.