Morro da Ópera, o terceiro espetáculo original da cia carioca Troupp Pas D’argent, com texto e direção de Marcela Rodrigues, está em cartaz, desde quinta-feira passada (03/07), no Espaço Sesc de Copacabana.

O espetáculo utiliza, em vários âmbitos, o cinema como fonte de inspiração, a começar pelo texto em múltiplas narrativas, ou seja, histórias de vida que se entrelaçam e se conectam como uma teia. A trama, que se passa no fictício Morro da Ópera, inicialmente brinca com o passado e o presente das personagens e vai costurando, com elementos surpresa, as relações e os sentimentos entre eles. A montagem mostra o cotidiano do morro e as relações cômicas e conturbadas de seus habitantes, que após uma devastadora enchente, fica em escombros, o que obriga os moradores a começar suas vidas do zero.

Nesse emaranhado de relações o espectador vai vivenciar as histórias de Poetinha (Orlando Caldeira), um órfão que chega no morro ainda criança e acaba sendo adotado por Seu Nonato (Natalíe Rodrigues), o dono do bar; Ana (Natalíe Rodrigues), uma mulher casada que sofre agressões constantes de seu violento marido; Dona Iaiá (Marcela Rodrigues), a fofoqueira do morro, que sofre em segredo por ter expulsado de casa ainda muito jovem o seu filho Antônio (Carolina Garcês), que pouco tempo depois se torna a transexual Maria; Angela (Lilian Meireles), uma boa esposa que vive de trambiques, e seu marido Siqueira (Orlando Caldeira), que de dia é o capacho e a sombra da esposa, mas à noite sai à procura de Maria, a transexual da região.

Foto: Sandro Arieta / Divulgação

Foto: Sandro Arieta / Divulgação

O cenário de Marcela Rodrigues é composto por um pano de fundo que representa um panorama distorcido da favela fictícia. Nele, há uma rede onde estão presos vários utensílios e objetos, como televisão, lavadora, sofá, colchão de mola, etc, que simbolizam as casinhas do morro e a perda dos objetos nos escombros após a tragédia.

Outra destaque em cena é a Rádio Ópera, famosa rádio pirata da comunidade que deu origem ao nome do morro. Há momentos em que haverá, além de músicas, a transmissão de notícias sobre a tragédia da enchente. A compositora da trilha sonora original, Isadora Medella brinca com a mistura de timbres orquestrais fortes e sons contemporâneos, dando um ar atemporal e ao mesmo tempo enfatizando o lado cinematográfico da trilha. Há um momento em que a trilha representa uma parte mais documental da história, onde os atores “dançam” a dor de depoimentos verdadeiros de vítimas da enchente.

Foto: Sandro Arieta / Divulgação

Foto: Sandro Arieta / Divulgação

“No primeiro espetáculo da Troupp, “Cidade das Donzelas”, mergulhamos no desafio de aprender a cantar e tocar instrumentos ao vivo. Já no segundo espetáculo Holoclownsto, tivemos que intercambiar e fazer vivências com palhaços nacionais e internacionais para dar vida aos nossos clowns. Nesse terceiro espetáculo, “Morro da Ópera”, nosso maior desafio foi a dança, pois pelo fato de não sermos bailarinos, foi preciso trabalhar o corpo no estado mais puro da dança, para que só depois pudéssemos subverter a dança para movimentos mais contemporâneos, explica Marcela Rodrigues.

‘Diversas questões sociais são abordadas nas teias dessas histórias. O Morro da Ópera é um microcosmo da sociedade e embala dentro dela as convenções da família feliz que na verdade vive uma ilusão ou de aparências. De como o homem se apega as coisas pequenas e materiais e que após grandes tragédias dá mais valor as relações humanas, finaliza a diretora.

SERVIÇO:

Morro da Ópera

Temporada: 3 a 27 de julho
Quando: Quinta a sábado, às 21h; Domingo, às 20h
Onde: Espaço Sesc de Copacabana (Rua Domingo Ferreira, 160/ Copacabana)
Quanto: R$20 (inteira), R$10 (meia) e R$ 5 (associados do Sesc) – Bilheteria: de terça a domingo, das 15h às 21h
Capacidade: 280 pessoas
Gênero: Drama
Classificação: 16 anos
Mais informações: (21) 2547-0156

FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia e Direção: Marcela Rodrigues
Elenco: Carolina Garcês, Lilian Meireles, Marcela Rodrigues, Natalíe Rodrigues e Orlando Caldeira
Figurino: Lilian Meireles e Orlando Caldeira
Cenário: Marcela Rodrigues
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Trilha Sonora e Direção Musical: Isadora Medella
Confecção de Miniaturas: Lilian Meireles
Colaboração e Confecção de Figurino: Ateliê Fátima e Leo
Produção: Drayson Menezzes
Operador de Luz: Zoatha David
Operador de Som: Jorge Florêncio
Programação Visual: ImpriRio
Fotos: Sandro Arieta
Direção de Produção: Troupp Pas D’argent
Assessoria de Imprensa: Lyvia Rodrigues (aquelaquedivulga.com.br)