Ao Seu Lado
Crítica do filme
Sea of Stars foi desenvolvido e distribuído pela Sabotage, estúdio responsável pelo elogiadíssimo The Messenger, de 2018. O jogo resgatou com perfeição a jogabilidade de títulos clássicos do saudoso Nintendinho, como Ninja Gaiden e Batman. Além disso, o título contava com uma criativa e orgânica transição entre os estilos gráficos de 8 e 16 bits durante a exploração das fases. Os jogos fazem parte do mesmo universo, mas com uma distância de séculos entre os acontecimentos. No entanto, jogar o primeiro título do estúdio não é obrigatório, a menos que o jogador queira pegar as referências presentes na nova aventura.
O estúdio mostrou que segue mandando bem criando jogos com visual em Pixel Art, e em sua segunda investida nos presenteia com um RPG clássico com combate por turnos e livremente baseado em sucessos como Chrono Trigger. Contando com o incremento de tecnologias e mecânicas atuais para proporcionar a todos um produto ausente de defeitos e com desempenho ímpar.
Logo de início acompanhamos uma aventura dos protagonistas Zale, e Valere, com seu melhor amigo, Garl. Algo sai muito errado quando eles resolvem explorar uma área proibida e acabam sendo salvos por Moraine, o diretor da Academia Zênite de Magia. Devido às suas origens e os acontecimentos recentes, a dupla se vê obrigada a partir com o diretor para a escola a fim de entender mais da sua história. Além disso, eles precisam treinar para fortalecer suas habilidades mágicas.
Em meio aos treinamentos de Valere, e Zale, na Academia de Berçolunar, a dupla descobre ser os atuais Filhos do Solstício. Dessa maneira, ambos devem controlar a Magia do Eclipse, aprendendo a dominar os poderes da Lua e do Sol, respectivamente, para que possam trilhar o caminho dos Guerreiros do Solstício. Assim, cumprindo o objetivo de derrotar The Flashmancer, o alquimista do mal e suas criações abomináveis que assolam o mundo.
Após 10 anos de treinamento – e sem ver Garl, os dois se formam na Academia Zênite, e ficam conhecidos como Zale, o Espadachim Solar, e Valere, a Monja Lunar. Ao partirem em sua jornada não conseguem se despedir do amigo, entretanto, o clima de nostalgia dura pouco tempo, já que Garl os alcança e os convence a deixá-lo acompanhar seus passos como o combatente defensivo Guerreiro Cozinheiro.
Por terem poucas conexões na cidade onde moravam, os protagonistas interagem muito mais com os companheiros de aventura que conhecem durante sua jornada. Eles conhecem Serai, a Assassina dos Portais e outro dois personagens jogáveis, somando seis integrantes ao time. No entanto, temos controle de três deles simultaneamente.
Todos evoluem bem durante a campanha, ganhando níveis mais aprofundados de desenvolvimento em seus arcos – conforme progredimos na história. Ainda assim, nem todos garantem grandes histórias como o bondoso Garl, mas são bem desenvolvidos.
Todos os cenários são construídos em uma riqueza visual excelente, além possuir um capricho difícil de se encontrar em jogos do estilo. O design das fases é muito bem feito, desde baús escondidos e salas secretas com puzzles criativos de resolver. Até a verticalidade dos cenários traz uma experiência diferenciada para o jogador em níveis de exploração.
Utilizar caminhos e atalhos interconectados pode parecer confuso à primeira vista, mas o design e construção dos cenários revelam toda a criatividade da equipe de desenvolvedores, ao criarem caminhos e detalhes na ambientação que aumentam a imersão ao jogo.
Aqui, não existem combates aleatórios durante as andanças do time pelos mapas. Todos os inimigos que enfrentamos, ou nos esquivamos, são visíveis durante a exploração e os combates ocorrem no mesmo local. Tudo isso sem tela de loading – ou teleportes para arenas exclusivas, aumentando a dinâmica das batalhas.
