Ao Seu Lado
Crítica do filme
O estúdio responsável por sucessos como Control, Bloodstained e Indivisible lançou mais um jogo que traz uma história bem escrita e desenvolvida. Journey To The Savage Planet contém altas doses de humor ácido, mas utilizado com perfeição, e muita exploração e crafting ao extremo. Tudo isso para que seja possível prosseguir na campanha. É a 505 Games nos surpreendendo mais uma vez.
Em Journey To The Savage Planet, controlamos um explorador intergaláctico recém promovido. Este, aparentemente, está falido, com dívidas pelos próximos 50 anos. E esse é o motivo de aceitar o trabalho.
A missão espacial em que a Kindred Aeroespacial nos envia é relativamente simples: explorar planetas inabitados ou selvagens, como o título sugere, com o objetivo de descobrir se eles servem para serem colonizados pela humanidade.
A Terra está entrando em colapso. Isso inclui escassez de recursos, alimentos, água e temperaturas que facilmente passam dos 60°C. Chuvas ácidas, tornados de fogo e até derretimento de pele por raios UV estão inclusos, segundo uma carta recebida da Terra.
Decerto, ao ser acordado por uma I.A sarcástica que nos acompanha no jogo, descobrimos que a nossa nave não fez um bom pouso. Acabou sofrendo diversas avarias que devem ser resolvidas.
As soluções precisam ser feitas com recursos existentes no planeta. Isso inclui descobrir algo que sirva como combustível, caso contrário o planeta AR-Y 26 será a nova casa do protagonista.
Subitamente, a missão sofre mudanças porque percebe-se que o planeta em que pousamos é – ou já foi – habitado por formas de vidas inteligentes. Elas deixaram várias construções pela superfície e recebemos ordens para descobrir tudo sobre esses seres, bem como passar as informações diretamente para o presidente da empresa contratante.
Journey To The Savage Planet não possui uma jogabilidade inovadora. Tem inspirações claras em outros jogos como No Man Sky e sua exploração de planetas desconhecidos. Bioshock é referência e a possibilidade de usar a arma com uma mão e poderes e itens arremessáveis com a outra; e até a ótima franquia Borderlands, já que também somos guiados por uma I.A. engraçadinha.
Juntando essas características, com um ótimo roteiro, humor na medida certa e uma curva de aprendizado bem simples, o game fisga o jogador pela simples curiosidade de saber o que pode acontecer conforme avançamos por essa missão que deu errado.
Durante o gameplay, é necessário coletar itens como alumínio, carbono, silício e uma liga metálica alienígena. Estes itens serão utilizados posteriormente em uma super impressora 3D presente na nave.
A saber, nela conseguimos criar armas, itens, equipamentos e melhorar a mochila e as roupas do explorador, destravando novas habilidades. Essas habilidades ajudam a acessar novas áreas sempre que são criadas, como o pulo duplo e o gancho. Revelando novos caminhos para explorar e novos animais e plantas para enfrentar e catalogar.
Ainda sobre a impressora 3D, existe uma outra ainda mais avançada, chamada câmara de biorreplicação. Ela cria uma cópia nova do explorador, incluindo suas memórias toda vez que a anterior morre. Quando isso acontece, é necessário ir até o local da morte recolher os itens perdidos que estavam no corpo anterior, sendo possível até enterrar esse corpo, com direito a uma lápide que mostra o número da cópia falecida.
O mundo do jogo é bem construído e variado, trazendo características de terreno únicas para cada localidade, assim como sua fauna e flora. Cada região possui tipos de plantas e animais que só podem ser encontrados em determinadas áreas, fazendo com que seja obrigatório explorar todos os mapas, de cima a baixo, caso queira completar a coleção de coisas para catalogar, o Kindex, que possui ainda informações sobre tecnologia alienígena, pontos de interesse, recursos, etc.
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Além disso, a fauna garante um ou outro desafio, tirando as batalhas contra chefões. O que pode tornar o confronto mais complicado é a dificuldade de descobrir de onde estão vindo os ataques.
Journey To The Savage Planet tem perspectiva em 1ª pessoa e os cenários costumam ser muito coloridos e vivos, o que atrapalha um pouco. Já um fator que pode facilitar é que existem vários animais que mudam apenas de cor de acordo com a região ou quantidade de vida a ser tirada.
Eles agem da mesma maneira que suas outras versões, como é o caso do Bafarinho, que é um pássaro pequeno com olhos gigantes, e que possui 5 ou mais tipos vivendo pelo mundo.
O sistema de missões é simples e traz descrições detalhadas de cada objetivo a ser cumprido, com a maioria sendo possível marcar no radar, facilitando sua localização.
Ele divide os objetivos em primário e secundário, com missões de história, exploração ou captação de recursos importantes; Experimentos Científicos, com objetivos e desafios que garantem experiência para desbloquear atualizações de habilidades; e Global, que reúne todos os tipos de colecionáveis do jogo, como comestíveis alienígenas e a quantidade de gosma laranja obtida, item que serve para aumentar as barras de vida e de resistência; metalúrgico, com quantas ligas de metal recuperamos, e por aí vai.
Os cenários do planeta selvagem são bonitos e cheios de vida, literalmente, com várias formas de plantas e animais a serem analisados para nossa coleção. O jogo faz uso de tons de cores bem vivas e diferentes para diferenciá-los por região.
Construções de cenários únicas como áreas congeladas, interior de vulcões ou campos abertos utilizam de um estilo que lembra os jogos de Banjo-Kazooie, do Nintendo 64, só que com muito menos carisma. Apesar de bonitos, os gráficos são relativamente simples e repetitivos, o que faz com que o título perca um pouco do seu brilho.
Uma característica interessante e pouco vista hoje em dia é o uso de cenas em live-action, com atores de verdade nas animações de propagandas ou em diálogos unilaterais por meio da empresa para o envio de informações sobre novas missões. Esse recurso pode ter sido usado para reduzir custos ou tempo de produção (ou os dois), mas deram um charme a mais para o título.
A trilha sonora é ouvida em alguns momentos e também durante algumas batalhas, mas são músicas genéricas que não acrescentam em nada ao gameplay.
Tirando as vozes presentes nos vídeos que assistimos na nave, a única voz que ouvimos pela maior parte do tempo é a de EKO, a I.A. da nave que nos acompanha o tempo todo. Com uma personalidade sarcástica e cheia de piadas, ela tem uma boa dublagem em inglês, que foi localizada para o nosso idioma, através de legendas muito bem traduzidas e adaptadas, assim como todo o restante do jogo.
Em resumo, Journey To The Savage Planet focou demais em exploração e coleta de itens para dar volume ao jogo e deixou de lado a parte “selvagem” do título. Além disso, os combates, de verdade, que poderíamos ter aqui também foram deixados de lado. Ademais, a situação fica ainda mais complicada com a completa escassez de armas durante a campanha.
Ponto forte para a ótima trama cheia de momentos engraçados que prendem o jogador e geram aquela vontade de continuar explorando o planeta a fim de ver o que acontece no final da missão.