É muito difícil hoje em dia tentar convencer as pessoas de que jogos indies possuem seu valor. O ano de 2016, tanto quanto  de 2017, foi repleto de grandes lançamentos neste setor e, por mais que você vire a cara, precisa entender o potencial que esses títulos possuem. Utilizando de poucos exemplos, sendo Cuphead no Xbox One e Sundered no Playstation 4, estes são apenas alguns dos nomes que você deve ter ouvido nos últimos meses quando o assunto se trata de jogos independentes e, se não ouviu, deveria focar sua atenção para ambos os títulos.

Agora, diante de nossos olhos, temos um joguinho altamente carismático, lindamente desenvolvido e encantadoramente envolvente chamado The Swords of Ditto. O título, que apresenta um formato de jogatina inocente e descontraída, vai certamente cativar a todos, isso porque ele bebe da mesma fonte de games roguelike como Diablo e Dragon Fin Soup. É uma verdade que o gênero não agrada a muitas pessoas, no entanto, a identidade mágica do jogo vai variar de acordo com os mapas que são encontrados durante a experiência. Alguns objetos recém oferecem apenas uma descrição vaga, como é o caso da pistola ‘pow-pow’, mostrando como em alguns casos o inglês usado para descrever tal ferramenta vai confundir mais do que explicar. Isso até chega a ser um ponto positivo. Ao confundir, você vai tentar usar a arma e entender que ela não causa nenhum tipo de dano, apenas irá ‘estunar’ o monstro à sua frente por breves segundos.

The Swords of Ditto cria uma aventura diferente para cada novo herói lendário na interminável luta contra a maligna Mormo. No início, somos apresentados a uma menininha carismática e que luta contra essa vilã. Após sucumbirmos diante do poder avassalador de Mormo, em um belo dia, um robozinho camarada acorda e acaba ganhando os poderes da espada de Ditto. Ao tocarmos nessa espada, ganhamos algumas habilidades, e esse detalhe até lembra Adora levantando a espada e dizendo: “pela Honra de Greyskull!”, e então aparece She-ra, a princesa do poder. Confesso que, no momento em que a primeira personagem na trama ergue a espada, de imediato veio isso em minha mente fértil! Aliás, há uma característica interessante que pudemos notar quando morremos na primeira vez. Quando um personagem morre durante a progressão, outro personagem levanta da cama e nos força a ir no cemitério buscar a espada e os itens para seguir em frente. Notamos também que, toda vez que o personagem supostamente ‘falece’, o mapa e suas dependências são modificados, sendo que as áreas – mesmo que algumas se mantenham – são dispostas de forma diferente no mapa.

Aqui podemos fazer de quase tudo e as missões podem ser deixadas de lado para que possamos, ao nosso bel prazer, explorar um mundo encantador. Porém, preciso mencionar que este mundo do qual dispomos é altamente perigoso, que nos força sempre a enfrentar dungeons ameaçadoras e aí vem a parte da qual temos que aprimorar nosso herói em uma encantadora cidadezinha ao longo de sua missão para derrotar o mal que assola a ilha.

Como todo e bom roguelike, à medida que avançamos em nossa exploração, nosso personagem altamente cativante ganha experiência, aumentando de nível e enfrentando ameaças mais perigosas, enquanto vai mais a fundo nas masmorras. The Swords of Ditto tem o conceito da zoeira inocente, justamente porque algumas armas que o jogo possuem sequer tem tanta serventia, nos forçando a reiniciar a exploração com uma nova arma que podemos adquirir em algumas partes do jogo. Temos uma espécie de apito que nos concede o ‘poder’ de viajar numa espécie de máquina do tempo (ônibus) bem ao estilo De Volta Para o Futuro. Aparentemente é uma referência ao filme clássico de nossa juventude.

Com um ar nostálgico e que lembra muito as jogatinas de Diablo, do ponto de vista isométrico, o título é bem feito. Cores belas, temas inocentes que remetem a um gameplay infantil, mas que insere um balanceamento interessante gerando um certo trabalho para terminarmos certas missões que podem ser adquiridas ao conversarmos com pessoas na cidade. A maioria delas são crianças e jovens. Raramente vê-se adultos perambulando e logo imaginamos-nos no mundo de Peter Pan, onde não podemos envelhecer. O jogo tem combate tradicional no estilo ‘beat ‘em all’, e em sua maioria, os mapas são repletos de calabouços e inimigos interessantes. Alguns são desengonçados, fazendo com que o título ganhe o charme devido e o carisma necessário.

Quem vê The Swords of Ditto, sabe que estamos lidando com um título desenhado à mão, trazendo à tona as lembranças mais graciosas de jogos com arte conceitual nesse molde, tais como Wonder Boy and The Dragons Trap, Sundered, Cuphead, entre outros.

O áudio do jogo está bem gostosinho e muito convidativo. Um detalhe importantíssimo é que, como de costume, o Brasil tem ganho força no mundo dos games. Claro que, em sua maioria, os títulos AAA chegam em nossa terrinha totalmente dublados / legendados, enquanto alguns indies ainda persistem em insistir com apenas o inglês. Este não é o caso de Swords of Ditto, que chega ao Brasil totalmente traduzido em português.

O VEREDITO

The Swords of Ditto é uma encantadora e envolvente aventura que mostrará ao jogador novos ares do gênero roguelike e, certamente, cativará todos aqueles que embarcarem nessa jornada cheia de detalhes, rica em beleza com um visual totalmente desenhado à mão, com trilha sonora envolvente e tudo que tem direito.