Cada personagem possui atributos e habilidades únicas que fazem toda a diferença no campo de batalha. Por exemplo, Zale gera dano cortante com sua espada ou queima seus inimigos com a Magia do Sol, já Valere desfere ataques contundentes com seu cajado e utiliza ataques com a Magia da Lua para ferir seus inimigos à distância.
O sistema de batalha recebeu um incremento de mecânicas que deixam os combates muito mais dinâmicos do que os outros jogos do estilo. Aqui é possível ser menos passivo durante as lutas, ou seja, além de escolher um tipo de ataque ou habilidade para causar danos nos inimigos ainda é possível ter algum nível de interação com os protagonistas, como apertar o botão de ação no momento certo pode gerar o segundo golpe, causando um dano maior nos inimigos.
É possível realizar ações parecidas durante o uso das habilidades ao apertar o botão e realizar um disparo solar carregado com o Zale. E, até mesmo, atirar o lumerangue de Valere, e rebatê-lo em todos os inimigos presentes.
Apertar o botão para se defender nos momentos corretos tem utilidade e faz com que os personagens percam menos vida ao ser atingidos. Isso pode economizar diversos itens de cura. Infelizmente, acertar esta ação durante a defesa é bem mais difícil do que parece, já que cada inimigo possui um timing diferente para seus movimentos únicos, o que acaba demandando muito treino durante a campanha.
Outros dois pontos importantes sobre os combates são o reforço e o combo. O primeiro consiste em recolher fragmentos mágicos resultantes de ataques para reforçar golpes e/ou habilidades causando mais dano, recarregando mais vida. Já o segundo consiste em carregar uma barra durante as batalhas para acionar sequências de golpes combinados, ou ativar habilidades, com mais de um personagem ao mesmo tempo, funcionando como se fossem os ataques especiais do time.
Ao finalizar com vitória numa batalha, pontos de experiência são liberados para o time. Caso o montante necessário para passar de nível seja atingido, a equipe ganha pontos para melhorar seus atributos e aumentar a barra de mana, os pontos de vida, melhorar ataque físico, mágico ou as defesas.
Alguns minigames estão disponíveis para quem quiser desviar um pouco da campanha e da exploração dos cenários. Dessa maneira, os principais são a pescaria, onde é possível relaxar na beira de um lago e tentar fisgar diversos peixes e animais marinhos para soltá-los ou guardar para Garl cozinhar diversos pratos deliciosos. Já o segundo, e mais empolgante, é participar de partidas do jogo de tabuleiro Rodas, em que o objetivo é desferir o máximo de ataques no rival por meio de peças de classes diferentes em um tipo de roleta. Muito criativo e viciante, existem até mesmo campeonatos para disputar em locais determinados.
Sea of Stars foi desenvolvido com uma Pixel Art muito detalhada que remete a títulos de RPG da era do Super Nintendo e dos primórdios do PSOne. A qualidade vista em tela com seus gráficos, animações e efeitos de iluminação é tamanha que este tende a ser o jogo mais bonito que usa este estilo visual já lançado até hoje.
Toda a parte sonora contém muito capricho por parte do estúdio. Seja com os efeitos sonoros de qualidade ou com as músicas incríveis do compositor convidado, Yasunori Mitsuda. Ademais, ele é ninguém mais, ninguém menos, que o compositor de títulos clássicos como Xenogears e Chrono Trigger.
O jogo conta com uma localização muito bem feita para o nosso idioma. Assim, mantendo a qualidade alta dos diálogos e um bom humor aproveitados em The Messenger.
Sea of Stars entregou tudo o que prometia muito mais para os seus ansiosos fãs. Sistemas de combate criativos. História e mitologia incríveis. Gameplay divertido do início ao fim. Visuais lindos em Pixel Art. Tudo isto faz de Sea of Stars ser considerado um dos melhores RPGs de turnos. Vale a pena conferir, pois com certeza irá agradar aos fãs do estilo que jogavam no Super Nintendo e novatos das gerações atuais consoles.
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