As vezes uma história baseada numa lenda é necessária ser contada para que as pessoas acreditem no que pode haver entre a vida e a morte. The Frankenstein Chronicles tenta de certa forma ao mesmo tempo narrar tamanha conto, como também expor da forma mais carnal as pessoas que não se importam com o sofrimento do ser humano.

Não importa o quão famosa Mary Shelley tornou-se famosa pelo seu ‘romance’ – “Frankenstein ou o Moderno Prometeu” – mais conhecido simplesmente por Frankenstein, terror gótico com inspirações do movimento romântico. A história por trás das origens de Frankenstein tem elementos de novela mexicana. Há traição, luxúria, morte e dor, muita dor.

This image is embargoed until 00.01 Tuesday 3rd November 2015 From Rainmark Films The Frankenstein Chronicles: Ep1 on ITV Encore Pictured: Inspector John Marlott [Sean Bean] and Sir Robert Peel [Tom Ward]. In the drama’s opening sequences, the Home Secretary Sir Robert Peel, following a successful operation by Thames River Police to apprehend a gang of opium smugglers, recruits Marlott. As he stands on the water’s edge contemplating the arrest of the smugglers, Marlott makes a shocking discovery. The body of a dead child is washed up on the shore and on further examination of the corpse he is horrified to discover it’s not actually a child but rather a crude assembly of body parts arranged in a grotesque parody of a human form. The mutilated child-like body leaves an indelible impression on Marlott and he finds himself unable to shake off the memory of what has happened that fateful night. This photograph is (C) Rainmark Films and can only be reproduced for editorial purposes directly in connection with the programme or event mentioned above, or ITV plc. Once made available by ITV plc Picture Desk, this photograph can be reproduced once only up until the transmission [TX] date and no reproduction fee will be charged. Any subsequent usage may incur a fee. This photograph must not be manipulated [excluding basic cropping] in a manner which alters the visual appearance of the person photographed deemed detrimental or inappropriate by ITV plc Picture Desk. This photograph must not be syndicated to any other company, publication or website, or permanently archived, without the express written permission of ITV Plc Picture Desk. Full Terms and conditions are available on the website www.itvpictures.com For further information please contact: james.hilder@itv.com / 0207 157 3052

Nunca houve uma linha tênue quando o assunto aborda o famoso doutor Frankenstein, com sua criatura feita de pedaços de cadáveres. Até hoje não se sabe o que é mito, lenda, verdade ou poesia gótica. The Frankenstein Chronicles deturpa um bocado a visão de Mary Shelley, mas com uma divindade impar, consegue levar ao telespectador algo de boa qualidade. Partindo desde ponto de vista, se cultivarmos a sementinha do passado, podemos chegar à conclusão de que a proposta de Lord Byron não foi muito longe.

John Polidori começou a escrever o caso de uma mulher que espia por um buraco de fechadura e tem a cabeça transformada em caveira. Percy Shelley redigiu o hoje pouco conhecido Fragmento de uma História de Fantasma. Byron elaborou o fragmento da história de um nobre imortal, Augustus Darvell, que se alimentava do sangue de suas vítimas. Mas, para Mary (Esposa de Percy), a tarefa chegou perto da obsessão. A ponto de, dois anos depois, a escritora ter aproveitado um sonho macabro que teve em Villa Diodati para publicar o romance que daria origem ao gênero do cientista louco na cultura popular. THE_FRANKENSTEIN_CHRONICLES_EP4_33_FULL

A adaptação da Itv Encore é um bocado absoluta no quesito autenticidade, o que gera uma breve faísca de contradição sem fugir da lógica. Em 1824 (Ano este em que se passa a série televisiva), lúdicamente seis anos depois da publicação da primeira edição de Frankenstein, e quando começavam a surgir as primeiras adaptações teatrais, críticos creditavam a autoria do livro a seu marido (Percy).

A série, estagnada em um conto investigativo, com tons que lembram o senhor Sherlock Holmes, demonstra o quanto o ator Sean Bean veio a calhar no papel de John Marlott, policial investigativo este, em buscas de respostas sobre crianças estarem sendo mutiladas. Há aquele bendito tom que adentra à noite escura, similarmente a ”Sherlock Holmes” – sim, uma vez que a série se passa em uma Londres em ‘breve’ ascensão.

O Drama drama criminal foi apresentado em seis partes e apresentoy uma novo visão sobre o clássico da escritora Mary Shelley. Sim, este o apresenta. A parte mais profunda no holocausto contido dentro do coração de cada homem, é quando, John Marlott recita um poema de William Blake: “Sleeping Lyca Lay, while the beast of prey, Come from caverns deep, view’d the maid asleep”.

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Não somente Blake é introduzido na trama, mas gravuras do “homem vitruviano” de Leonardo Da Vinci também são aprofundadas ao telespectador. Ainda buscando uma conexão entre a gravura do pintor e os poemas de Blake, a série tenta conectar também a figura de Mary, que tem seu papel fundamental no desenrolar do conto.

Por fim, a série é muito bem produzida, desde o cenário, figurino à interpretação dos atores. A direção de Benjamin Ross e a fotografia de Ian Moss também são excelentes. Não fica atrás a tocante e ao mesmo tempo, ainda que soe contraditório – a lúgubre trilha sonora de Harry Escott e Roger Goula Sarda, também se faz intensamente bem executada. Foi sim, uma grata surpresa verificar que os ingleses da (ITV) podem produzir algo não muito amarrado, pois o desenrolar da trama foi no ritmo certo.