Extra! Extra! Estreia nas telonas, no dia 07 de agosto, o novo filme de Jorge Furtado: O Mercado de Notícias. Quais os novos rumos do jornalismo? O que é ser jornalista? O que é notícia? Vai acabar o jornal de papel?  Essas e muitas questões sobre a profissão são discutidas no documentário com repórteres renomados como Geneton Moraes Neto, Luis Nassif, Cristiana Lôbo, Renata Lo Prete, Mino Carta entre outros.

Acha documentário algo sacal? Mais um motivo para você conferir esse então. É uma ótima oportunidade de você mudar de ideia. A mistura entre ficção e realidade é uma tendência forte nos dias atuais, seja na Tv, seja no cinema e até no jornalismo. Usar elementos da narrativa ficcional para deixar a notícia mais atraente é uma das discussões presentes no longa e a produção é coerente com essa prática, mas de uma forma que realmente agrega valor à obra cinematográfica.

Geneton Moraes Neto é um dos jornalistas entrevistados no documentário de Jorge Furtado Fotos: Divulgação

Geneton Moraes Neto é um dos jornalistas entrevistados no documentário de Jorge Furtado
Fotos: Divulgação

Como se dá essa mistura ficção-realidade em O Mercado de Notícias? Para contar a história do jornalismo, Jorge Furtado utiliza o teatro e vai fundo na fonte. A peça homônima escrita pelo dramaturgo inglês Ben Jonson, no século XVII, satiriza o nascimento e desenvolvimento do Jornalismo como atividade econômica, além de mostrar como a sociedade britânica lidava com isso. Essa dramaturgia é intercalada com os depoimentos dos jornalistas no documentário. Essa linha de edição dá um dinamismo essencial para que o filme se mantenha interessante do início ao fim. Até quem não é da área de Comunicação poderia assistir sem se entediar e quem estudou isso, por pelo menos 4 anos, também não… O filme praticamente resume e atualiza as aulas de ética que o estudante de Jornalismo tem durante a graduação. O clássico caso da Escola Base obviamente é relembrado (ainda bem que rapidamente porque não há novidade mais nisso há tempos e como a notícia é a protagonista do filme nem seria coerente). A bola da vez  é o suposto Picasso do INSS (bem mais recente) e os desdobramentos da falta de investigação jornalística no caso. A acomodação de certos jornalistas perante a situação é até ironizada no documentário.

Tenho que confessar uma coisa: Jorge Furtado, de forma criativa e eficaz, matou dois coelhos ao fazer esse filme. Com o apoio do Ministério da Cultura fez um excelente documentário e ainda promoveu a obra literária homônima, que foi traduzida pela primeira vez em português, por ele e pela professora Liziane Kugland. O filme O Mercado de Notícias dá voz aos jornalistas sobre suas opiniões em relação à profissão, à lógica de mercado, aos rumos e desafios, à ética e a crise que o setor atravessa devido às novas tecnologias, etc.  Poderia ter se aprofundado um pouco mais nas mídias sociais, mas creio que isso já daria um novo documentário…

BEM NA FITA: Discutir o Jornalismo sempre é uma boa ainda mais com profissionais reconhecidos e éticos. Misturar dramaturgia clássica inglesa e depoimentos reais de  jornalistas brasileiros de forma dinâmica não é para qualquer um… Grande sacada!

QUEIMOU O FILME: Nada. Só gostaria que tivesse apronfundado mais em mídias sociais, mas  isso já daria um novo documentário…

FICHA TÉCNICA:

Roteiro e Direção: Jorge Furtado
Produção Executiva: Nora Goulart
Montagem: Giba Assis Brasil
Direção de Fotografia: Alex Sernambi / Jacob Solitrenick
Direção de Arte: Fiapo Barth
Figurinos: Rosângela Cortinhas
Som Direto: Rafael Rodrigues
Música: Leo Henkin
Pesquisa: Bibiana Osório
Direção de Produção: Nicky Klöpsch
Assistente de Direção: Janaína Fischer
Coordenação de Finalização: Bel Merel
Estúdio de Som: Kiko Ferraz Studios
Animações: Rocket
Finalização: Cubo Filmes
Masterização DCP: Mistika
Site: Dobro Comunicação