As décadas de 60-70-80, diacronicamente, viveram  um dos piores regimes políticos do país, a ditadura militar, e também uma época de produção cultural em massa, especialmente a explosão do cenário musical, com os movimentos da Jovem Guarda, Tropicalismo e a Música Popular Brasileira. E dentro destes núcleos, passariam horas para eu citar os principais nomes, que tiveram sua relevância para o movimento.

Mas como o próprio documentário “Eu Sou Carlos Imperial” conta em uma entrevista com o próprio personagem a ser documentado, porque não se falava de Carlos Imperial? Quais o motivos que deixaram de fora do senso popular o produtor musical, diretor de cinema, jornalista e burguês?

O documentário coproduzido pelo Canal Brasil espelha dois pontos, a narração da trajetória profissional de Carlos Eduardo da Corte Imperial, que lançou personagens importantes da nossa música e meio artístico como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal, Paulo Silvino e muitos outros, produziu e dirigiu alguns filmes pornochanchadas, além de ter apresentado programas de auditório e ter criado amizades dentro do meio televisivo.

O outro elemento narrativo que foi detalhado no documentário foi a personalidade de Carlos Imperial, o que sempre percorre perigo por soa tendenciosa ou sensacionalista, com cunho investigativo e problemático. A vida de Imperial fora toda polêmica. Mulherengo e machista – que era um pensamento comum pra época -, tinha uma vida de extremas luxúrias e realezas, se apropriava de direitos musicais. Tanto que se auto intitulava, o rei da picaretagem.

Há alguns momentos no documentário, através de entrevistas com amigos de época, familiares e artistas, que tentam suavizar, mostrando uma conduta altruísta e prestativa de Carlos Imperial. No entanto, não fica bem abordado e retrata-se como uma passada de mão na cabeça, perdoando pelos atos. Não condeno a persona do documentado mas sim, como é mostrada.

“Eu Sou Carlos Imperial” humoriza e passeia pelas praias cariocas onde Carlos passava e arrastava as multidões de mulheres com ele, inclusive quando fora eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro. Assim como a própria persona, o documentário retrata com panos quentes as irritabilidades provocadas.

Confira o trailer:

Ficha Técnica:
Título: Eu Sou Carlos Imperial
Gênero: Documentário
Direção: Renato Terra, Ricardo Calil
Roteiro: Renato Terra, Ricardo Calil
Duração: 90 Minutos
Produção: Afinal Filmes
Classificação: 16 anos