O Fim e os Meios é o novo filme do renomado diretor Murilo Salles, um diretor que sempre tem algo forte a mostrar e expressar em seus filmes, como “Nome próprio” (2007), “Como nascem os anjos” (1996) e o famoso “Faca de dois gumes” (1989). E seu ultimo trabalho que estreia agora dia 3, como o próprio Murilo Salles diz, é um drama/thriller sensorial, que trata de política e da imprensa, mas mais que isso, de como decisões e escolhas e o lado podre do mundo nos afetam pessoalmente.

Paulo (Pedro Bricio) é um cara comum, que acaba de ter uma filha, de uma gravidez nada planejada, com Cris (Cintia Rosa), uma boa jornalista. E mesmo sem ao menos serem amigos, surge uma oportunidade irrecusável e que envolve muito dinheiro, para Paulo ir do Rio, morar em Brasília, para ser gestor de imagem de um velho deputado que quer se reeleger, e também para Cris como jornalista surge a oportunidade da mudança. Assim os 2 partem sem muita certeza, mas para uma nova vida que promete ser bem diferente.

 Ao chegar, logo o casal vai vendo como as coisas realmente são, conhecendo as “pessoas” com quem vão trabalhar e as coisas que “terão” que fazer nesse mundo podre da política.  Apesar de nos mostrar algumas coisas interessantes do lado jornalístico da política e um pouco da parte de marketing  de um candidato, o filme com certeza não foca na política em si. Tanto que o ríspido e de olhar vazio, senador que vai se reeleger nem sequer tem uma fala durante todo o longa, que na verdade quer mostrar de forma mais intimista como decisões e escolhas que temos que tomar as vezes neste mundo corrompido, nos transformam em fantoches patéticos e acaba não só mudando nossas vidas, como nos mudando também.

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Com uma trilha sonora sugestiva, bem estilo cinema europeu, pouca trilha de fundo pra nos colocar na cena, nos sentindo ali na situação, as vezes com cenas musicadas apenas com sons agudos e por vezes incômodos, com justamente essa intenção. Da pra ver que o diretor sabe o que esta fazendo. A fotografia é belíssima e parece que cada quadro foi pensado e planejado minuciosamente, assim como cada local e paisagem utilizada. Algumas locações em Brasília nos deixam de queixo caído, e toda a produção é realmente boa.   

Não se sabe se o filme trará reflexões tão pontadas e profundas para muitos ou se vai parecer um pouco raso em alguns momentos e por alguns lados também. Mas ele mostra o que quer mostrar. É como um quadro apenas. Que mostra algumas pessoas e como situações e escolhas as afeta e como no final nada muda. A cena final também tenta nos deixar um vazio incomodo à lá cinema europeu, mas não sei se de fato terá sucesso para muitos.

Vale destacar também alguns personagens e atuações como a de Cris (Cintia Rosa) que é a mais retratada como ser humano, com desejos carnais, dúvidas, e acima de tudo garra. E também é claro não poderia ser esquecida a grande atuação como sempre de Marco Ricca, que interpreta o assessor e braço direito do senador casca grossa.

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Drama
Direção: Murilo Salles
Roteiro: Fellipe Barbosa, Murilo Salles
Elenco: Cintia Rosa, Elisa Lucinda, Emiliano Queiroz, Fernanda Rocha, Hermila Guedes, Marco Ricca, Murilo Grossi, Narciza Leão, Pedro Brício, Sérgio Sartório, Tessy Callado
Produção: Julia Moraes, Murilo Salles
Fotografia: Janice d`Ávila
Montador: Karen Harley
Trilha Sonora: Sacha Amback
Duração: 105 min.
Ano: 2014
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 03/12/2015 (Brasil)
Distribuidora: Nossa Distribuidora
Estúdio: Cinema Brasil Digital
Classificação: 16 anos